Muitos de vocês deve ter visto o que rolou na pista durante o GP de Mônaco, no domingo, dia 24 de maio. Mas eu vou contar aqui o que vocês não viram: quem passou por lá e o que rola de legal durante toda a semana do Grande Prêmio. Enfim, os bastidores da prova mais charmosa do calendário da Fórmula 1.
AQUECIMENTO
Nos Grandes Prêmios normais, os pilotos começam a chegar à cidade onde ocorrerá a corrida na quarta-feira. Em Mônaco, única etapa em que os primeiros treinos livres são disputados na quinta-feira, este movimento começa na segunda ou na terça. Bem, na verdade, muitos já estão lá, pois moram no principado. Exemplos: Felipe Massa, Nico Rosberg, Lewis Hamilton…
Desde então, a cidade é tomada por festas ainda mais agitadas que no auge do verão europeu (junho a setembro), seja nas ruas ou nas exclusivas casas noturnas. O Festival de Cannes, que ocorreu na mesma semana, na cidade que fica a cerca de 70 km de Monte Carlo, encheu ainda mais o principado de celebridades.
Na quinta-feira, após a disputa dos primeiros treinos livres, ocorreu a primeira festa oficial da Fórmula 1, no Amber Lounge, que fica no hotel Le Meridien. Foi um desfile beneficente, seguido de jantar, no qual alguns pilotos – e as esposas e namoradas também – vestiram alta costura e bancaram modelos nas passarelas. O brasileiro Felipe Nasr estava entre eles, bem como Jessica Michibata, que recentemente se tornou a senhora Jenson Button.
Enquanto isso, nas ruas que durante o dia ficaram fechadas para os treinos livres, ocorria a “festa do povo”. Assim foi de quinta a domingo. No grid de largada, em vez de carros, se via o público das arquibancadas festejando. A cada metro, um DJ diferente, música alta, bares com venda de bebidas e comidas a preços surpreendentemente baixos, ainda mais para uma cidade tão cara quanto Monte Carlo. No GP de Mônaco, também há vez para os não-VIPs. E com um certo glamour, afinal, estamos falando da terra de príncipes e da saudosa princesa Grace Kelly.
Se hospedar em Mônaco durante a semana do Grande Prêmio é caro. Muito caro. Para se ter uma ideia, o Columbus Monte Carlo, o três-estrelas que é um dos mas acessíveis da cidade, estava cobrando 5 mil euros – cerca de R$ 17 mil – por três noites de hospedagem, em pacote que oferecia credenciais para um lounge com vista privilegiada da pista – menos mal, portanto, mas ainda assim caríssimo.
Por isso, o público costuma se hospedar nas cidades próximas, cujos preços ficam também bastante inflacionados nesta época, mas bem mais em conta do que no principado. As principais são Nice e Menton, na França, mas há quem opte ainda por Ventimiglia, na Itália.
Para chegar a Mônaco, o meio de transporte mais comum é o trem. Eles ficam bastante lotados mesmo para quem opta por deixar o Principado lá pelas 23h nos dias de treino e corrida. Principalmente se o destino for Nice. Mas saem de 15 em 15 minutos e custam cerca de 5 euros o trecho.
Outra boa opção é ir ao principado com scooters. Porém, como são um meio de transporte prático – podem ser deixadas estacionadas na rua -, elas também têm um preço bem pouco usual nesta época. Havia locadoras cobrando 700 euros por quatro diárias.
Fui de carro e me surpreendi. Já tinha ouvido falar que o trânsito para chegar à Mônaco era pesado, mas, sinceramente, não o presenciei nem no sábado nem no domingo. O lado negativo é o preço dos estacionamentos, pois não há possibilidade nenhuma de se conseguir estacionar o carro na rua. A “brincadeira” pode sair por uns 40 euros, talvez mais, dependendo do local e do tempo de estadia. Além disso, é preciso chegar cedo. As vagas são limitadas.
Dica importante: se for de carro ou de scooter, evite a autoestrada. E nem apenas por causa dos pedágios, cujos preços nem são muito altos (de 0,80 a 2,30 euros), já que as distâncias são pequenas. Lá, se cobra por quilômetro rodado. Retira-se um ticket na saída da cidade e a validação ocorre na entrada da outra.
Porém, vá pelas chamadas “corniches”, ou vias secundárias, seja a partir de Menton ou de Nice. O visual que se tem nestes trechos é de ficar na memória para sempre, com o mar da Riviera Francesa e as paisagens de cidades medievais expostos aos olhos. Inesquecível. Além disso, por meio dessas vias, evita-se o trânsito das rotatórias na entrada de Mônaco.
AS RUAS DE MÔNACO
Na chegada a Mônaco, o clima do Grande Prêmio está por todas as partes. As ruas ficam cheias de barraquinhas provisórias, que vendem comida, bebida e objetos oficiais – ou não – das equipes de Fórmula 1. Os torcedores, especialmente os que compram os convites das arquibancadas, geralmente estão com camisetas de bonés de seus times de F1 preferidos.
Porém, não falta alta costura pelas ruas dos principados; homens e mulheres vestidos com peças de grifes italianas e francesas circulam aos montes. As bolsas Chanel são praticamente item de série. Em Mônaco, se vê o torcedor comum da F1, mas também o convidado glamuroso.
Como se trata de uma corrida de rua, quem não tem convite também consegue assistir ao Grande Prêmio. A organização bem que tenta evitar, tampando com pano preto boa parte das grades que delimitam a pista – há sempre alguém espiando pelas pequenas falhas na cobertura. Além disso, seguranças – a maioria muito mal educada, por sinal – estão sempre a postos para impedir a passagem de quem não tem convite.
Mas o público não se abala; afinal, a rua é livre. Assim, tanto durante os treinos de quinta e sábado quanto na corrida, há uma cena inusitada. O público sem ingresso se aglomera nos morros que circundam o principado e, sem gastar um centavo, tem uma vista privilegiada da corrida.
A ESTRUTURA
Nos Grandes Prêmios realizados em autódromos, o paddock, área onde estão os escritórios das equipes – nas etapas europeias, elas levam seus próprios motor homes -, fica atrás dos boxes. Em Mônaco, como é tudo improvisado, não.
A área dos boxes, bem como o pít lane, onde ocorrem os pit stops, ficam em local separado, mas não muito distante do paddock.
É no paddock e no pit lane que circulam pilotos, chefes de equipe, mecânicos, engenheiros e convidados. E, em Mônaco, os convidados, geralmente, são celebridades notáveis do cinema, entretenimento, (outros) esportes, etc.
Durante o fim de semana da corrida, estiveram por lá diversos brasileiros. O jogador de futebol Thiago Silva, acompanhado da esposa e dos filhos. A ex-modelo Luiza Brunet com o namorado e a top Fernanda Mota, acompanhada pelo marido.
Entre as celebridades internacionais, os destaques foram o astro do Real Madrid Cristiano Ronaldo e a modelo e socialite Kendall Jenner, mais conhecida como a irmã da Kim Kardashian. Ela foi muito perseguida pelos fotógrafos, principalmente após posar em foto com o campeão Lewis Hamilton, da Mercedes – o piloto postou a imagem no Instagram.
A realeza também marcou presença, e não apenas por meio da família que governa Mônaco – o chefe de Estado, o príncipe Albert, e seu sobrinho, Pierri, foram os que mais circularam pelo paddock e pit lane. Também estiveram em Mônaco os reis da Suécia, Carl Gustav e Sylvia.
Eles passaram pelo motor home da Sauber. A equipe suíça hoje tem grande influência sueca e brasileira, nacionalidades dos pilotos Marcus Ericsson e Felipe Nasr, bem como de seus respectivos patrocinadores. Sylvia, que nasceu na Alemanha, mas cresceu no Brasil – estudou, inclusive, no colégio Porto Seguro -, passou bastante tempo conversando com os pais de Felipe, Samir e Eliane, em português fluente.
Assim como os monarcas suecos, a maioria dos convidados ocupa, enquanto não há atividade na pista, os motor homes/camarotes das equipes. Essas estruturas, transportadas por caminhões desde a sede dos times – a maioria na Inglaterra, mas algumas na Itália e Suíça -, têm escritórios e salas para reuniões e entrevistas, além de lounges onde estão disponíveis serviços de buffet e bebidas.
No paddock, a estrutura mais impressionante é a da Ferrari, que tem duas zonas, uma só para a imprensa e outrta para convidados e integrantes da equipe. Na Mercedes, chama a atenção um terraço. No caso da Red Bull, em Mônaco, não se trata de um motor home. Posicionado fora do paddock, o centro de hospitalidade da equipe é uma estrutura flutuante.
Ali, há muita festa, variedade de bebidas e convidados muito, muito animados. A boa notícia? Os ingressos para a chamada Red Bull Station, que tem direito até a piscina – além de uma infinidade de telões -, podem ser comprados. Como adquirir e quanto custa? Prometo que em breve vou descobrir e conto para vocês, ok?
A má notícia? Apesar da festança e da fartura de comes e bebes, na Red Bull Station não se vê grande parte da pista. É possível enxergar apenas, um pouco longe, os carros passando pela La Rascasse.
Quem está nos motor homes também nada vê – apenas pelos monitores instalados em cada um deles. Assim, quando começa a corrida, ou os treinos, alguns convidados vão para o Paddock Club, cuja vista é para a parte da pista que passa diante do Cassino de Mônaco e do Hotel de Paris, o mais exclusivo da cidade.
Alguns astros passam por lá despercebidos, escondidos, só curtindo os prazeres de Mônaco. Geralmente, eles assistem à corrida, e aproveitam todo o pacote de festas e agitos incluídos no fim de semana, nos barcos “estacionados” no porto de Mônaco. O astro pop Pharrell Williams, por exemplo, estava se divertindo muito em uma dessas embarcações.
E por falar em barcos, há quem vá a Mônaco só por causa deles. Muitas festas acontecem por lá.
Os barcos que ficam na parte da frente do porto têm boa vista para a pista. No caso dos de trás, a vista é apenas parcial. Ninguém parece se importar muito, porém. Ali, a ordem é sempre festejar. A música é alta, as pessoas dançam e tomam sol. Até shows de rock/pop particular, com duração de mais de quatro horas, estão na programação. As celebrações se estendem por toda a noite.
Alguns donos de barco vendem pacotes para que convidados possam assistir, a partir deles, à corrida, além de participarem das festas. Há opções que incluem hospedagem. Preços? Podem chegar a 5 mil euros.
O GRAN FINALE
Ao fim da corrida, os barcos aportados prestam homenagem ao vencedor por meio de um “buzinaço” que dura mais de cinco minutos. É bonito de se ver. De arrepiar, para falar a verdade.
Depois do pódio, das entrevistas, da cara amarrada de Hamilton – que perdeu a corrida por causa de uma estratégia equivocada -, todos começam a se preparar para as festas de encerramento do GP de Mônaco, que só terminam quase na manhã de segunda-feira.
Entre as diversas celebrações nas ruas e casas noturnas da cidade, o “gran finale” ocorreu no Amber Lounge. Era a festa oficial de encerramento do GP de Monte Carlo.
Entre os pilotos, é mais fácil falar das ausências que das presenças. Não estiveram por lá Sebastian Vettel, Kimi Raikkonen, Fernando Alonso e Felipe Massa… Lewis Hamilton, que havia declarado, semanas antes, querer aproveitar muito as festas de Mônaco no fim de semana do GP, acabou não aparecendo também.
Já Nico Rosberg, que acabou herdando a vitória por causa do erro na estratégia de Hamilton, era o mais animado dos pilotos presentes na noite que teve direito a John Newman cantando “Blame”, hit do momento. No fim da noite, o alemão acabou, junto com outros convidados, pulando dentro da piscina.
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