Primeira Classe

Audi na F1, em parceria com a Red Bull? É possível

De acordo com Luca di Montezemolo, se isso não ocorrer, equipe pode deixar a Fórmula 1

Rafaela Borges

09 de mai, 2015 · 7 minutos de leitura.

Audi na F1, em parceria com a Red Bull? É possível
Crédito: De acordo com Luca di Montezemolo, se isso não ocorrer, equipe pode deixar a Fórmula 1

Projeção que circula na internet mostra ideia de como poderia ser um Audi de Fórmula 1 (Imagem: Reprodução)

 

A polêmica foi levantada pelo ex-presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo. De acordo com o executivo, o dono da Red Bull, Dietrich Mateschitz, estaria negociando com a Audi para que a montadora alemã entre na Fórmula 1 para substituir a Renault como fornecedora de motores da equipe. E que, se isso não ocorrer, o time dos energéticos pode deixar a principal categoria do automobilismo.

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Há duas questões aí. Em primeiro lugar, se a fonte de Montezemolo – que fez essas declarações, entre outras, ao jornal italiano “la Repubblica” – for quente, acho uma grande precipitação por parte da Red Bull. Independentemente do que disse o ex-dirigente da Ferrari, a equipe anda mesmo desgostosa com a Renault, fazendo declarações públicas contra sua fornecedora de motores.

Daí a trocar seis por meia dúzia, seria uma grande bobagem. Com equipe ou apenas como fornecedora de motores, a Renault tem larga experiência na Fórmula 1 e, com a própria Red Bull, ganhou quatro títulos de piloto e construtor, de 2010 a 2013. Com os novos propulsores V6 turbo, a francesa realmente não está se dando bem.


Luca di Montezemolo (Foto: Wolfgang Rattay/Reuters)

No entanto, assim como Mercedes e Ferrari, com motores superiores, está na categoria desde o início da nova regra, no ano passado. E, de uma temporada para outra, pode sim vir a desenvolver um grande propulsor.

Diferentemente da Audi, que não tem know-how nenhum em relação aos motores da F1. A marca pode ter carros híbridos no Mundial de Endurance, que domina há anos. Pode ter tecnologias avançadas em seus carros de rua.

Dietrich Mateschitz, o dono da Red Bull (Foto: Divulgação)

Mas isso não quer dizer que vá entrar na Fórmula 1 já com um grande motor. Isso leva tempo. Vide o que está ocorrendo com a Honda, que retornou este ano às atividades na categoria, com grande atraso no desenvolvimento do propulsor em relação à Mercedes, Ferrari e mesmo a Renault.


Assim, é mais provável que a Red Bull volte a obter sucesso a curto prazo – e a equipe parece estar bastante ansiosa – com a Renault do que com a Audi.

A outra questão é em relação à entrada da Audi na Fórmula 1. Os boatos sobre o ingresso da Volkswagen, dona da marca, na categoria, já são antigos. Eu já escrevi um post sobre isso (relembre aqui).

Assim, a afirmação de Montezemolo só reforça algo que parece estar cada vez mais próximo de se tornar um fato.


A entrada da Porsche, que também é do Grupo Volkswagen, no Mundial de Endurance, a principal aposta da Audi no automobilismo, é no mínimo estranha. Para que manter duas marcas da mesma empresa na mesma competição? Não faz sentido.

Assim, é grande a possibilidade de que a entrada da Porsche signifique a breve saída da Audi. Que, neste caso, poderia ser a escolhida pela Volkswagen para representá-la na Fórmula 1.

É bom lembrar que, agora, a categoria está sendo dominada pela Mercedes. Que, junto com a BMW, é a principal rival da Audi.


Ex-Ferrari, Stefano Domenicali foi contratado pela Audi (Foto: Edgar Su/Reuters)

Outro indício é a contratação, pelo departamento de automobilismo da Audi, de Stefano Domenicali, que recentemente deixou a direção da escuderia Ferrari. O italiano teria sido levado para fazer um estudo de viabilidade sobre a entrada da Audi na F1, de acordo com rumores.

A recente saída de Ferdinand Piëch da presidência do conselho da Volkswagen seria, de acordo com rumores publicados na imprensa europeia, um reforço ao plano da empresa de ingressar na F1. O executivo, neto de Ferdinand Porsche, era contra essa ideia.

Por fim, a afirmação de Montezemolo faz todo sentido. Em reportagem de 2012, apurei com a Renault que a economia da montadora ao deixar de ter equipe própria e se tornar apenas fornecedora de motor foi imensa. Antes, a empresa gastava cerca de US$ 300 milhões por ano, investimento que foi reduzido para US$ 80 milhões.


Faria todo sentido, portanto, a VW/Audi entrar na competição, inicialmente, como fornecedora de motor, associada a uma equipe com grande potencial para a vitória, como a Red Bull. Posteriormente, a empresa poderia considerar ter equipe própria.

Por aqui, aguardamos os próximos capítulos desta novela.

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