É um fenômeno mais observado no segmento de luxo. Aos poucos, porém, ele começa a atingir os carros mais generalistas, como o hatch Onix e também o HB20 e o Ka.
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Entre os sedãs, isso também está ficando evidente. A chegada de Cronos e Virtus ressaltou a “idade” de seus concorrentes. A verdade é que, com o avanço da tecnologia, alguns carros começam a parecer “pré-históricos” diante da concorrência em apenas dois anos.
Entre os carros generalistas o tempo é até um pouco maior. Mas no segmento de luxo, o tempo é este: dois anos.
A primeira vez que me dei conta disso foi em 2015, durante o lançamento mundial do Audi A4. O modelo era o primeiro do segmento a trazer painel virtual configurável e sistema semiautônomo de condução, só para citar alguns exemplos.
Quando se olhava para os dois principais concorrentes do carro, Série 3 e Classe C, eles pareciam coisa do passado. E ambos tinham sido lançados há pouquíssimo tempo: dois ou três anos.
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Nos dias de hoje
Outro exemplo, este mais recente, é o Land Rover Range Rover Velar. Entrar no carro, com sua cabine “hi-tech” de telas duplas, é como vislumbrar o futuro.
Tente entrar em seguida no Jaguar F-Pace. O modelo é luxuoso e, em minha opinião, muito melhor de dirigir que o Velar. Porém, há um abismo entre a cabine dos dois veículos.
E qual é a diferença de tempo entre o lançamento dos dois carros? Dois anos. Além disso, eles compartilham a mesma plataforma. Ainda assim, parecem modelos de décadas diferentes.
Compare então o Velar a outros concorrentes, como o Porsche Macan. As diferenças, principalmente aquelas que podem ser vistas, ficam ainda mais gritantes.
A verdade é que a vida está dura para a “turma” dos carros de luxo. Tecnologias como radares, sensores, “nuvens”, internet rápida e até inteligência artificial permitem mudanças profundas a curto prazo.
Então, uma marca lança um carro e um ano depois, já chega seu rival com tecnologias muito mais avançadas. Como resolver esses problemas?
Hoje, o tempo mínimo de uma geração de um carro de marca de luxo é cinco anos. Nesse período, há sempre uma renovação de meio de ciclo.
Acho difícil reduzir o tempo das gerações. Além dos custos envolvidos, os clientes não vão gostar nada disso. Quem quer comprar um carro super caro e, em pouquíssimo tempo, já ter uma geração antiga? Não faz bem para nenhum dos lados.
Por outro lado, é preciso desenvolver plataformas e soluções que prevejam mudanças drásticas sem necessidade de mudança de geração.
Hatch Onix e os carros generalistas
O hatch Onix foi lançado no Brasil em 2012. Levou alguns anos e passou a ser o líder de mercado. Por quê? Porque trouxe algo que fez seus rivais parecerem pré-históricos: a central multimídia MyLink.
De simples funcionamento, o sistema logo se tornou o multimídia ao alcance de muitos. Esse tipo de recurso era antes prioridade de carros mais caros.
O tempo passou, e agora é o hatch Onix que começa a parecer pré-histórico. O principal culpado disso? O Polo.
O Argo, no entanto, também leva certa responsabilidade por evidenciar a defasagem do hatch Onix.
Aliás, o Polo deixou não apenas o carro da Chevrolet parecendo pré-histórico. Outros modelos do segmento também tiveram suas idades evidenciadas com a chegada do hatch.
Entre eles estão o Hyundai HB20 e o Toyota Etios – também lançados em 2012. O Fiesta reagiu a tempo. Após a chegada do Polo (e também do Argo), ele ganhou atualizações que o deixaram mais em dia com os dois novatos.
O Fiesta manteve o problemático câmbio Powershift. Ainda assim, conseguiu ficar mais próximo de Argo e Polo com uma boa central multimídia, que se somou a duas outras coisas que ele já tinha: motor turbo e controles eletrônicos de estabilidade e tração.
O Polo, porém, vai muito além do Fiesta. Afinal, imagine um carro do mesmo segmento do hatch Onix e de outros compactos que tem até painel virtual. Além disso, só ele traz motor turbo e flexível, com injeção direta de combustível.
O Argo peca no defasado motor 1.8 da versão mais cara, mas contra-ataca com outros fatores. Ele tem start&stop, controles eletrônicos de tração e estabilidade, câmera de ré, etc.
Tudo isso faz dele, diante do hatch Onix, do HB20 e do Etios, um carro moderno em comparação a modelos defasados.
O futuro
Não há reestilização de “meio de vida” que faça o hatch Onix, o HB20 e o Etios ficarem equiparados ao Argo e, principalmente, ao Polo. Serão necessárias novas gerações.
Não é à toa. Afinal, aqui estamos falando de carros que foram lançados em 2012. Mas o fato é que, já tendo passado por atualizações recentes, eles ainda estão nas lojas, vendidos como zero-km e dando a impressão de serem bastante defasados. Um “problemão” para suas montadoras.
Mas as novas gerações vêm aí. A primeira a vir deverá ser a do hatch Onix. E, quando chegar, até 2020, é bem possível que traga inovações que vão fazer Argo e Polo parecerem pré-históricos. Ou, ao menos, bastante defasados.
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