Primeira Classe

Carros sem graça que o brasileiro ama

Eles vendem muito e encantam o Brasil, mas são completamente desprovidos de emoção

Rafaela Borges

08 de ago, 2018 · 9 minutos de leitura.

Nissan Kicks carros sem graça" >
Kicks
Crédito: Nissan está na lista por causa do conjunto motor-câmbio (Foto: Gabriela Biló/Estadão)

Eles têm méritos e mais méritos, pois conseguem fazer a cabeça do brasileiro e vendem muito. Muito mesmo. Porém, são presença certa na lista dos carros sem graça à venda no Brasil.

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Para esta seleção, defini como carros sem graça aqueles que não oferecem emoção em um ou em diversos aspectos (dirigibilidade, capacidade de acelerar ou mesmo no visual).

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São quatro os segmentos envolvidos na lista dos carros sem graça: hatch, sedã, picapes e SUVs. Até porque, convenhamos, as outras categorias praticamente não existem mais no mercado brasileiro.

No total, temos oito modelos na lista dos carros mais sem graça. São dois hatches, três sedãs, dois SUVs e uma picape.

 


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Os hatches médios estão, definitivamente, fora dessa lista. Golf, Cruze e Focus, os modelos do segmento que ainda vendem mais de 100 unidades ao mês no Brasil, são tudo, menos sem graça.

O que me faz pensar: será que o brasileiro gosta mesmo é de carros sem graça? Porque os hatches médios não estão vendendo nada.

Acho, porém, que a análise vai um pouco além disso. No geral, o brasileiro acaba comprados não carros sem graça, mas modelos mais racionais. Precisa ter espaço, funcionalidades como central multimídia, motor econômico e bom valor de revenda, além de manutenção e seguro em conta.


Em meu ponto de vista, o único aspecto em que o brasileiro não é racional é o design. Nesse sentido, pesa a emoção. Com raríssimas exceções, para vender bem o carro tem de ser bonito. Ou, ao menos, não muito feio.

Confira a lista abaixo e dê sua opinião: concorda com ela? Ama algum desses carros?

 


VEJA TAMBÉM: CARROS QUE NÃO VENDERAM NADA EM JULHO

 

Carros sem graça: hatches

Na lista estão dois compactos: Etios e Onix.


O Onix tem dirigibilidade anestesiada, nem um pouco prazerosa. O motor 1.0 não impressiona, e o 1.4 oferece desempenho muito inferior ao de concorrentes equivalentes (como HB20 1.6, Polo 1.6 e 1.0 turbo, o novo Ka 1.5 e até o Argo 1.3).

O visual não é dos mais belos, embora não tenha nada de feio. É sem graça, apenas.

O lado bom do Onix é que o carro tem central multimídia fácil de usar, não deixa a desejar em espaço, é bom de revender e tem manutenção em conta. Aspectos racionais, portanto.


Aliás, ainda estou devendo uma análise sobre o segredo do sucesso do hatch da Chevrolet. Confira o último post dessa série aqui.

O Etios está perdendo espaço, mas unicamente por causa da chegada do Yaris. Com o lançamento do novato, o veterano perdeu versões – e, claro, sempre há a canibalização de entre dois modelos semelhantes de mesma marca.

Porém, apesar de uma certa rejeição no início de sua trajetória, o Etios foi um carro amado pelos brasileiros nos dois últimos anos. E é também um carro muito sem graça.


A mecânica do Etios é eficiente e confiável. Ele é bom de dirigir e não anda mal. O que coloca o Toyota na lista de carros sem graça é o visual.

Mesmo tendo passado por algumas mudanças estéticas nos últimos anos, ele continua sendo um carro feio. O interior, espartano, é ainda mais sem sal que a parte externa.

Sedãs

A lista tem dois compactos e um médio. No primeiro grupo, estão Prisma, três-volumes do Onix, e o Etios Sedan. As razões são as mesmas apontadas para as versões hatch.


Já o Corolla é aquele sedã que não empolga. Ela é “na média” em tudo, sem grandes defeitos. Por outro lado, não apresenta nenhum aspecto emocional.

Trata-se de um dos mais autênticos representantes da classe dos carros sem graça. O câmbio CVT privilegia o conforto, mas não o desempenho. A dirigibilidade é confortável, boa por dia a dia, e muito longe de disparar o coração.

O visual é conservador por dentro e por fora. Muito longe das linhas mais ousadas do Civic e até do Cruze Sport6.


Mas o Corolla tem fama de não dar defeito, é bom de revenda, tem manutenção barata e o brasileiro confia na Toyota. Por isso, é sonho de consumo no País e o sedã médio mais vendido (muito acima do segundo colocado).

SUVs

Creta e Kicks: são eles que estão em minha lista de carros sem graça na categoria SUVs.

O Creta tem dianteira conservadora e traseira feia. Nenhum dos motores empolga muito na hora de acelerar e a dirigibilidade é bem anestesiada.


Porém, é espaçoso, tem bom porta-malas e o brasileiro é fã da Hyundai. Além disso, tem muitas versões, para bolsos diversificados. Faz um sucesso e tanto.

O Kicks é bonito, bem acabado e traz versão de topo cheia de tecnologia. Estaria muito longe da lista de carros sem graça se não fosse pelo conjunto motor-câmbio.

O 1.6 casado com o CVT deixa o carro extremamente lento, ruim de acelerar. Não provoca emoção nenhuma. O Kicks merecia um conjunto mais empolgante.


Picape

Picapes compactas, no geral, são sem graça. E a Strada é a rainha dessa classe. Não é boa de dirigir, não anda bem, não é bem acabada.

Enfim, tem uma proposta bem voltada ao trabalho, principalmente nas versões mais simples. A Saveiro é bem mais legal na maioria dos aspectos.

A Strada, no entanto, foi a primeira a ter cabine dupla e oferece terceira porta e variedade de versões. As condições para produtores rurais, clientes cativos, são incríveis. Assim, vende igual água.


 

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