Primeiro, o rumor foi sobre a Audi (leia aqui). Agora, é a vez da Aston Martin. Com a relação com a Renault cada vez mais complicada, a Red Bull estaria trabalhando em uma parceria com a fabricante inglesa de modelos superesportivos para fornecimento de motores para seus carros de Fórmula 1.
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Mas, espere aí? A Aston Martin, cujos motores se caracterizam pela pouca eficiência? Diferentemente das alemãs, por exemplo, a britânica nem mesmo recorreu com atuação de destaque ao sistema de turbos, como os da F1, para melhorar o rendimento e o consumo dos seus propulsores.
É aí que entra a segunda parte da história. Os motores levariam a marca da Aston Martin, mas, na realidade, seriam os propulsores da Mercedes, os melhores da Fórmula 1 atual.
O fato é que, hoje propriedade de um fundo financeiro, a Aston Martin recentemente fechou parceria com a Mercedes justamente para desenvolvimento de motores mais eficientes para seus carros de rua. Nesse acordo, a alemã levou também algumas ações da marca inglesa.
Então, seria bom para todo mundo. A Mercedes passaria a vender seus motores para mais uma equipe sem ter de emprestar sua marca à Red Bull, que, por sua vez, não precisaria ostentar propulsores com o logotipo da rival. E a marca Aston Martin ganharia uma belíssima exposição, já que a Fórmula 1 é o suprassumo da esportividade. Isso sem ter de passar vergonha nos primeiros anos, afinal, seus supostos motores seriam os mais eficientes da categoria, certo?
Enfim, uma estratégia genial, se der certo. Seria algo como a presença da Infiniti na categoria. Hoje, a marca de luxo da Nissan, que é parte do conglomerado que inclui a Renault, empresta seu nome à equipe Red Bull. A associação entre a esportividade da F1 e os carros da montadora é inevitável. Isso quando, na verdade, a tecnologia presente na categoria é totalmente da Renault. Nada como o apoio de um grande grupo automotivo.
Em tempo: a Aston Martin já teve uma breve passagem pela Fórmula 1. Disputou a categoria por apenas duas temporadas, as de 1959 e 1960.
No meu ponto de vista, independentemente de a nova parceira ser ou não a Aston Martin, a relação entre Renault e Red Bull vai acabar. Tornou-se insustentável, com constantes ataques verbais públicos, via imprensa, dos dirigentes de duas empresas.
À Red Bull, não restam muitas alternativas. Já se cogitou que a marca poderia comprar motores velhos da Ferrari. Outro rumor dava conta de que a equipe austríaca estaria tentando convencer a Audi a entrar na Fórmula 1 para ser sua fornecedora de motores.
A Audi nega veementemente essa informação. Funcionário da montadora e ex-Ferrari, Stefano Domenicali chegou a declarar que, sim, era grande a chance de a montadora alemã entrar na F1. A realidade, porém, é que o executivo tem falado sobre um assunto que não é de sua alçada. Ele nem mesmo é funcionário da Audi Sport, a divisão da empresa responsável pelo automobilismo, totalmente separada das operações automotivas.
Até a sede é diferente. A montadora fica em Ingolstadt e a Audi Sport, em Neuberg, a cerca de 20 km. Domenicali, na verdade, trabalha diretamente com o presidente da montadora, Rupert Stadler.
Ainda assim, eu não compro a negativa da Audi. Isso porque o principal programa automobilístico da montadora é o Mundial de Endurance, do qual faz parte a 24 Horas de Le Mans. E, desde o ano passado, a Porsche, que também é do Grupo Volkswagen, voltou à competição. Inclusive, este ano venceu a corrida francesa, que ocorreu no mês passado.
E bastante estranho Audi e Porsche continuarem concorrendo na mesma categoria; não faz sentido nenhum. É como se a Nissan resolvesse entrar na F1 com um time próprio, ou motor próprio, para ser rival da Renault.
Por isso, acredito que há, sim, um estudo para que a Audi deixe o endurance e ingresse na Fórmula 1. Mas, por ora, me parece que o arranjo com a Aston Martin é a melhor alternativa para a Red Bull. Afinal, o motor está pronto. E é bom!
E A RENAULT?
A Renault não quer, não pode e não vai sair da Fórmula 1. Bicampeã com equipe própria e detentora de diversos títulos como fornecedora de motores – com Benetton, Williams e Red Bull -, a francesa tem grande tradição na categoria.
Porém, o motor 1.6 V6 pífio que construiu afastou seus clientes. Já em 2014, a Williams passou a usar Mercedes, que, desde antes da estreia das novas unidades, já era cogitada como aquela que entregaria o motor mais eficiente.
A Lotus, este ano, também trocou a Renault pela Mercedes. E a Caterham deixou a categoria.
Assim, a Renault, que até o fim de 2013 era principal fornecedora de motores da F1, com cinco equipes, agora tem somente duas. E uma delas, a Toro Rosso, pertence à Red Bull. Ou seja: quando a parceria com a tetracampeã terminar, a com o time B será encerrada também.
Quando deixou de ter equipe própria, a Renault fez uma bela economia e obteve mais sucesso, sendo apenas fornecedora e vencendo títulos com a Red Bull. Mas, agora, o rumor é de que a solução para a francesa será voltar a ter seu próprio time.
E este time seria, justamente, a Lotus, que, até a temporada de 2011, era Renault. Naquele ano, a marca o vendeu.
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