Primeira Classe

As paixões de George Harrison e Eric Clapton: automóveis e ‘Layla’

Britânicos, George e Eric eram também grandes amigos. Tão amigos que compartilhavam duas paixões

Rafaela Borges

27 de out, 2015 · 12 minutos de leitura.

As paixões de George Harrison e Eric Clapton: automóveis e 'Layla'
Crédito: Britânicos, George e Eric eram também grandes amigos. Tão amigos que compartilhavam duas paixões

Entre eles, Pattie Boyd, a ‘Layla’ (Fotos: Reprodução)

Duas personalidades de qualidades incontestáveis no mundo da música, Eric Clapton e George Harrison têm muito em comum. Estão entre os maiores guitarristas do mundo, além de terem composto músicas que constam qualquer lista das dez mais icônicas da história.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

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Britânicos, George e Eric eram também grandes amigos. Tão amigos que compartilharam duas paixões: o mundo do automóvel e Layla. Layla, a canção de Eric? Sim!

Layla, na verdade, foi o nome que Eric deu a Pattie Boyd em uma das canções mais poderosas da história do rock and roll. Pattie era uma  modelo britânica e,  por ela, Eric se apaixonou naquela época.

Um dos carros que pertenceu a George foi um Aston Martin DB5 1965, igual ao do filme de James Bond

Ocorre que, também na época em que Clapton compôs “Layla”, Pattie era a esposa de seu grande amigo George. E  a musa inspiradora de outra canção icônica, envolvente e poderosa: “Something”, composição de Harrison para o álbum Abbey Road (1969), dos Beatles.


Imagine ser o objeto de adoração de dois dos maiores nomes do rock and roll. E, ainda por cima, a inspiração para duas canções tão belas? Sem Pattie, não existiriam “Layla” e “Something”.

Mas a paixão por Layla fica para depois. Primeiro, vamos à paixão pelo mundo dos carros. Bons britânicos, apreciadores de carros e alta velocidade, Eric e George também estão entre os dois maiores entusiastas dos automóveis da história de música.

Eric é um apaixonado colecionador de modelos da Ferrari. Sua máquina preferida é a 512 BB, da qual ele chegou a possuir três exemplares ao mesmo tempo.


Não é à toa que a Ferrari, ao decidir homenageá-lo, em 2011, buscou inspiração no estilo da 512 BB. Naquela data, foi criada uma Ferrari exclusivamente para Eric, batizada de SP12 EC (iniciais de Eric Clapton).

SP12 EC, exclusividade da Ferrari para Eric Clapton (Foto: Ferrari/Divulgação)

A base e o motor são da 458 Italia. O estilo, porém, busca se aproximar da Ferrari preferida de Eric Clapton.  O exemplar, único, foi feito para o guitarrista.

Em sua autobiografia, Eric conta que foi George Harrison quem despertou nele a paixão por carros, no fim da década de 1960. O guitarrista não tinha nem mesmo carteira de motorista no dia em que o ex-Beatle chegou à sua casa ao volante de uma Ferrari.


Aí, nasceu o entusiasmo de Eric, que também passou a frequentar os paddocks da Fórmula 1. Nos boxes de qual equipe? Ferrari, é claro.

George também era figurinha carimbada no mundo da Fórmula 1. Amigo íntimo de Emerson Fittipaldi, cuja casa no Guarujá, litoral de São Paulo, chegou a frequentar.


Quando Emerson sofreu um grave acidente na Fórmula Indy, em 1996, George gravou para ele uma homenagem, improvisando uma letra alternativa para “Here Comes the Sun”.

Já  “Faster”, de 1979, foi sua homenagem ao automobilismo. A tradução para o nome da música é “mais rápido”. Seu vídeo oficial, inclusive, é cheio de imagens de corridas de Fórmula 1 – inclusive no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.


Harrison era mais eclético do que Clapton no quesito carros. Sua Ferrari que despertou a paixão de Eric era uma 365 GTC 1969. Ele também foi o feliz proprietário de um Aston Martin DB5 1965, exemplar igual ao imortalizado nas telonas por James Bond.

LAYLA

Apesar das grandes histórias de amor com homens muito admirados, verdadeiros gênios da música, além das grandes composições dedicadas a ela, Pattie Boy teve uma vida cheia de momentos de crise.


Se George levou Eric adorar Ferraris, não é errado dizer que foi também o guitarrista dos Beatles o responsável pela paixão de Clapton por Pattie. A convivência entre eles nasceu por causa dos laços de amizade dos dois músicos.

Pattie contou os detalhes dessa história em uma autobiografia de 2007. “Layla”, composta por Clapton na época em que ele fazia parte da banda Derek and the Dominos, foi mostrada a Pattie, por ele próprio, alguns meses antes de seu lançamento – que ocorreu em dezembro de 1970.


Sobre a primeira vez em que escutou a música, Pattie disse: “Era a canção mais poderosa que eu já havia ouvido.” Com “Layla”, Eric declarava seu amor à esposa do grande amigo George. Em bilhetes e cartas que enviou depois a Pattie Boyd, o guitarrista passou a chamá-la de Layla.

Muitos que já ouviram falar sobre essa história acreditam que, sensibilizada pela música e pelo amor de Eric, Pattie deixou George Harrison para ficar com ele. Mas isso não é verdade.


Até há rumores de que, na época da composição de “Layla”, Pattie e Eric chegaram a ter um caso. Mas o fato é que, independentemente da veracidade dessa informação, ela continuou com George, a quem amava realmente à época. Rejeitado, Eric entrou em profunda depressão e se afundou nas drogas.

Pattie e o primeiro marido se conheceram em 1964, quando ela, uma  modelo de 20 anos de idade, fez uma ponta no filme “A Hard Days Night” (‘Os Reis do Iê-iê-iê’, no Brasil), cujo objetivo era divulgar o álbum de mesmo nome, dos Beatles.

Eles logo se apaixonaram e começaram a morar juntos.  O casamento ocorreu em 1966 e, ao menos até o início dos anos 70, período em que George compôs para Pattie “Something” (o vídeo oficial da música – veja acima – começa com uma imagem dela e traz também as esposas dos outros três Beatles), eram felizes.


No entanto, com o fim dos Beatles, em 1970, Pattie relata que George passou a usar drogas de forma mais constante, assim como cometer infidelidades. Ela o acusou de ter tido um caso com Maureen, então esposa de Ringo Starr, o baterista dos Beatles.

Pattie também não foi das mais fiéis, segundo relatos. Além dos rumores sobre o caso com Eric Clapton, ela teria, por um período, sido amante de Ronnie Wood, da banda Rolling Stones.


A separação veio em 1974 e o divórcio, em 1977. Já nesta época, George estava namorando Olivia, a mãe de seu único filho, Dhani. Com Olivia, ele se casou no ano seguinte.

De acordo com rumores, quando Eric e Pattie se casaram, em 1979, George não levou a mal. A amizade entre os dois guitarristas continuaria inabalável até o fim.


Pattie não pode ter filhos. Isso foi também um dos fatores que complicaram seus casamentos com George e, depois, com Clapton.

Ela se dizia apaixonada por Eric, mas não foi um tempo muito feliz. O guitarrista estava muito envolvido com drogas, inclusive heroína – George, inclusive, o teria ajudado a sair do fundo do poço, segundo rumores. Além disso, de acordo com Pattie,  Clapton também estaria sendo infiel a ela.


O casamento, porém, durou dez anos. E rendeu outra belíssima composição de Clapton, “Wonderful Tonight”, de 1977. Ele diz ter pensado na letra da música enquanto, sentado em uma cadeira, esperava Pattie acabar de se arrumar para que os dois pudessem comparecer a uma festa.

George Harrison faleceu em 2001, após perder a luta contra o câncer de pulmão. Eric, um ano depois, foi o organizador (junto com Olivia Harrison) de um concerto em homenagem ao ex-Beatle no Royal Albert Hall, em Londres – que reuniu Paul McCartney, Ringo Starr, o filho de George e muitos outros músicos.

Já Pattie lançou em 2007 sua autobiografia, batizada de “Wonderful Tonight: George Harrison, Eric Clapton and Me”. Foi um grande sucesso. Além disso, hoje ela é uma renomada fotógrafa, tendo realizado grandes exposições em várias cidades importantes do mundo.


 

 

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