Primeira Classe

Como é voar na classe executiva da Air Europa

Experiência na Air Europa teve grande disparidade de qualidade entre os trechos de ida e volta

Rafaela Borges

29 de jul, 2019 · 20 minutos de leitura.

Air Europa" >
Classe executiva da Air Europa
Crédito: Rafaela Borges

A Air Europa, companhia aérea espanhola que opera voos de Madri a algumas capitais brasileiras – e vice-versa -, é conhecida por ter preços geralmente mais baixos que os da concorrência. Pesquisei bastante sobre a empresa antes de meu voo, em meados de julho.

No entanto, só encontrei, em português, resenhas da classe econômica. Havia algumas avaliações da executiva, na qual voei, em inglês. Mas nada muito profundo.

As avaliações da classe econômica da Air Europa feitas por brasileiros não são positivas. Isso contribuiu para me deixar muito surpresa e satisfeita durante o voo de ida, de São Paulo a Madri. Sobre esse trecho, quase não tenho críticas.

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No entanto, a qualidade do voo de ida também foi fundamental para me deixar muito decepcionada com o trecho de volta. É certo que a maior parte dos problemas não foram da companhia, e sim do terminal em que ela opera.


Ainda assim, houve um abismo de qualidade. Confira a seguir todos os detalhes sobre a experiência na classe executiva da Air Europa.

Terminal em Guarulhos, check-in e sala VIP

A Air Europa é única companhia europeia que opera no Terminal 2. Por lá, também fazem trechos internacionais mais longos a norte-americana Delta, a colombiana Avianca e a panamenha Copa Airlines, além de algumas empresas africanas.

Porém, apesar de o Terminal 3 ser muito mais moderno e charmoso, o 2 não deixa a desejar. Ele foi reformado e tem máquinas de leitura eletrônica de bilhetes e de passaportes para brasileiros, na imigração.


A área de check-in é mais tumultuada que no Terminal 3, mas, na Air Europa, ele foi feito sem filas, de maneira rápida e eficiente.

Gol Terminal 2 Guarulhos
Sala VIP da Gol no T2 (Foto: Divulgação)

 


A Air Europa e a Gol recentemente anunciaram parceria. Agora, dá para emitir bilhetes da espanhola usando pontos Smiles. Porém, não dá para pontuar os voos da companhia europeia no programa da empresa brasileira.

Além de seu próprio programa de fidelidade, a Air Europa gera pontos nos de Air France e KLM e nos dá aliança da qual faz parte, a SkyTeam. Além da espanhola, da holandesa e da francesa, também estão nesse grupo a Delta, a Alitalia e a Aerolineas Argentinas, entre outras (veja lista completa aqui).


Foto: Divulgação

 

A sala VIP usada pela Air Europa no Terminal 2 é a da Gol. Ampla e confortável, tem vista para a pista do aeroporto, boas poltronas com tomadas para carregar eletrônicos portáteis e cabines individuais com chuveiros.

Como o voo era às 14 horas, foi servido almoço enquanto estávamos na sala VIP. Bem variado, inclui salada, queijos, sopas e pratos quentes, além de diversidade de bebidas.


Cabine da executiva da Air Europa

A companhia espanhola opera o trecho São Paulo – Madri, e vice-versa, com um moderno Boeing 787-800. Uma das características bacanas dessa aeronave é a ausência de cortinas nas janelas.

A intensidade de entrada da luz vai sendo controlada automaticamente, por meio de um botão, da total iluminação ao completo blackout.

 


Foto: Rafaela Borges

 

A disposição das poltronas é 2-2-2. Elas são flat-beds, com inclinação em 180°, se transformando em confortáveis camas. Além de três posições pré-determinadas (decolagem/pouso, descanso e cama), dá para combinar outras configurações de inclinação.


À frente das poltronas, há o apoio para os pés. Além disso, há uma divisória entre as duas poltronas, para garantir a privacidade de quem não está viajando acompanhado.

 


Foto: Rafaela Borges

 

Amenidades e entretenimento

A Air Europa oferece forro para a poltrona (os comissários se oferecem para forrá-las), além de cobertor e travesseiros confortáveis. O kit de amenidades é completo e com produtos de boa qualidade. Inclui cremes para pés, mãos e até rosto.

A tela individual é grande e sensível ao toque. Também pode ser comandada por um dispositivo remoto, que tem a opção de exibir programações diferentes das que estão no monitor principal, se o passageiro assim desejar.


 

 

A seleção de filmes não é tão gigantesca como a da Lufthansa, por exemplo. Há menos títulos. No entanto, a companhia investe em diversidade de títulos que acabaram de sair dos cinemas.


E há a seção de clássicos, que eu adorei. Fãs de filmes mais antigos que sou, assisti “E o Vento Levou” na ida e “O Silêncio dos Inocentes” na volta. Há também temporadas completas de séries de sucesso, como a segunda de “The Handmaid’s Tale”.

Embarque

Como não há primeira classe, a prioridade para embarque é dos passageiros da classe executiva. E é recomendável embarcar logo, na primeira chamada. Diferentemente do que ocorre no Terminal 3, a Air Europa não usa duas portas de embarque nem em São Paulo nem em Madri.

Assim, tanto na ida quanto na volta enfrentamos uma fila formada no corredor do finger, pois o embarque da econômica, com número muito maior de passageiros, já havia começado.


Serviços

A bordo são servidas bebidas de boas-vindas: espumante, água e sucos. O serviço de alimentação tem início pouco tempo após o piloto desligar o aviso de cintos de segurança.

Não é preciso escolher a entrada. Vem tudo o que está no cardápio. O passageiro só escolhe o prato principal, servido separadamente. Eu comi um peixe com legumes, extremamente saboroso, assim como as entradas.

Isso de São Paulo a Madri. Na volta, o prato principal foi servido junto com as entradas. E estava tudo muito ruim. Escolhi um frango com gosto tão estranho que não consegui comer.


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E mesmo os aperitivos disponíveis na galeria da executiva, durante o voo, foram diferentes nos dois trechos. No primeiro, havia variedade de sanduíches e doces. No segundo, apenas um tipo de sanduíche. E mais nada.


Além do jantar, é servido também café da manhã – a cerca de uma hora e meia da chegada ao destino.

O cardápio de bebidas é bem diversificado. Além de não-alcoólicos, há destilados, drinks e vinhos espanhol e português.

Porém, tanto na ida quanto na volta vale destacar a extrema cordialidade da tripulação. A qualidade do serviço é bem superior à da outra companhia aérea espanhola que opera no Brasil, a Iberia.


Outros detalhes

Outro ponto positivo é o tamanho da mesinha de refeições, maior e mais fácil de operar que a média. Por outro lado, só havia um banheiro em operação na classe executiva.

Foto: Divulgação

 


Ainda assim, não houve filas – até por se tratar de uma cabine pequena, para 24 passageiros apenas.

Tanto em São Paulo quanto em Madri, as malas chegaram rapidamente, respeitando a prioridade da classe executiva.

A bordo do 787-8 da Air Europa, minha principal crítica é o serviço de internet. O passageiro da executiva ganha um voucher de 10 MB, que não dá para nada. Só serve para instigar a comprar mais.


São três opções, sendo a mais cara tabelada em 20 euros. Porém, só 100 MB estão disponíveis, que também não são suficientes para quase nada. Na Lufthansa, por esse valor a internet é ilimitada, durante todo o voo – e, quando fiz dois, de São Paulo a Frankfurt e então ao Bahrein, ainda pude usar o que sobrou do primeiro trecho no segundo.

A American Airlines também oferece plano de internet ilimitada. Nas demais companhias, não testei o serviço. Aqui, ponto negativo para a Air Europa.

Por fim, eu não consegui fazer marcação de assento por meio do site da Air Europa na internet. Era preciso entrar em contato com a central de atendimento por telefone. Desisti.


Terminal 1 em Madri

As diferenças entre os trechos de São Paulo a Madri e de Madri a São Paulo eu já expliquei um pouco no tópico “Serviços”. Na volta, o espaço para a bagagem sobre minha poltrona estava quebrado. Porém, acomodei tranquilamente minha mala de mão no compartimento ao lado.

O grande problema da experiência com a Air Europa é o terminal em que ela opera no Aeroporto de Barajas, em Madri. Trata-se do Terminal 1, onde estão a maioria das aéreas que fazem parte do SkyTeam.

Para quem conhece o T4 e o T4S desse mesmo aeroporto, modernos e funcionais, a impressão é de estar em um local totalmente diferente. Estes são usados pela Iberia e as companhias da aliança One World (que inclui a Latam), principalmente.


Sala Cibeles em Madri (Foto: Divulgação)

 

Feio, tumultuado e pouco funcional, o Terminal 1 parece um pesadelo. Lembra muito os antigos terminais 1 e 2 de Guarulhos, antes da reforma.


O check-in foi lento e os funcionários, mal educados. Há fast track (passagem exclusiva) para os passageiros da executiva apenas no Raio-X. Na imigração, não. E, ali, as filas são imensas. Dependendo do horário, dá para perder uns bons 40 minutos por ali.

Sala VIP em Barajas

A sala VIP usada pela Air Europa no Terminal 1 em Barajas chama-se Cibeles. Não é exclusiva; várias companhias a utilizam.

Ao me aproximar, notei uma imensa fila. Procurei me informar: a sala estava lotada e aquela fila era para pessoas que queriam pagar para usar o lounge, bem como para passageiros com status mais baixos em programas de fidelidade das companhias.


Quem voava de executiva poderia passar direto. Porém, a recepcionista logo avisou: não havia lugar para sentar.

Já coloquei meu nome na lista para usar uma das cabines com chuveiro logo ao chegar ao lounge. Estava quente em Madri e eu contava com um banho antes de embarcar.

A recepcionista avisou que demoraria. Havia oito pessoas em minha frente, mas cinco cabines disponíveis. Eu não me preocupei tanto: teria uma hora e meia na sala Cibeles.


Porém, eu só consegui tomar um banho “relâmpago” porque meu voo atrasou uma hora. Descobrimos que havia só uma pessoa para fazer a limpeza, e só uma das cinco cabines em operação. Mesmo com a sala lotada.

A sala Cibeles é até bonita, ampla e com muitas poltronas e mesas. Porém, estava muito cheia e sem pessoal suficiente para atender à demanda. Quase nada era reposto.

Além disso, o ar-condicionado não estava funcionando. Então, a sala VIP virou um verdadeiro forno. Ao menos, há uma varanda aberta, com vista para a pista, que acabou sendo a salvação.


Havia chovido no dia em questão, o que deixou o clima um pouco mais fresco – naquela tarde, os termômetros haviam ultrapassado os 40 graus.

Air Europa x outras companhias: preços

O comparativo de preços da Air Europa com a concorrência é um dos mais fáceis de fazer. Isso porque existem, além dela, quatro empresas que fazem o trecho de São Paulo à capital espanhola, diariamente ou não.

Fiz algumas simulações para conferir se as tarifas da Air Europa, em diversas datas, valem mesmo a pena. Minha comparação foi com Iberia e Latam, que operam voos diários e com as quais já voei. A quarta empresa a operar o trecho é a Air China.


Na primeira simulação, com partida de São Paulo em 16 de setembro e retorno no dia 23, a vantagem da Air Europa na classe executiva é ampla. Ida e volta saem por cerca de R$ 12 mil, ante os R$ 20 mil da Latam e R$ 21 mil da Iberia.

Para quem não faz questão de voos diretos, há opções mais em conta, com conexão. Exemplos são a Avianca, por R$ 8,5 mil, e a própria Latam, por R$ 10 mil.

A segunda simulação já reduziu a vantagem da Air Europa. Partindo de São Paulo no dia 4 de dezembro e retornando no dia 11, a tarifa é de R$ 8,9 mil, aproximadamente, ante os R$ 9 mil da Iberia e R$ 9,5 mil da Latam. Também há valores menores em voos com conexão.


Em datas no mês de março, os preços de Air Europa e Iberia são praticamente os mesmos: R$ 11,5 mil. O bilhete da Latam sai por cerca de R$ 12,3 mil.

Os valores acima são aproximados e não incluem impostos. As cotações foram feitas por meio do site Decolar.

Vale a pena?

Mas e aí, a classe executiva da Air Europa vale a pena? Com um preço bem mais baixo, sem dúvida nenhuma. Já com tarifa semelhante, depende do que você prioriza em uma business class.


Latam e Iberia oferecem estrutura melhor em Barajas. Porém, também costumam oferecer muitos contratempos.

 

 


 

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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.