A Copa Airlines se popularizou no Brasil pela praticidade e os preços baixos. A companhia, que tem hub na Cidade do Panamá, cujo aeroporto se vende como “O Hub das Américas”, acabou se transformando na melhor opção para acessar os países da região do Caribe.
(Siga o blog no Instagram: @blogprimeiraclasse)
Embora visto seja necessário para entrar no Panamá, o país da companhia, não é preciso passar por imigração em uma simples conexão. Ponto positivo ante Miami, Atlanta ou Dallas, nos EUA, que costumavam ser as conexões mais comuns para a região caribenha.
Além disso, as conexões não costumam ser longas por lá. E há bom entretenimento – leia-se compras – na área de embarque. Antes de viajar de Copa pela primeira vez, eu havia lido e ouvido falar que havia muitas lojas, e com preços mais baixos que em outros Duty Free.
Há, sim, muitas lojas, a maioria de marcas que garantem status no Brasil, mas, fora daqui, não têm grande apelo luxuoso. A exceção é a Salvatore Ferragamo. Mas, por lá, você encontra eletrônicos, diversidade de tênis, perfumes, cosméticos, bebidas, equipamentos esportivos e por aí vai. O preço? Sinceramente, não tem nada demais. Igual, ou até mais alto, que no Duty Free do Brasil, por exemplo.
Minha primeira vez na Copa foi em 2010, em uma viagem a Punta Cana. Classe econômica. O avião, de médio porte, era um 737, o mesmo usado pela Gol. Muito comum em voos nacionais ou internos na Europa e nos EUA, mas não em viagens de longa duração.
O serviço de bordo era ruim. Nos quatro trechos (São Paulo – Cidade do Panamá – Punta Cana – Cidade do Panamá – São Paulo), serviram o mesmo sanduíche de pimentão – não importava se a refeição fosse almoço, jantar ou café da manhã. A configuração era a básica desta aeronave, três assentos de cada lado. Entretenimento de bordo, não havia.
Mas foram bom voos. Conexões simples e não superiores a duas horas no Panamá. E, nos dois voos mais longos, SP- Panamá e Panamá – SP, as aeronaves estavam vazias. Dava para dormir em três assentos sem ter de disputar com outros passageiros. Pelos bilhetes, o preço foi bem interessante. Valeu a pena. Viajar de Copa para o Caribe, em classe econômica, se o preço estiver convidativo, vale a pena.
De classe executiva, é uma grande furada. Tive essa experiência em outubro de 2014, em direção a Cancun, no México, sempre com conexão no “Hub das Américas”.
Há prioridade no check in, como em qualquer companhia que ofereça classe executiva. E também na entrega da bagagem. Os funcionários de terra e a tripulação são educados e prestativos. O que não ajuda é o porte do avião.
É praticamente impossível ter uma classe executiva confortável em um avião do porte do 737. A configuração é dois assentos de cada lado da aeronave. Eles são largos, talvez até mais que em algumas companhias que oferecem a “business class” em aviões de grande porte.
Mas é só isso. A reclinação da poltrona mal chega aos 90 graus. Há um apoio para os pés, mas o suporte também não se estende muito. Em voos longos, a dor na perna é inevitável.
A Copa reformou os aviões e agora há entretenimento individual nas duas classes de viagem. Na executiva, a tela é retrátil. Havia, em meus voos, quantidade de filmes inferior ao convencional em outras companhias aéreas, mas ainda assim suficiente. Eram quatro lançamentos e cerca de quinze outros títulos, mais antigos e variados.
No trecho São Paulo – Cidade do Panamá, foi servido café da manhã e almoço. Nos demais, apenas uma refeição principal – entre Cidade do Panamá – São Paulo, houve almoço e jantar. O problema é que, como em 2010, o cardápio era o mesmo para os quatro trechos. Pelo menos, havia duas opções no cardápio, um filé mignon e uma carne suína.
Na conexão na Cidade do Panamá, a sala VIP é sofrível. O tamanho é mediano, mas o problema é a imensa quantidade de voos para aquele único lounge. Praticamente impossível encontrar um local para se sentar. Para conectar o computador, então, nem com reza brava. A variedade de bebidas é satisfatória. De comida, não. Há biscoitos e pãezinhos. A reposição é tão demorada que, em um dos trechos, eu passei mais de meia hora por lá… e nada de servirem mais pãezinhos.
VALE A PENA?
Não, não vale. A não ser que você encontre uma promoção. Porque é fato que, na classe executiva da Copa, há mais facilidades, mas o nível de conforto oferecido não justifica a diferença de preço entre as tarifas.
Minha passagem para Cancun custou US$ 3 mil. Nas mesmas datas, havia opção pela Lan, com conexão em Santiago e a bordo de um Boeing 767, de grande porte e com classe executiva convencional – dessas que tem assentos que viram cama -, por tarifa semelhante.
Mais baixa estava a tarifa da Avianca, com conexão em Bogotá, também em aeronave de grande porte. Não conheço nem a classe executiva da companhia nem o aeroporto, mas pesquisei no site e vi imagens da “business”. O encosto das poltronas parece se reclinar em 180 graus.
Agora, uma comparação. De classe econômica, no início de maio, uma passagem de Copa (US$ 669) só não é mais barata do que de Avianca (US$ 599).
Nas mesmas datas, de classe executiva, a tarifa da Copa é de US$ 2.827. A da Avianca sai por US$ 2.114 e a da Tam, por US$ 2.249. Ou seja: ambas mais baratas.
Se o destino for Miami, em igual período, o bilhete da Copa também é mais caro que o de Avianca e Tam. Para Nova York, é mais negócio viajar na executiva da Avianca ou da Aerolineas Argentinas.
O veredicto? Não viaje na executiva da Copa. Apenas na econômica. E, se encontrar uma promoção bem atraente, esteja ciente de que você não encontrará, no 737 da companhia panamenha, o conforto que se espera de uma “business class”.
Newsletter Jornal do Carro - Estadão
Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.