Primeira Classe

Carro de mulher, de tiozão, de coxinha…

Estereotipar os carros é um dos esportes preferidos do brasileiro. E o seu, se enquadra em algum grupo?

Rafaela Borges

06 de out, 2017 · 10 minutos de leitura.

suv carro de mulher" >
Estereótipo
Crédito: SUV, quem diria, virou praticamente carro de mulher. Principalmente os compactos (Foto: Hyundai)

Estereotipar os carros – entre outras coisas, pessoas e assuntos – é um dos esportes preferidos do brasileiro. Tem carro de mulher, carro de rico, de playboy, de tiozão, de coxinha… E por aí vai.

Outro dia, sobre o Corolla Altis, de quase R$ 120 mil, uma amiga disse: “Nossa, mas como este carro é classe média!” Um carro de R$ 120 mil agora é classe média, não mais de rico?

Pelo jeito, sim. Inclusive, já debatemos isso aqui: o carro de rico hoje demanda muito mais investimento – de R$ 200 mil em diante. O carro classe média me parece ser aquele tipo de veículo que não desperta admiração na própria.

Publicidade


Dois conceitos interessantes são o carro de playboy e o de rico.  Playboy é um estilo de vida. Rico é uma condição financeira. Em outras palavras, dá para comprar um carro de playboy sem ser rico – mesmo que seja um usado.

Abaixo, veja alguns estereótipos comuns dos carros brasileiros – visto muito frequentemente em redes sociais e fóruns automotivos. E também exemplos de modelos que se enquadram neles. Será que o seu faz parte de algum grupo?

 


CARRO CLASSE MÉDIA

É aquele carro entre R$ 80 mil e R$ 150 mil, talvez um pouco mais, ou um pouco menos. No geral, o carro classe média é aquele tipo certinho, que não dá dor de cabeça, tem bom espaço, manutenção baixa e revenda fácil.

Além disso, é o tipo de automóvel que, geralmente, não é muito admirado pela própria. No entanto, há alguns “eleitos” que ganham o respeito desse grupo, e acabam se transformando em fenômeno de vendas. Três exemplos: Compass, Corolla e Toro.


CARRO DE COXINHA

Embora o “coxinha” seja bastante associado à classe média, existem representantes desse estilo de vida em todas as classes sociais. O “coxinha” gosta de impressionar. Então, o carro tem de ser bonito, admirado, símbolo de status.

Porém, ele tem pavor a fazer um negócio ruim. Por isso, o medo de ousar impera: e se o automóvel desvalorizar muito? Entre Onix e HB20, o “coxinha” vai preferir sempre o segundo. Ele acredita que a Hyundai tem mais status que a Chevrolet, e acha o carro da sul-coreana mais bonito.


As picapes em geral também os agradam, pois são grandes e chamam a atenção nas cidades. Toro, L200 e Hilux estão nessa lista. Entre os SUVs, eles vão preferir um que chama mais a atenção, como o Renegade, que tem um visual inusitado.

Civic e Corolla sempre serão boas opções para esse público. O primeiro, pelo design. O Toyota, por ser um bom negócio. Para o “coxinha”, o Mercedes-Benz Classe C é praticamente um sonho de consumo, assim como o Land Rover Discovery Sport.

 


CARRO DE MULHER

Há mulheres que gostam de carros rápidos, com dirigibilidade esportiva. Algumas adoram os pequenos e não estão nem aí para porta-malas (meu caso, por exemplo). Mas somos minoria.

De acordo com pesquisas das montadoras, as mulheres são mais racionais na hora da compra. Querem espaço interno, posição de guiar alta e amplo porta-malas. Com desempenho elas não se importam tanto, mas nem por isso querem carros lentos.


Design, porém, é o toque emocional do público feminino. Elas fazem questão de carros belos.

Em outros tempos, carros da Citroën em geral, e o C3 em particular, eram considerados carros de mulher. Hoje, sem dúvidas, elas gostam mesmo é dos SUVs.

Os preferidos são os compactos mais espaçosos, como HR-V e Creta. O Renegade, por isso, não faz a cabeça delas. É apertado e rústico demais. Entre os maiores, são dois os preferidos: Outlander e Santa Fe.


 

CARRO DE TIOZÃO

No Brasil, esse termo acabou se tornando a maneira de designar a antítese do carro de jovem. É o tipo de modelo que não tem ousadia. Nem na estética exterior, nem na cabine, nem no quesito tecnologia.


Sistemas de conectividade, por exemplo, não são mandatórios para esse público. Já o visual sóbrio é. Ser lento? Pode ser. Há quem diga que o carro de “tiozão” é aquele modelo conservador que não anda nada.

No Brasil, o Corolla é um dos maiores ícones do grupo de carros de “tiozão”. Os sedãs (principalmente os asiáticos e americanos), em geral, são assim taxados.

Accord, Camry, Azera, Chrysler 300C estão entre os carros de “tiozão”. E qualquer Mercedes, do Classe C ao S. Principalmente nesta fase, em que a marca abriu mão da ousadia da geração anterior e voltou a investir no visual conservador.


Se o “tiozão” tiver família grande, dois ícones são as vans grandalhonas Chrysler Town& Country (a ser substituída pela Pacifica) e a Kia Carnival (veja mais na galeria abaixo).

 

CARRO DE RICO


É o carro que a classe média quer, mas (ainda) não pode ter. Em outras palavras: é o sonho de consumo da classe média.

No geral, são os modelos que custam mais de R$ 200 mil. E, como são os SUVs que estão em alta, há diversos nessa lista. Exemplos são os Volvo XC90 e XC60, o BMW X5, Porsche Macan, Jaguar F-Pace e todos os Land Rover.

 


CARRO DE PLAYBOY

Carro de playboy não é carro de rico, pois existem playboys em todos os níveis sociais. É um grupo que faz questão de refletir, no automóvel, seu estilo de vida. Um visual esportivo é primordial e, se o carro for rápido, melhor ainda.

É para o playboy que as montadoras fazem os carros com apelo visual esportivo, como o Fox Pepper e o Argo HGT, por exemplo. É o playboy, seja ele homem ou mulher, o público alvo do Mini Cooper.


E se o playboy for rico, não há limites. Ele vai logo comprar um Porsche de dois lugares, ou um sedã preparado, como o BMW M3.

Conforto não importa. Importam carros rápidos e viscerais. A BMW, aliás, está para o playboy assim como a Mercedes para o “tiozão”. Isso porque, entre as fabricantes alemãs, é a que produz os carros com pegada mais esportiva.

Leia aqui a lista de carros de playboy para todos os gostos e bolsos.


 

CARRO DE MACHO

Esse estereótipo existe, e é bem sem noção, não é? Por isso, prefiro não falar dele. Para que dar asas ao machismo?


 

VEJA TAMBÉM: OS CARROS MAIS DE TIOZÃO DO BRASIL

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.