No mundo do automobilismo, dizem que os finlandeses são bons pilotos de Fórmula 1 e, principalmente, de rali, por terem aprendido a guiar na neve e, principalmente, no gelo. Quem já passou por experiência parecida sabe que essa afirmação faz todo sentido. Dirigir nessas condições, com baixíssima aderência, é uma das missões mais complicadas, e também mais divertidas, que já experimentei.
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Minha primeira vez na neve foi em 2011, em uma rodovia entre Ingolstadt e Munique, na Alemanha. A nevasca havia começado pela manhã e, ao fim do dia, a pista estava bastante escorregadia. Ao volante de um Audi A8 com diversos controles eletrônicos e tração nas quatro rodas, eu sentia a traseira do sedã escapar a todo momento, mas a tecnologia embarcada auxiliava na missão de controlá-lo.
Ao longo da estrada, porém, a cena mais comum era ver os carros de tração em apenas um dos eixos tombados. Os motoristas nem pareciam se preocupar. Aguardavam com o semblante tranquilo, dentro do próprio veículo, pelo socorro. Era como se aquilo fosse uma cena comum.
No início de fevereiro, a experiência foi mais emocionante. Não era só guiar na neve, mas sim no gelo. O “winter driving experience”, como é chamado este tipo de experiência de direção, ocorreu no norte da Suécia, região muito utilizada pelas montadoras para realização de testes de desenvolvimento de seus carros – principalmente na avaliação de tecnologias eletrônicas e aderência.
Mais precisamente, foi na cidade de Skelleftea, onde a Porsche montou um circuito de gelo e neve para o lançamento mundial das renovadas versões GTS e Turbo S do Cayenne – ambas dotadas de tração nas 4×4.
O objetivo é testar e treinar o controle sobre o carro. Nos circuitos de gelo – muitas vezes criados sobre lagos congelados – é preciso rodar bem devagar, nas primeiras voltas, para conseguir manter o carro na trajetória. No decorrer dos “giros”, o motorista vai ganhando confiança, fazendo o velocímetro aumentar… e aí está o perigo. Sair da pista é quase inevitável – os circuitos são montados, porém, com bastante segurança, já prevendo esse tipo de situação.
Também são feitos exercícios de frenagem, aceleração e drift, para mostrar como é diferente a direção em um piso de baixíssima aderência.
PARTICIPE
Montadoras como Porsche, BMW, Audi e Mercedes-Benz oferecem a seus clientes cursos de direção no gelo. A temporada de “winter drive” costuma terminar no final de fevereiro. Porém, você já pode conferir as opções e fazer seu agendamento para o próximo ano.
O da Porsche, em Levi, na Suécia, terminou em fevereiro. Inclui quatro noites de hospedagem em um resort, café da manhã e almoço, além de instrutores e transfers a partir do aeroporto e para o centro de pilotagem. Os carros utilizados no programa são 911 Carrera S e o 911 Turbo. Os preços, na temporada de 2015, começavam em 5.690 euros. Mais informações podem ser obtidas aqui.
A Audi tem opções para iniciantes e as chamadas “pro”, mais desafiantes. A experiência pode ser realizada na Suécia (com a perua S4 Avant) ou na Finlândia (ao volante do A5 Sportback). Os preços são de 3.450 euros para o curso mais simples e de 5.600 euros para o mais completo. Veja mais aqui.
No caso da BMW, o curso de direção no gelo custa 3.250 euros e ocorre em Arjeplog, na Suécia, ao volante do novíssimo cupê M4. No pacote há transfers e três noites de hospedagem. Saiba mais aqui.
A Mercedes (veja aqui) oferece em seu AMG Winter Sporting três opções: básica, avançada e “pro”. As diferenças estão nos números de dias, dificuldade dos exercícios e, evidentemente, no preço.
Há opções em Arjeplog e St. Michael, nos alpes austríacos. Os preços vão de 1.590 a 5.450 euros.
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