A Fórmula E não é sobre obter potência máxima, e sim sobre como usar essa potência para vencer. É uma nova maneira de competir. Essa é a análise de Michael Carcamo, diretor da equipe Nissan, uma das montadoras que participam da quinta temporada da categoria tutelada pela Federação Nacional de Automobilismo (FIA) e dedicada exclusivamente a monopostos elétricos.
Além da japonesa, estão na Fórmula E a Audi, a BMW, a Jaguar, a Mahindra e a DS (do Grupo PSA). Na próxima temporada, devem entrar a Porsche e a Mercedes-Benz.
“As montadoras já sabem tudo sobre o motor a combustão. Não há mais o que fazer”, diz Lucas Di Grassi, piloto da equipe Audi e na disputa da Fórmula E desde a estreia da categoria (ele foi campeão na segunda temporada). “Elas estão aqui para entender melhor como funciona a tecnologia elétrica”, afirma.
A maioria das montadoras está investindo no futuro eletrificado, pois muitos países vão proibir o carro a combustão a partir das próximas décadas. A Nissan, fabricante do carro elétrico mais vendido do mundo, o Leaf (que estreia no Brasil no segundo semestre), pretende usar a Fórmula E para divulgar esse sistema, mas também para a transferência de tecnologias – das ruas para as pistas, e vice-versa.
“Alguns módulos da bateria da Fórmula E vêm do motor de veículos de produção”, diz Carcamo. “Já no caso do motor, é mais das pistas para os carros de rua”, afirma Di Grassi. Felipe Massa, que estreou este ano na Fórmula E, pela equipe Venturi, diz que os pneus também são iguais os de carros de rua. Eles têm 18 polegadas.
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Diferencial
O carro de Fórmula E é igual para todas as equipes no chassi e na bateria. O que diferencia as equipes é a parte de trás – que inclui o motor e a suspensão traseira.
“Dá para tirar no máximo 250 kw da bateria. Já a conversão da energia é o diferencial de cada equipe”, diz Di Grassi. “Vai se dar melhor quem souber fazer melhor essa conversão.”
“Para isso, são importantes itens como o inversor, que converte a corrente direta para a alternada”, explica o piloto. Essa maneira mais eficiente de se converter energia será usada no futuro em carros elétricos de rua.
Outros itens que, segundo o piloto, estão sendo desenvolvidos nos modelos eletrificados da pista são os controles de tração, largada e frenagem eletrônico, que são totalmente diferentes dos usados em veículos a combustão interna.
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Motor
O motor do carro de Fórmula E pesa, no geral, apenas 20 quilos. Isso porque, segundo Carcamo, peso e eficiência são os itens mais importantes na competição. “Eles usam ‘supermateriais’ leves”, diz Di Grassi. “Essa tecnologia ainda é muito cara para os carros feitos em série, mas apenas por enquanto”, complementa Carcamo.
A maneira de dirigir, na corrida, tem de levar em consideração não só a aceleração máxima, e sim a aceleração máxima de acordo com uma quantidade fixa de energia. “O computador nos dá essa informação”, explica Di Grassi.
A autonomia do carro é de 100 km em corrida, mas, na opinião do piloto da Audi, pode chegar a até 500 km em um veículo de rua, que não exige o mesmo tipo de condução de um carro de competição.
A recarga total é feita em uma hora. “No ano passado, eram pelo menos três.” A velocidade máxima em reta é de 240 km/h.
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O campeonato de Fórmula E
Até o ano passado, a categoria tinha de utilizar dois carros por corrida, por causa da autonomia limitada do motor. O uso de apenas um monoposto foi a maior evolução da última temporada para esta.
O campeonato começou em dezembro, na Arábia Saudita. A segunda etapa foi em Marrakesh, no Marrocos. A de Santiago, que teve como vencedor o britânico Sam Bird, da Virgin, foi a terceira, e a próxima será disputada em 16 de fevereiro, na Cidade do México.
De lá, a categoria vai para a Ásia. Depois, para a Europa. O encerramento será com uma etapa dupla em Nova York, em julho. Ao todo, a Fórmula E tem 11 corridas, todas realizadas em circuito de rua ou em parques, como ocorreu em Santiago.
O Brasil já teve duas vezes etapas anunciadas pela própria organização. A temporada de estreia teria uma corrida no Rio de Janeiro, que foi cancelada. A deste ano deveria passar por São Paulo, mas a prova acabou sendo transferida para o Chile.
A organização da Fórmula E, porém, ainda trabalha por uma etapa no Brasil nas próximas temporadas. A preferência é realizar corrida em São Paulo, mas também há negociação com Belo Horizonte.
Pilotos
A maioria dos pilotos que está na Fórmula E já competiu na Fórmula 1, ou foi piloto de testes da categoria. É o caso de Felipe Massa, Lucas Di Grassi e do terceiro brasileiro da competição, Nelsinho Piquet.
O líder do campeonato, Sam Bird, foi piloto de testes da Mercedes. Já o segundo colocado, Jérôme D’Ambrosio, correu pela antiga equipe Marussia de F1 em 2011.
Outros nomes conhecidos, que já passaram pela principal categoria do automobilismo, são Jean-Eric Vergne (Toro Rosso de 2012 a 2014), Pascal Wehrlein (Manor e Sauber), Sebastien Buemi (Toro Rosso, de 2009 a 2011) e Stoffel Vandoorne (companheiro de Fernando Alonso na McLaren até a temporada passada).
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