Compass e Toro são os carros que devem estar sendo mais estudados pela concorrência. Em outras palavras: eles estão matando a concorrência de inveja. E, quando há inveja, há vontade de superar, ou ao menos se equiparar.
LEIA TAMBÉM:
- Polo faz Onix e HB20 parecem pré-históricos
- Civic e Cruze serão as próximas vítimas do Classe C
- Carro de rico virou ‘carne de vaca’
Os dois carros são feitos sobre a mesma plataforma, na mesma fábrica – Goiana, em Pernambuco. Ambos são do Grupo FCA (Fiat Chrysler).
Porém, também têm diferenças. A picape é da Fiat, embora traga essência da marca Jeep. E o Compass é de uma das mais tradicionais fabricantes de SUVs do mundo – ao lado da Land Rover.
Outro fato em comum: os dois estão massacrando a concorrência. Enquanto a Fiat agoniza nos segmentos de entrada, nos quais sempre teve mais credibilidade, e sofre para vender Uno, Mobi e Argo, o Grupo FCA é só alegria quando se trata de modelos mais caros.
Tal hegemonia é boa para quem? Para o consumidor brasileiro. Isso porque outras montadoras estão preparando uma enxurrada de lançamentos para brigar com Compass e Toro. Concorrência gera guerra de preços (e promoções). Concorrência também faz com que as marcas se mexam, e melhorem seus produtos.
Vamos começar pela Toro, pois creio que a concorrência tem mais chances de obter êxito nessa categoria. Não dá para dizer que a picape inaugurou um segmento, pois seria injusto com a Duster Oroch. Ambas chegaram praticamente juntas, no ano passado.
Mas dá para dizer que a Toro reina sozinha nessa nova categoria, que chamamos de picapes intermediárias. A Oroch não deu certo. Ou não deu certo por causa da Toro.
O mérito do modelo da Fiat é ser uma picape de porte próximo ao das médias, mas feita em base de carro de passeio. Com isso, ela é mais barata que Hilux, S10 e cia. Além disso, é confortável, boa para andar na cidade. É como um SUV com caçamba.
E, para melhorar, é construída sobre uma ótima plataforma, e tem versão a diesel e tração 4×4. Sem chance para a Oroch, né? O sucesso é tanto que a Toro já se tornou maior que a Fiat.
As concorrentes, porém, não vão deixar por isso mesmo. A Hyundai prepara um modelo para brigar com a Toro. Trata-se da versão final do protótipo que foi apresentado no Salão do Automóvel do ano passado.
A Chevrolet anunciou recentemente que vai produzir um novo modelo na Argentina. Trata-se de uma picape intermediária.
Por fim, é altamente provável que a Volkswagen tenha um modelo no segmento. Um dos quatro carros que a montadora lançará nos próximos anos é uma picape. Pode ser a sucessora da Saveiro. Mas pode, também, ser uma intermediária.
As três marcas têm chances de sucesso. Dificilmente, alguma novata terá versão a diesel, como a Toro. No entanto, o segmento ainda é muito pequeno, e há espaço para novidades.
COMPASS: AQUI, O ‘BURACO’ É MAIS EMBAIXO
De repente, parece que as montadoras descobriram que há vida além do segmento de SUVs compactos. E redescobriram a categoria de SUVs médios.
Qual carro é responsável por isso? O Compass. O segmento de SUVs médios estava bem parado, e o Hyundai ix35 reinava com certa facilidade.
Até que chegou o Compass, e deu um “tapa na cara” de diversas montadoras. Ele simplesmente começou a vender mais do que todos os SUVs compactos do Brasil. Carros que são R$ 20 mil mais baratos.
Então, as marcas enxergaram que o cliente não quer só um SUV. Ele quer também as aptidões dos SUVs, como espaço e porta-malas. São poucos os compactos que conseguem entregar isso.
Para esse tipo de cliente, para o qual o SUV é muito mais que imagem, o carro mais adequado não é o compacto. É o médio.
De olho no sucesso do Compass, a Chevrolet acaba de lançar por aqui o Equinox. A Volkswagen, por sua vez, produzirá um SUV médio no Mercosul.
A própria Fiat pode entrar nessa briga, lutando diretamente com a irmã “Jeep”. Um SUV baseado na Toro está nos planos da companhia.
Aqui, porém, eu acho que a vida da concorrência vai ser bem mais difícil. Os atributos que diferenciam o Compass são bem parecidos com os da Toro: boa plataforma, versão a diesel, tração 4×4…
O Compass, porém, tem algo que a Toro não tem, e a concorrência jamais terá. Trata-se do emblema da Jeep na dianteira.
A credibilidade mundial da Jeep como fabricante de utilitários-esportivos é comparável com a da Land Rover. As duas marcas são as especialistas em SUVs, e fim de papo.
Essa credibilidade não veio para o dia da noite. São décadas e décadas de construção. Os novos modelos, portanto, terão de ser muito especiais, para conseguirem lutar contra a força de um emblema.
VEJA TAMBÉM: 20 USADOS PARA COMPRAR DE OLHOS FECHADOS
Toyota Corolla
O Corolla repete no mercado de usados o mesmo sucesso que faz no mercado de carros zero-quilômetro. Não esquenta lugar na loja, graças à fama de inquebrável e de manutenção barata.
Honda Civic
O maior concorrente do Corolla também não para nas lojas de usados. O Civic une a confiabilidade tradicional da marca a um perfil mais esportivo, especialmente no modelo de oitava geração.
Jeep Renegade
O Jeep Renegade tem força no off-road (principalmente com motor a diesel) e também não encalha nas lojas. A mecânica 1.8 (de origem Fiat) não garante alto desempenho, mas a manutenção é confiável.
Chevrolet Onix
O carro mais vendido do Brasil entre os novos também faz sucesso entre os usados. O estilo agrada, e a manutenção é simples.
Volkswagen Fox
O Fox não costuma ficar muito tempo nas lojas de usados. Tem motores 1.0 e 1.6 de manutenção simples. Não dá defeito à toa e tem peças fáceis de se encontrar.
Honda HR-V
O HR-V é outro SUV que chegou fazendo sucesso instantâneo no mercado de novos, e isso tem se refletido entre os seminovos. A mecânica, derivada da do Civic, é confiável, idem para a fama de robustez e manutenção barata.
Hyundai HB20
O Hyundai caiu nas graças do público desde que chegou. Seja 1.0 ou 1.6, tem bom mercado. Como a garantia é de cinco anos, só agora os modelos mais antigos estão saindo do prazo contratual de cobertura.
Honda Fit
O Honda Fit tem boa procura nas lojas, independentemente do ano de fabricação. Fácil de manter e robusto, só pede atenção na suspensão. Durinha, ela sofre um pouco com a buraqueira das ruas brasileiras.
Toyota Etios
O Etios já está no mercado desde 2012. Com mecânica simples, robusta e eficiente, não dá muita dor de cabeça aos donos. Tanto hatch quanto sedã, independentemente da motorização, são valentes e baratos a longo prazo.
Honda City
O City faz jus à fama de robustez da Honda. Dá pouca manutenção, e as revisões tendem a ser baratas. Além disso, tem bom espaço interno, especialmente no porta-malas.
Chevrolet Cruze
O Cruze tem boa procura no mercado de segunda mão, graças à confiabilidade mecânica.
Fiat Idea
O monovolume da Fiat nem é mais produzido, e nunca foi um sucesso entre os carros novos (o Fit dominou esse segmento). Mas, entre os usados, o Idea vai bem.
Hyundai ix35
Como boa parte dos SUVs, o ix35 tem bom mercado: o visual já mudou, mas o modelo continua atraente.
Chevrolet Cobalt
Graças ao espaço interno, ao bom custo-benefício e à manutenção confiável, o sedã da Chevrolet é bem visto entre os usados.
Volkswagen Up!
O subcompacto da Volkswagen tem boa procura, tanto com motor aspirado como com mecânica turbo. É econômico, bom de dirigir e baixa desvalorização.
Kia Picanto
O Kia Picanto tem bom mercado, especialmente na versão com câmbio automático.
Nissan Versa
O Versa é espaçoso, potente e econômico em vários aspectos. As revisões na Nissan são baratas e o modelo não dá defeito à toa.
Fiat Uno
O Uno continua sendo um carro com boa reputação. A mecânica não é complicada, e o preço é acessível.
Chevrolet Spin
Basta ver o que tem de Spin nos pontos de táxis para se constatar que o carro não refuga. Como o "irmão" Cobalt, é espaçoso, tem bom custo-benefício e mecânica simples e confiável.
Volkswagen Gol
O Gol já viveu dias melhores, mas ainda é um carro que não faz feio quando o assunto é confiabilidade mecânica e bom valor de revenda. Além disso, continua a ser agradável ao volante.
Newsletter Jornal do Carro - Estadão
Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.