Primeira Classe

Como se tornar piloto de corrida em um dia

Com um programa de um dia, dá para guiar até na 24 Horas de Le Mans

Rafaela Borges

19 de jun, 2019 · 12 minutos de leitura.

Volvo C30 curso de piloto" >
Volvo C30 é usado no programa
Crédito: Divulgação

Quase todo mundo que é apaixonado por carros já sonhou em ser piloto de corrida. E você sabia que não é tão difícil como você talvez imagine?

É preciso de apenas um dia de treinamento para ter a chance de estar apto para correr em qualquer categoria do Brasil, com exceção da Stock Car. Fiz esse treinamento na última terça-feira (18), mas ainda não o concluí.

Com a baixa incidência de luz nesta época do ano, não deu tempo de concluir a “quinta aula”, na qual eu seria avaliada para saber se tenho condições de pilotar um carro de corrida em uma competição. Vai ficar para a próxima edição.


O treinamento é o “Pilotagem Esportiva”, ministrado pelo Centro de Pilotagem Roberto Manzini. Custa R$ 8.900 à vista, mas há opções de parcelamento (nesse caso, o valor muda; consulte por meio do e-mail ou telefone – confira o serviço abaixo).

A próxima turma já tem data definida: 18 e 19 de agosto. Após esse período, no fim do segundo dia de treinamento, o aluno pode optar por passar por avaliação (na “quinta aula”; veja detalhes abaixo), que é feito por Paulo Gomes, o primeiro campeão da história da Stock Car.

Paulão passa todo o segundo dia acompanhando o treinamento dos alunos. Ele é o representante da CBA, responsável por avaliar quem pode ou não receber autorização para obter a carteirinha de piloto.


Para passar na avaliação, é preciso virar tempos de volta no Autódromo de Interlagos, onde é realizado o programa, em um tempo máximo estipulado pela coordenação do centro de pilotagem. Esse tempo pode variar conforme as condições de pista e clima, por exemplo.

 

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De acordo com Paulão, a maioria dos participantes é aprovada. O valor da avaliação e homologação do certificado, porém, não está incluído no preço do treinamento.

Todo o processo de filiação, já com a carteirinha (tem de ser providenciada junto à CBA), sai por cerca de R$ 2 mil. Aí, você já será piloto da categoria “B”. Dá para correr, por exemplo, em categorias como Porsche Cup e Sprint Race, por exemplo.


Lá fora, é possível disputar o Mundial de Endurance, que inclui a 24 Horas de Le Mans, na categoria GT-AM.

Já para chegar à categoria “A”, a da Stock Car, é necessário experiência. O piloto tem de conquistar bons resultados em um campeonato brasileiro.

Curioso é que a maioria dos participantes não tem verdadeira intenção de competir. Ainda assim, trata-se de um público formado por entusiastas da velocidade. Quase todo mundo opta por ter a carteirinha.


O curso que te transforma em piloto

O “Pilotagem Esportiva” foi o primeiro passo de grande parte dos pilotos brasileiros das últimas gerações. Geralmente, eles passam pelo kart e fazem o treinamento para receber graduação.

Alguns dos instrutores, inclusive, são pilotos de categorias importantes no Brasil e no mundo.

O programa começa na noite do primeiro dia. Durante três horas, alunos recebem instruções sobre a pista e a maneira correta de guiar em um circuito. Além disso, há lições sobre o comportamento dos sistema do carro e como eles interferem em suas reações.


 

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Com isso, o aluno fica conhecendo ainda mais os detalhes dos automóveis – a maioria já sabe bastante.

Essa sessão ocorre no Centro de Pilotagem Roberto Manzini, em frente ao Autódromo de Interlagos.


No segundo dia, o programa tem início às 7h30, já em Interlagos. São cinco aulas, cada uma com cerca de dez minutos. Nas três primeiras, o aluno é acompanhado por um instrutor, que diz o que ele tem de fazer.

Ao fim de cada aula, o participante recebe feedback sobre seus erros, acertos e como é possível evoluir. A partir da quarta aula, dependendo do desempenho, o aluno vai para a pista sozinho.

O mesmo ocorre na quinta aula, quando são aferidos os tempos. A cada parte do treinamento, a velocidade vai aumentando. A rotação do motor começa limitada a 4 mil unidades, vai para 5 mil e, no fim, não há limites.


Fundamentos para fazer bons tempos

O principal segredo de se dirigir em um circuito no menor tempo possível é manter o volante reto. Direção virando é sinal de perda de tempo.

Assim, em uma curva, é primordial conhecer bem os pontos de ataque e tangência. Ao atingir esse ponto, geralmente, tem início a aceleração, e o volante deve ser apontado para o lado de fora, para se manter reto. É o famoso sair da curva acelerando.

Mas para conseguir isso, é preciso dominar diversos outros fundamentos. Onde é o ponto ideal de frenagem? Qual é o momento certo de fazer trocas de marcha (bem diferente da execução dessa função em carros de rua)? Quando se deve voltar a acelerar?


Ao longo do dia, o aluno vai aprendendo, evoluindo, conhecendo cada cantinho do autódromo de Interlagos. Os tempos vão baixando, enquanto a satisfação e a adrenalina aumenta.

Não  é à toa que o público é formado por gente que ama carros ou velocidade. Que participa de “track days”, ou simplesmente quer passar a entender melhor cada detalhe de uma corrida de carros. Ou ainda aqueles que vão por pura paixão e adrenalina, coroada pelo gostinho de dizer: eu sou um piloto de verdade.

O carro

O programa de pilotagem é feito com um Volvo C30 totalmente modificado. O câmbio é manual de cinco marchas. No treinamento, são usadas apenas a terceira (em quase todo o miolo de Interlagos), a quarta e a quinta.


A medida que a rotação vai sendo liberada, no decorrer das aulas, as trocas de marcha passam a ser feitas em pontos diferentes.

 

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O motor também foi modificado. E, como não há nenhuma proteção acústica, o barulho é empolgante nas acelerações, reduções de marcha, etc.


Há ainda célula de sobrevivência, bancos de competição e cinto de quatro pontos. O painel foi todo modificado. Em evidência, fica o conta-giros, já que a rotação é o que realmente importa para se obter um bom desempenho (ela deve ser mantida cada vez mais próxima do limite de corte).

Os pneus são do tipo slick. Os freios ABS e o controle de estabilidade foram retirados. Com o C30 do programa de pilotagem, é no braço. Porém, há assistência à direção, que também pode ser desligada.

Não é incomum o aluno rodar durante o trajeto. Acontece bastante. Afinal, ali a ordem é conseguir levar o carro ao limite. E claro que haverá alguns percalços nessa trajetória.


Outros detalhes e serviço

Estão incluídos no programa os equipamentos de segurança que o piloto deve usar. Há macacão, capacete, balaclava e luva.

Alimentação também faz parte do pacote. Durante todo o programa, em tendas montadas no laranjinha, estão disponíveis snacks, frutas, sucos, água e refrigerante.

O almoço é servido no centro de pilotagem, em frente ao autódromo.


Ao fim das atividades de pista, há uma aula de despedida, onde são entregues certificado e pen drive com as voltas da quarta e da quinta aulas.

Há ainda uma aula de duas horas sobre as bandeiras usadas no automobilismo. Caso alguém saia dali e decida realmente se tornar piloto. E, depois de um dia de tanta emoção, é bem comum essa hipótese passar pela cabeça do aluno, mesmo que logo seja deixado de lado.

Após participar desse treinamento, fica difícil tirar Interlagos e a sensação de velocidade de dentro de você.


O e-mail do centro de pilotagem é curso@robertomanzini.com.br. Os telefones são (11) 5668-5353 e (11) 97503-5491 (apenas WhatsApp).

 

 


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