Primeira Classe

Novo SUV da Toyota é ameaça ao Corolla

Novo SUV da Toyota chega em 2021

Rafaela Borges

03 de out, 2019 · 9 minutos de leitura.

Novo SUV da Toyota" >
Carro da Daihatsu vai inspirar novo SUV da Toyota
Crédito: Daihatsu/Divulgação

A invencibilidade do Corolla está em risco com a chegada do novo SUV da Toyota, previsto para 2021. Antes de entrar na principal razão dessa tendência, é preciso analisar o segredo do sucesso do sedã médio mais vendido do Brasil.

Cerca de dois anos e meio atrás, eu fiz essa análise (que você pode conferir aqui). Nela, por meio de números, mostrei que não foi o Corolla que avançou em vendas. Foi a concorrência que perdeu espaço.

Por que, então, o Corolla passou a constar, eventualmente, na lista dos dez carros mais vendidos do Brasil nos últimos anos? A principal razão é que o poder aquisitivo do brasileiro foi reduzido.


O consumo em altas doses da fase em que a indústria brasileira batia recordes atrás de recordes despencou. Os segmentos mais afetados foram os de carros de entrada, pois seus clientes perderam poder de compra.

Com isso, cresceram os compactos mais equipados. E também modelos de segmentos superiores, mais caros – como o Corolla, o Renegade, o HR-V e até o Compass, hoje com preço inicial acima de R$ 110 mil.

Esses carros passaram a aparecer em posições de ranking de vendas bem mais altas que as que tinham na época dos recordes.


 

Aí, vieram os SUVs

Já é uma notícia velha: os SUVs afetaram diversos segmentos de carros: hatches, monovolumes. E também os sedãs médios.


Antes, havia várias opções no mercado. Nos últimos dois anos, a maioria dessas opções deixaram de ser oferecidas. Das poucas que restaram, apenas quatro têm ainda vendas relevantes: Corolla, Civic, Cruze e Jetta.

Desses quatro, o Civic, segundo sedã médio mais vendido do País, foi o mais afetado pela invasão dos SUVs compactos, a partir de 2015. E é este o principal indício de que o campeão de vendas pode passar pelo mesmo processo quando o novo SUV da Toyota chegar.

Além disso, o Fluence saiu de linha após a chegada de Duster – e, posteriormente, do Captur. O Cruze, sucessor do Vectra, não faz o mesmo sucesso do predecessor. Afinal, mesmo sem vendas tão relevantes, o Tracker briga por clientes com o três-volumes.


Curioso de observar é o Jetta, única exceção a essa regra. Lançado no ano passado, o carro ainda não registrou perde de espaço após a chegada do T-Cross, no início do ano. Pelo contrário: está até crescendo. E olha que o SUV da VW é um sucesso.

O exemplo do Civic

No mercado brasileiro, se o consumidor não é do segmento de hatches e sedãs compactos, ele tem grandes chances de ser cliente de SUVs de entrada. Esses modelos são rivais diretos dos sedãs médios, por terem apelo familiar e faixas de preços semelhantes.

Aliás, em qualquer categoria, seja entre as marcas generalistas e ou as de luxo, a disputa SUV x sedã é uma das principais do mercado. E os utilitários-esportivos estão vencendo de lavada, levando cada vez mais os clientes dos três-volumes.


 

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Vamos analisar então o caso do Civic. Em 2014, ele teve 52.300 unidades emplacadas. Foram 11 mil a menos que o Corolla. Já no ano passado, O Toyota somou 59 mil emplacamentos e o Honda, 26 mil.

A vantagem do Corolla, que era de 21%, passou para 126%. O que ocorreu neste período? A chegada do Honda HR-V.

Por que o novo SUV da Toyota é ameaça?

O HR-V briga por clientes com o Civic na mesma concessionária. Por que pensar então que, quando o novo SUV da Toyota chegar, a história com o Corolla será diferente?


Em minha opinião, não vai. O Corolla mantém sua boa atuação porque a Toyota tem clientes fiéis. Quem quer um carro da marca nessa faixa de preço acaba levando um sedã, mesmo que prefira um SUV.

Afinal, por ora o utilitário que a Toyota tem a oferecer, o RAV4, sai por mais de R$ 160 mil na versão de entrada (enquanto o sedã parte de R$ 100 mil). É para outro perfil de cliente.


 

A favor do Corolla, há o fato de que, em outras marcas, os três-volumes perderam espaço não apenas para SUVs com os quais dividem concessionária, mas também para os de montadoras rivais. Esse fenômeno não afetou o Toyota.

Porém, se não fosse o HR-V, também não teria afetado o Civic. A Honda, assim como a arquirrival, tem clientes fiéis.


Em minha análise, quando o novo SUV da Toyota chegar, ele vai sim tirar clientes da Corolla. E tornar a briga entre o sedã e o Civic novamente mais parelha.

Ou não

Há uma chance de o Corolla continuar sendo o rei absoluto do segmento, o invencível. O novo SUV da Toyota pode não atender os níveis de exigência do consumidor da marca.

O Corolla é um carro mundial, assim como o Civic e o HR-V. Os três estão sempre em dia com o que há de novo nos mercados europeu e norte-americano.


O novo SUV da Toyota não vai investir nessa fórmula. O carro do segmento que a marca vende na Europa, por exemplo, é o C-HR.

 

 


Por aqui, o novo SUV da Toyota deverá usar uma versão mais curta da plataforma do Corolla. Porém, não terá nada a ver com o C-HR. Sua inspiração será o DN-Trec, de sua marca de baixo custo Daihatsu.

É uma fórmula semelhante à usada com o Etios, criado para mercados emergentes, e o Yaris (cuja versão brasileira nada tem a ver com a europeia). Os dois modelos não chamam a atenção por vendas exuberantes. Não são o Toyota que o mais exigente consumidor quer.

O novo SUV da Toyota será feito em Sorocaba (SP).


 

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