Compass e Toro são os carros que devem estar sendo mais estudados pela concorrência. Em outras palavras: eles estão matando a concorrência de inveja. E, quando há inveja, há vontade de superar, ou ao menos se equiparar.
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Os dois carros são feitos sobre a mesma plataforma, na mesma fábrica – Goiana, em Pernambuco. Ambos são do Grupo FCA (Fiat Chrysler).
Porém, também têm diferenças. A picape é da Fiat, embora traga essência da marca Jeep. E o Compass é de uma das mais tradicionais fabricantes de SUVs do mundo – ao lado da Land Rover.
Outro fato em comum: os dois estão massacrando a concorrência. Enquanto a Fiat agoniza nos segmentos de entrada, nos quais sempre teve mais credibilidade, e sofre para vender Uno, Mobi e Argo, o Grupo FCA é só alegria quando se trata de modelos mais caros.
Tal hegemonia é boa para quem? Para o consumidor brasileiro. Isso porque outras montadoras estão preparando uma enxurrada de lançamentos para brigar com Compass e Toro. Concorrência gera guerra de preços (e promoções). Concorrência também faz com que as marcas se mexam, e melhorem seus produtos.
Vamos começar pela Toro, pois creio que a concorrência tem mais chances de obter êxito nessa categoria. Não dá para dizer que a picape inaugurou um segmento, pois seria injusto com a Duster Oroch. Ambas chegaram praticamente juntas, no ano passado.
Mas dá para dizer que a Toro reina sozinha nessa nova categoria, que chamamos de picapes intermediárias. A Oroch não deu certo. Ou não deu certo por causa da Toro.
O mérito do modelo da Fiat é ser uma picape de porte próximo ao das médias, mas feita em base de carro de passeio. Com isso, ela é mais barata que Hilux, S10 e cia. Além disso, é confortável, boa para andar na cidade. É como um SUV com caçamba.
E, para melhorar, é construída sobre uma ótima plataforma, e tem versão a diesel e tração 4×4. Sem chance para a Oroch, né? O sucesso é tanto que a Toro já se tornou maior que a Fiat.
As concorrentes, porém, não vão deixar por isso mesmo. A Hyundai prepara um modelo para brigar com a Toro. Trata-se da versão final do protótipo que foi apresentado no Salão do Automóvel do ano passado.
A Chevrolet anunciou recentemente que vai produzir um novo modelo na Argentina. Trata-se de uma picape intermediária.
Por fim, é altamente provável que a Volkswagen tenha um modelo no segmento. Um dos quatro carros que a montadora lançará nos próximos anos é uma picape. Pode ser a sucessora da Saveiro. Mas pode, também, ser uma intermediária.
As três marcas têm chances de sucesso. Dificilmente, alguma novata terá versão a diesel, como a Toro. No entanto, o segmento ainda é muito pequeno, e há espaço para novidades.
COMPASS: AQUI, O ‘BURACO’ É MAIS EMBAIXO
De repente, parece que as montadoras descobriram que há vida além do segmento de SUVs compactos. E redescobriram a categoria de SUVs médios.
Qual carro é responsável por isso? O Compass. O segmento de SUVs médios estava bem parado, e o Hyundai ix35 reinava com certa facilidade.
Até que chegou o Compass, e deu um “tapa na cara” de diversas montadoras. Ele simplesmente começou a vender mais do que todos os SUVs compactos do Brasil. Carros que são R$ 20 mil mais baratos.
Então, as marcas enxergaram que o cliente não quer só um SUV. Ele quer também as aptidões dos SUVs, como espaço e porta-malas. São poucos os compactos que conseguem entregar isso.
Para esse tipo de cliente, para o qual o SUV é muito mais que imagem, o carro mais adequado não é o compacto. É o médio.
De olho no sucesso do Compass, a Chevrolet acaba de lançar por aqui o Equinox. A Volkswagen, por sua vez, produzirá um SUV médio no Mercosul.
A própria Fiat pode entrar nessa briga, lutando diretamente com a irmã “Jeep”. Um SUV baseado na Toro está nos planos da companhia.
Aqui, porém, eu acho que a vida da concorrência vai ser bem mais difícil. Os atributos que diferenciam o Compass são bem parecidos com os da Toro: boa plataforma, versão a diesel, tração 4×4…
O Compass, porém, tem algo que a Toro não tem, e a concorrência jamais terá. Trata-se do emblema da Jeep na dianteira.
A credibilidade mundial da Jeep como fabricante de utilitários-esportivos é comparável com a da Land Rover. As duas marcas são as especialistas em SUVs, e fim de papo.
Essa credibilidade não veio para o dia da noite. São décadas e décadas de construção. Os novos modelos, portanto, terão de ser muito especiais, para conseguirem lutar contra a força de um emblema.
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