No Conservatoire, espaço que a Citroën mantém em uma fábrica desativada nos arredores de Paris, há muitas relíquias. E nenhuma delas chama tanto a atenção quanto um trio de exemplares do 2CV.
No local, que não é aberto ao público, há inclusive um exemplar do DS no qual Charles De Gaulle, um dos maiores líderes da história da França, sofreu tentativa de atentado. Porém, o par de 2CV representa um capítulo importante na história da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial.
O 2CV pode ser considerado o carro francês que desafiou Adolf Hitler. Antes de explicar por que, tenho de contar a vocês um capítulo da história do Fusca.
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O carro alemão, um dos mais queridos da história do Brasil, foi encomendado por Hitler a Ferdinand Porsche. O líder alemão queria que a Alemanha tivesse o “carro do povo”.
Esse é o significado, inclusive, da palavra Volkswagen. Carro é wagen, em alemão. E Volks, povo.
O contrato entre Porsche e o governo alemão para o desenvolvimento de um carro robusto e barato foi assinado em 22 de junho de 1934.
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2CV, o anti-Fusca
Um dos principais objetivos do Fusca foi desenvolver a indústria alemã. A França, porém, não deixou por menos: quase simultaneamente, também trabalhava em um carrinho popular para chamar de seu.
Foi aí que surgiu o projeto do 2CV, concebido pela Citroën. O carro também é conhecido como o Fusca francês, ou o anti-Fusca.
O projeto começou em 1934, com a coordenação do engenheiro Pierre Jules Bounlanger, e batizado de TPV. Essa é a sigla para Toute Petite Voiture, ou veículo muito pequeno, em português. Outro líder do projeto foi André Lefèbvre.
Os primeiros 250 protótipos do TPV foram produzidos em 1939. Porém, veio a Segunda Guerra Mundial, e o projeto foi paralisado.
Segredo enterrado
Em dezembro de 1940, a Alemanha invadiu a França, em ocupação que duraria até 1944. Para os franceses, era fundamental manter em segredo das tropas de Hitler o projeto do carro popular local.
Assim, foram enterrados diversos protótipos TPV, por toda a França. A maioria, no entanto, foi destruída.
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Os protótipos enterrados levaram anos e anos para ser recuperados. Em 2004, foram encontrados os primeiros, de um total de cinco.
Três desses protótipos, no mesmo estado em que foram encontrados, estão no Conservatoire, junto ao DS de De Gaulle e muitos outros carros que marcaram a história da França.
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Sucesso mundial
O 2CV não tem, entre os brasileiros, o apelo do Fusca. Ele nunca foi vendido aqui. A Citroën só chegou ao Brasil após a reabertura das importações de carro, em 1991, um ano depois do fim do carrinho.
Porém, o 2CV foi um grande sucesso mundial. Apresentado em 1948, durante o Salão do Automóvel de Paris, ele foi lançado logo depois.
Além da França, foi produzido em países como Bélgica, Reino Unido, Eslovênia e Portugal. Marcou também sua história na América do Sul – foi feito na Argentina e no Uruguai.
O fim da produção ocorreu em 1990. Em 42 anos de fabricação, o 2CV teve cerca de 5 milhões de unidades vendidas.