Primeira Classe

Classe executiva da Copa: vale a pena?

No 737 da Copa, os níveis de conforto e serviços não são os que se espera de uma 'business class' convencional

Rafaela Borges

20 de mar, 2015 · 10 minutos de leitura.

Classe executiva da Copa: vale a pena?
Crédito: No 737 da Copa, os níveis de conforto e serviços não são os que se espera de uma 'business class' convencional

A Copa Airlines se popularizou no Brasil pela praticidade e os preços baixos. A companhia, que tem hub na Cidade do Panamá, cujo aeroporto se vende como “O Hub das Américas”, acabou se transformando na melhor opção para acessar os países da região do Caribe.

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Embora visto seja necessário para entrar no Panamá, o país da companhia, não é preciso passar por imigração em uma simples conexão. Ponto positivo ante Miami, Atlanta ou Dallas, nos EUA, que costumavam ser as conexões mais comuns para a região caribenha.

Além disso, as conexões não costumam ser longas por lá. E há bom entretenimento – leia-se compras – na área de embarque. Antes de viajar de Copa pela primeira vez, eu havia lido e ouvido falar que havia muitas lojas, e com preços mais baixos que em outros Duty Free.


Há, sim, muitas lojas, a maioria de marcas que garantem status no Brasil, mas, fora daqui, não têm grande apelo luxuoso. A exceção é a Salvatore Ferragamo. Mas, por lá, você encontra eletrônicos, diversidade de tênis, perfumes, cosméticos, bebidas, equipamentos esportivos e por aí vai. O preço? Sinceramente, não tem nada demais. Igual, ou até mais alto, que no Duty Free do Brasil, por exemplo.

Minha primeira vez na Copa foi em 2010, em uma viagem a Punta Cana. Classe econômica. O avião, de médio porte, era um 737, o mesmo usado pela Gol. Muito comum em voos nacionais ou internos na Europa e nos EUA, mas não em viagens de longa duração.


O serviço de bordo era ruim. Nos quatro trechos (São Paulo – Cidade do Panamá – Punta Cana – Cidade do Panamá – São Paulo), serviram o mesmo sanduíche de pimentão – não importava se a refeição fosse almoço, jantar ou café da manhã. A configuração era a básica desta aeronave, três assentos de cada lado. Entretenimento de bordo, não havia.

Mas foram bom voos. Conexões simples e não superiores a duas horas no Panamá. E, nos dois voos mais longos, SP- Panamá e Panamá – SP, as aeronaves estavam vazias. Dava para dormir em três assentos sem ter de disputar com outros passageiros. Pelos bilhetes, o preço foi bem interessante. Valeu a pena. Viajar de Copa para o Caribe, em classe econômica, se o preço estiver convidativo, vale a pena.


De classe executiva, é uma grande furada. Tive essa experiência em outubro de 2014, em direção a Cancun, no México, sempre com conexão no “Hub das Américas”.

Há prioridade no check in, como em qualquer companhia que ofereça classe executiva. E também na entrega da bagagem. Os funcionários de terra e a tripulação são educados e prestativos. O que não ajuda é o porte do avião.

É praticamente impossível ter uma classe executiva confortável em um avião do porte do 737. A configuração é dois assentos de cada lado da aeronave. Eles são largos, talvez até mais que em algumas companhias que oferecem a “business class” em aviões de grande porte.


O terminal de embarque no Aeroporto da Cidade do Panamá

Mas é só isso. A reclinação da poltrona mal chega aos 90 graus. Há um apoio para os pés, mas o suporte também não se estende muito. Em voos longos, a dor na perna é inevitável.

A Copa reformou os aviões e agora há entretenimento individual nas duas classes de viagem. Na executiva, a tela é retrátil. Havia, em meus voos, quantidade de filmes inferior ao convencional em outras companhias aéreas, mas ainda assim suficiente. Eram quatro lançamentos e cerca de quinze outros títulos, mais antigos e variados.

No trecho São Paulo – Cidade do Panamá, foi servido café da manhã e almoço. Nos demais, apenas uma refeição principal – entre Cidade do Panamá – São Paulo, houve almoço e jantar. O problema é que, como em 2010, o cardápio era o mesmo para os quatro trechos. Pelo menos, havia duas opções no cardápio, um filé mignon e uma carne suína.


O lounge da Copa na Cidade do Panamá: dificilmente você vai encontrá-lo vazio assim

Na conexão na Cidade do Panamá, a sala VIP é sofrível. O tamanho é mediano, mas o problema é a imensa quantidade de voos para aquele único lounge. Praticamente impossível encontrar um local para se sentar. Para conectar o computador, então, nem com reza brava. A variedade de bebidas é satisfatória. De comida, não. Há biscoitos e pãezinhos. A reposição é tão demorada que, em um dos trechos, eu passei mais de meia hora por lá… e nada de servirem mais pãezinhos.

VALE A PENA?

Não, não vale. A não ser que você encontre uma promoção. Porque é fato que, na classe executiva da Copa, há mais facilidades, mas o nível de conforto oferecido não justifica a diferença de preço entre as tarifas.


Minha passagem para Cancun custou US$ 3 mil. Nas mesmas datas, havia opção pela Lan, com conexão em Santiago e a bordo de um Boeing 767, de grande porte e com classe executiva convencional – dessas que tem assentos que viram cama -, por tarifa semelhante.

Mais baixa estava a tarifa da Avianca, com conexão em Bogotá, também em aeronave de grande porte. Não conheço nem a classe executiva da companhia nem o aeroporto, mas pesquisei no site e vi imagens da “business”. O encosto das poltronas parece se reclinar em 180 graus.

Agora, uma comparação. De classe econômica, no início de maio, uma passagem de Copa (US$ 669) só não é mais barata do que de Avianca (US$ 599).


Nas mesmas datas, de classe executiva, a tarifa da Copa é de US$ 2.827. A da Avianca sai por US$ 2.114 e a da Tam, por US$ 2.249. Ou seja: ambas mais baratas.

Se o destino for Miami, em igual período, o bilhete da Copa também é mais caro que o de Avianca e Tam. Para Nova York, é mais negócio viajar na executiva da Avianca ou da Aerolineas Argentinas.

O veredicto? Não viaje na executiva da Copa. Apenas na econômica. E, se encontrar uma promoção bem atraente, esteja ciente de que você não encontrará, no 737 da companhia panamenha, o conforto que se espera de uma “business class”.


 

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