Primeira Classe

Jeep chega ao top 10 em vendas; francesas despencam no ranking

Em julho, Renegade vendeu mais que as marcas da PSA

Rafaela Borges

04 de ago, 2015 · 9 minutos de leitura.

Jeep chega ao top 10 em vendas; francesas despencam no ranking
Crédito: Em julho, Renegade vendeu mais que as marcas da PSA

Jeep Renegade (Fotos: Sergio Castro/Estadão)

 

Alguns modelos estão provocando reviravoltas no mercado brasileiro, inclusive no ranking de vendas por marcas. Graças ao sucesso do Renegade em julho, a Jeep entrou no top 10 da lista de montadoras que mais emplacam carros no País, de acordo com a Fenabrave, federação que reúne associações de concessionárias.


(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

A montadora ficou exatamente na décima posição, com 4.242 carros vendidos. Destes, 4.028 exemplares são do Renegade, que começou a ser feito em Goiana (PE) no primeiro semestre.

É correto, então, dizer que, sozinho, o Renegade está vendendo mais que a Peugeot e a Citroën, as marcas do Grupo PSA. A primeira teve 2.407 automóveis vendidos em julho, amargando a 13ª posição no ranking. A Citroën foi um pouco melhor: 2.779 modelos emplacados e 11º lugar.


Mas por que Peugeot e Citroën, o caro leitor pode perguntar. Eu poderia estar falando de Mercedes, Kia ou BMW, que aparecem atrás das francesas no ranking.

Em primeiro lugar, duas dessas marcas (Mercedes e Kia) só vendem, por ora, modelos importados. A BMW já tem montagem nacional, mas seus carros são de luxo – portanto, mais caros.

Além disso, a Peugeot já “flertou”, no Brasil, com o desafio de ser grande. Em outros tempos, a marca chegou a brigar com a Renault pelo posto de quinta colocada no mercado, atrás das quatro grandes – vale ressaltar que, agora, nem a Renault ocupa essa vaga (leia mais abaixo).


Por fim, a Peugeot lançou no segundo trimestre um carro do segmento mais badalado do ano, o de utilitários-esportivos compactos. Trata-se do competente 2008, cujo motor 1.6 turbo é o melhor categoria entre os flexíveis.

Peugeot 2008 (Foto: Peugeot/Divulgação)

Porém, enquanto Renegade e Honda HR-V já deixaram para trás o Ford EcoSport, que era a referência na categoria, o 2008 vai mal, muito mal. Em julho, teve apenas 771 unidades comercializadas e só não ocupou a “lanterna” do segmento porque existem os modelos chineses, como o Lifan X60 e o Chery Tiggo. Porém, ficou atrás até do defasado Hyundai Tucson e do Chevrolet Tracker, que nunca fez grande sucesso no País.

O 2008 reforça a ideia que debati em um post do ano passado. Com lançamentos equivocados, redução da linha de modelos e a crise na matriz, na França (a PSA foi comprada pela chinesa Dongfeng), está claro que as marcas  “perderam a mão” no mercado brasileiro (leia aqui).


A estratégia de mercado do lançamento do 2008 é inexplicável, de tão equivocada. Estamos falando de um segmento que, em média, tem preços iniciais de R$ 70 mil (ao menos nas versões que, de fato, interessam ao consumidor). E o que a Peugeot fez? Lançou um câmbio automático, mandatório nesse tipo de produto, apenas para o motor mais fraco, o 1.6 aspirado de 122 cv.

A versão com o 1.6 turbo, de 165 cv, só vem com câmbio manual. Em outros carros de Peugeot e Citroën, esse propulsor é acompanhado pela excelente transmissão automática de seis velocidades.

Para piorar, o 1.6 de 122 cv sem pedal de embreagem traz o câmbio de quatro marchas, que é um dos piores automáticos do mercado. Resultado: não convenceu o consumidor a comprá-lo.


Quanto à Citroën, os lançamentos deste ano não farão barulho. Chegarão às concessionárias o C3 reestilizado e a nova C4 Picasso. E só. Vale ressaltar que o hatch médio C4 não ganhou substituto. Assim, a linha atualmente é composta praticamente por C3 (e seus derivados) e C4 Pallas, além dos importados DS.

RENAULT, HB20 e OUTROS SUCESSOS  

Com uma linha de produtos semelhante à da  Peugeot (que tem no País o 208, 308, 2008, 3008 e 408), a Renault vem fazendo bonito. Antes da chegada do HB20, inclusive, ela era a quinta colocada no ranking de vendas, atrás apenas das quatro grandes.


Renault Oroch

Após o lançamento do HB20, que já está entre os cinco mais vendidos do Brasil, a Renault caiu para a sexta posição, atrás da Hyundai. E este ano, passou a ser sétima, já que o Corolla agora figura frequentemente na lista dos dez mais emplacados do País. Com isso, a Toyota ultrapassou a francesa.

Já a Honda, mesmo com o avassalador sucesso do HR-V, a sensação do momento, não conseguiu desbancar a Renault.

E a marca francesa promete, em breve, retomar a sexta posição no ranking. Para isso, lançará em setembro a Oroch, sua primeira picape média.


O modelo é o quarto produto da plataforma da Dacia, marca de baixo custo da Renault sediada na Romênia. Além dela, há o Sandero, outro que costuma figurar entre os dez mais vendidos, o Duster, que sempre foi um adversário de respeito para o ex-líder dos utilitários Ford EcoSport, e o Logan.

Os modelos não têm, nem de longe, a qualidade dos produtos das marcas da PSA. São inferiores em mecânica, dirigibilidade e acabamento. No entanto, trazem um ingrediente que mostrou ter muito apelo para o consumidor brasileiro: oferecer espaço de carro médio a preço de compacto.

Essa estratégia foi a aposta da Renault na racionalidade e sua maneira de se dar bem no mercado local, que ainda tem um certo preconceito contra os carros de marcas francesas. Essas montadoras carregam a fama de apresentar grande desvalorização e peças de reposição caras, algo que, na maioria dos casos, é um mito.


Os únicos modelos Renault que não são feitos sobre a plataforma da Dacia no País são o defasado Clio e o bom sedã Fluence.

 

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