Primeira Classe

Como funcionam os pedágios na Europa (e como evitá-los)

Na maioria dos países, paga-se por trecho rodado, mas há exceções, como Suíça e Áustria

Rafaela Borges

23 de jun, 2015 · 14 minutos de leitura.

Como funcionam os pedágios na Europa (e como evitá-los)
Crédito: Na maioria dos países, paga-se por trecho rodado, mas há exceções, como Suíça e Áustria

Pagamento com cartão de crédito: evite

 

Na primeira vez que viajei de carro pela Europa, foi uma confusão por causa dos pedágios. Nos trechos escolhidos, Espanha e França, na maioria dos casos o recolhimento da taxa é automático, sem atendente humano – paga-se com cartão de crédito ou dinheiro, a não ser que se tenha um dispositivo como o do “Sem Parar” no carro, algo não usual em locadoras, e que também quase nunca vale a pena.

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Ocorre que nem sempre a cabine que aceita cartão e dinheiro (em notas ou moedas) é a mesma. E, quando se entra na que só aceita cartão de crédito, não são todos os que irão funcionar, mesmo que sejam internacionais. Resultado: naquela primeira experiência, em várias ocasiões tive de inserir mais de um cartão no leitor da cabine, até encontrar um que funcionasse. Um transtorno – e diversos motoristas furiosos atrás.

Além disso, quando se paga com cartão de crédito, há recolhimento daquele nosso antipático IOF de 6,38%, válido para compras feitas com cartão de crédito ou débito no exterior. Por isso, o que vale a pena mesmo é pagar com dinheiro. Fique de olho nas dicas.


COMO FUNCIONA 

Em Portugal (quando há cabine física, porque os pedágios no país estão se tornando automáticos, como explicarei abaixo), Espanha, França e Itália, o pedágio é pago por quilômetro rodado.

Ao sair de uma cidade e ingressar na rodovia, há um posto de pedágio para a retirada do ticket para “medir” quantos quilômetros serão percorridos. Aqui, vale ressaltar que as rodovias são identificadas com a letra “A”. “B” e, em alguns casos, “C”, são para as estradas secundárias, de pista simples e não pedagiadas.


Ao sair da rodovia para ingressar em uma cidade ou região, há a cabine de validação do ticket. Nestes postos, na maioria dos casos, há atendente. Quando não há, insere-se o ticket em um leitor eletrônico. Nos dois casos, a partir da quilometragem rodada, calcula-se o valor a ser pago. Se você não entender o idioma do país, e só ficar de olho em um painel ao lado do leitor, onde o montante será exibido.

Indicações das formas de pagamento aceitas

Porém, há também os postos de pedágio que não funcionam por meio de tickets. É como no Brasil; paga-se ao passar no pedágio. E, neste caso, são raros os postos que têm atendentes.

Por isso, fique sempre de olho na indicação dos modos de pagamento aceitos em cada cabine. Elas estão exibidas, por meio de desenhos, à frente da cabine, na parte de cima. Evite as que só aceitam cartão de crédito. Porque, definitivamente, é o pior meio de pagamento. Ninguém merece recolher imposto, né? Fora o transtorno!


CASOS ESPECÍFICOS

Portugal, Áustria e Suíça têm sistemas peculiares. Em Portugal, embora os postos tradicionais ainda existam, eles vêm sendo substituídos pelo pedágio automático.

Neles, não postos com cabines, e sim com câmeras, que registram a placa do carro; no caso dos moradores do país, o valor é debitado automaticamente no cartão de crédito.


Posto de cobrança automática em Portugal

No caso dos turistas que alugam carro em Portugal… também. Na verdade, as locadoras vão inserir no carro um dispositivo chamado “Via Verde”, como o “Sem Parar”. Ele vai registrar as passagens pelo pedágio automático e debitar o valor no cartão de crédito do locatário, cujos dados são deixados como garantia na hora da retirada do veículo alugado.

A maioria das locadoras oferece o “Via Verde” gratuitamente. Algumas, porém, o cobram. O dispositivo pode ser usado também nos pedágios convencionais, bem como em postos de combustíveis e em alguns estacionamentos. Porém, tudo com o “plus” 6,38% de IOF do cartão de crédito usado no exterior.

Por isso, evite utilizar o “Via Verde” em qualquer local que não seja o próprio pedágio automático. E dá também para fugir dos 6,38%, mesmo neste caso. Para isso, é preciso quitar os débitos com o pedágio em uma agência de correio a partir de 48 horas após a passagem – e no máximo cinco dias depois. Informe-se sobre o procedimento com sua locadora.


“Ah, mas eu aluguei o carro em outro país e fui com ele a Portugal”, você pode dizer. Neste caso, o pedágio será cobrado da mesma maneira. E a locadora fará a cobrança em seu cartão de crédito. Portanto, se vai para Portugal e não quer levar sustos na fatura, informe-se.

Já na Áustria e na Suíça, não há postos de pedágio, nem físicos nem automáticos. Quer dizer, na Áustria, há sim, mas são apenas sete em todas as rodovias do país. Mas, nem por isso, você vai deixar de pagar.

Tanto lá quanto na Suíça, quem vai circular na rodovia tem de comprar um cartão, a ser afixado no para-brisa do carro. O austríaco custa 73 euros por ano, mas há opções mais interessantes para os turistas, como o de dois meses, a 22 euros, ou o de dez dias, por 8 euros.


Os cartões podem ser adquiridos em postos de gasolina e correios, entre outros locais. Quem não adquiri-lo e for pego pela fiscalização terá de pagar uma multa bem superior ao valor anual.

A mesma penalidade vale na Suíça. Por lá, não há opção para turistas. Se quer circular de carro pelas rodovias do país, você terá de pagar 40 francos, o mesmo que recolhem anualmente os moradores.

Cartão anual para rodar nas rodovias suíças custa 40 francos e é vendido nas fronteiras

O cartão é vendido nas fronteiras, mas também é possível encontrá-lo em agências de correios e alguns outros postos. Se for alugar um carro na própria Suíça, informe-se com sua locadora.


Aqui, vale uma nota: se você exceder o limite de velocidade na Suíça, que é de 130 km/h nas rodovias, você não apenas pagará multa. Seu carro será apreendido. Sim, você ficará a pé. Portanto, não vacile.

Para constar, 130 km/h também é a velocidade máxima permitida nas rodovias da França, Espanha e Áustria. Na Itália, o limite é 120 km/h. Na Alemanha… bem, veja abaixo.

AH, A ALEMANHA…


A Alemanha também é peculiar na hora de cobrar o pedágio. Peculiar porque… não o cobra. É isso mesmo: para rodar nas Autobahns, as melhores rodovias do mundo, cuja maioria dos trechos pode ser percorrida sem limite de velocidade, você não precisa pagar pedágio. É ou não é o paraíso dos apaixonados por carros?

Autobahn: sem limite de velocidade e sem pedágio… por enquanto

Mas isso deve mudar em breve. Há um projeto que prevê o início da cobrança de pedágio para estrangeiros, num sistema que deverá funcionar como na Áustria e na Suíça.

“Mas como vão saber que sou estrangeiro, se estarei de carro”? Pois bem: o pedágio vai valer para carros com placas não-alemãs. Na verdade, os moradores são um tanto revoltados por terem de pagar pedágio na França, Suíça, Itália, Áustria, Espanha, etc, sendo que quem vive nestes países roda na Alemanha de graça.


Mas, o que isso significa para nós, brasileiros? Na prática, quase nada. Afinal, se você pretende viajar pela Alemanha de carro, vai alugar um veículo com placa local, evidentemente. Agora, se você vai combinar Alemanha com outros países, procure locar seu carro por lá, pois, neste caso, você vai se livrar do pedágio em pelo menos um dos locais visitados. Isso se a lei for aprovada mesmo, né? A conferir…

COMO EVITAR OS PEDÁGIOS


Uma viagem de carro é também uma oportunidade de apreciar as belas paisagens locais. E, nas rodovias, raramente você terá isso. Assim, sempre que possível, evite-as. Coloque nas configurações do GPS “evitar pedágios”.  Quase todos têm essa opção. Automaticamente, o sistema vai te indicar as estradas secundárias.

Não alugou GPS? Vacilou! É um incrível facilitador e vale cada centavo pago por ele. Mas, se for o caso, procure no bom e velho mapa as vias identificadas com as letras “B” e “C”.

Neste caso, você terá uma viagem agradável, sem pressa, podendo fazer frequentes paradas para apreciar os cenários de praias, serras, montanhas, florestas…


Exemplo: não tem cabimento viajar pequenas distâncias na Riviera Francesa por meio das rodovias. Você perderá a experiência inesquecível que é rodar pelas estradas secundárias, localmente chamadas de “Corniches”. Há montanhas, mar azul, pequenas vilas… não dá para perder.

Deixe as rodovias apenas para os trechos mais longos. Com exceção da Alemanha, claro. Por lá, também há paisagens belas nas vias secundárias. Mas não é todo dia que se pode usar todo o potencial de aceleração do carro, né? Combine Autobahns com estradinhas e seja feliz!

 


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