Foi uma verdadeira humilhação o que ocorreu com os sedãs médios no mês de setembro. O Classe C, cujo preço inicial é de cerca de R$ 150 mil, deixou para trás 70% dos sedãs que partem de cerca de R$ 80 mil. À frente dele apareceram apenas Corolla, Cruze e Civic.
Com absurdas 1.331 unidades vendidas, o Mercedes humilhou os sedãs mais baratos. Atrás dele ficaram Jetta, Focus Sedan, Sentra, C4 Lounge, Cerato e 408. Atrás, não. Bem atrás. Desse grupo, o mais vendido foi o Jetta, com 932 emplacamentos.
O carro também superou outros sedãs, sejam eles médios ou médios-grandes, que têm preços iniciais mais altos – acima de R$ 100 mil -, mas, ainda assim, abaixo da tabela do Mercedes. Entre eles estão A3 Sedan (de porte menor) e Fusion (um pouco maior).
E agora vem a notícia mais perturbadora. Com exceção do Corolla e seus 6 mil emplacamentos, nenhum sedã parece estar garantido da ameaça representada pelo Classe C. Até mesmo Cruze e Civic não apresentaram uma grande vantagem para o Mercedes.
O Civic, segundo carro mais vendido do segmento, teve 1.901 emplacamentos em setembro. O Cruze, terceiro, registrou 1.650.
Dá para imaginar que, em outubro, exista a possibilidade de o Classe C ultrapassar Cruze e Civic? Sim! E não.
Primeiramente, é preciso analisar o que ocorreu com o Classe C em setembro. Não dá para atribuir o desempenho a uma grande venda feita pela Mercedes no atacado.
Isso porque, em setembro, 1.285 emplacamentos do carro foram provenientes de vendas feitas no varejo. Ou seja, nas concessionárias, diretamente para o cliente, sem grandes descontos. As vendas no atacado (diretas, para empresas) foram pífias, portanto.
Assim, dá para dizer sim que o Classe C teve uma grande procura pelo cliente no mês passado. Suas vendas já vinham em evolução desde agosto, quando ultrapassou as 500 unidades – ante as cerca de 250 de meses anteriores. Em setembro, explodiram.
Só o mês de outubro, no entanto, dirá se o Classe C conseguirá manter o ritmo. E se Cruze e Civic precisam mesmo se preocupar com ele. Convenhamos: não pega nada bem para os dois carros nacionais vender menos que um modelo de R$ 150 mil – que, a propósito, é montado, mas não produzido no Brasil.
PREOCUPAÇÃO ALÉM DE UM MÊS
Mais que com o Classe C, Cruze e Civic, além de todos os sedãs médios que não se chamam Corolla, têm de se preocupar com o futuro do segmento. Há cerca de um mês, analisei um contexto que pode parecer distante, mas não improvável: os sedãs médios sofrem ameaça de morte.
Do grupo dos modelos que partem da casa dos R$ 80 mil ou R$ 90 mil, só Corolla, Civic e Cruze vendem mais de mil unidades por mês. E isso não é um fenômeno que se desenhou recentemente. Mês a mês, as vendas do segmento vêm caindo, perdendo espaço para os SUVs compactos – cada vez mais numerosos e bem sucedidos.
Já no segmento de carros de marca de luxo, esse fenômeno é menos forte. Antes da explosão do Classe C, apenas SUVs haviam liderado as vendas mensais no ano (Q3, Discovery Sport e GLA). Porém, os sedãs médios, a exemplo do próprio Mercedes, do Série 3 e do A3 Sedan, nunca ficaram muito para trás.
Entre os carros de luxo, os sedãs não apenas sobrevivem como mostram um fôlego impressionante. Já entre os modelos abaixo de R$ 100 mil, estão sendo “engolidos” pelos SUVs. Como já foram as peruas, os monovolumes e até os hatches médios.
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