O segmento de SUVs é o mais badalado do Brasil. Porém, entre os compactos e médios mais populares, não há nenhum com desempenho realmente instigante. Isso acaba de mudar graças ao novato dessa turma. Não é à toa que, cerca de 20 dias após ter sido lançado nas concessionárias, o Chevrolet Equinox tem fila de espera.
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Em diversas concessionárias procuradas pelo blog, não havia modelo a pronta entrega. O prazo mais otimista para entrega foi de 40 dias. O máximo, de 70 dias.
A Chevrolet informou que pretende vender, neste ano, cerca de 700 unidades por mês. Provavelmente, esse é o número de unidades que a marca vai importar. Com esse volume, a tendência é que as filas fiquem ainda mais quilométricas.
A má notícia: já tem autorizada cobrando ágio. O vendedor de uma concessionária da capital paulista disse que, por lá, o Equinox está saindo por R$ 156.900, ante os cerca de R$ 150 mil da tabela. A razão alegada? A alta procura.
Mas o que está atraindo tantos clientes para o Equinox, um carro que, convenhamos, não é nada barato? Ele é assim tão perfeito?
Passei mais de uma semana com o carro e posso afirmar: ele está muito longe de ser perfeito. Por outro lado, tem realmente um custo-benefício incrível. E, o principal: ele oferece tudo o que o consumidor brasileiro do segmento de SUVs médios faz questão.
O QUE COMOVE A MULTIDÃO?
O principal destaque do Equinox é o motor 2.0 turbo. Com 262 cv e associado a um câmbio de nove marchas, ele ajuda o Chevrolet a passar a impressão de que os principais rivais são como tartarugas.
A verdade é que a maioria dos SUVs compactos e médios (estes, rivais diretos do Equinox) é lenta. O Compass, referência da categoria, tem 166 cv com o motor flexível e 170 cv com o a diesel.
Na versão a diesel, o Compass anda bem. Tem ótimo arranque e é bom de retomadas. Porém, quando comparado ao Equinox, ele fica parecendo lento, lento.
O Chevrolet vai bem em acelerações e retomadas em qualquer faixa de rotação. A força de motor está sempre pronta para atender aos comandos do motorista no pedal do acelerador. Além disso, o motor, com injeção direta de combustível, funciona de maneira silenciosa.
Em outras palavras: ele é discreto e anda muito. Além disso, mesmo sendo pesadão e alto, oferece excelente estabilidade. Nesse quesito, ele não chega a ser superior aos principais rivais, mas, ainda assim, vai muito bem.
O espaço é outro destaque desse carro. Trata-se de um dos únicos modelos do segmento a não trazer túnel central alto. Com isso, as pernas dos três ocupantes de trás ficam muito bem acomodadas. Além disso, como o Equinox é mais largo que a maioria dos rivais, seus passageiros de trás não ficam batendo ombros.
Há outros pontos importantes e primordiais para o consumidor do País. Os sistemas de conectividade são muito bons, com um carregador de smartphones por indução que é rápido e preciso, assim como a intuitiva central multimídia. O sistema de som é de altíssima fidelidade.
Por fim, o Equinox é “bonitão”. Parrudo e grande, traz um visual que impressiona. Durante os dias de avaliação, chamou muito a atenção nas ruas.
O QUE INCOMODA NO EQUINOX?
O preço do SUV pode parecer alto, e realmente limita um pouco o alcance a variados tipos de clientes. Em contrapartida, a Chevrolet pode ter adotado um posicionamento semelhante ao que fez com o Cruze Sport6, que acabou virando líder da categoria.
Esse posicionamento consiste em concentrar tudo em uma única versão para chegar a um ótimo custo-benefício. Não, o Equinox não será líder, mas certamente a Chevrolet conseguiria vender muito mais que as 700 unidades mensais anunciadas.
Ter uma versão mais em conta pode parecer importante para maiores ambições mercadológicas. Porém, sem o motor de 262 cv que só ele tem, o Equinox pode perder muito de seu brilho, pois ele deixa a desejar em vários aspectos.
Para começar, o acabamento incomoda. A cabine é bonita, mas não bem acabada. Há amplo uso de plásticos duros, algo que não condiz com um carro desse preço.
Além disso, durante a avaliação, dava para ouvir peças batendo em ruas com pisos irregulares. O porta-malas, de 468 litros, não é desprezível. Mas um carro desse porte (4,65 metros de comprimento) mereceria um compartimento com mais de 500 litros, pelo menos.
O Equinox tem muitos sistemas eletrônicos de segurança. No entanto, como em outros Chevrolet, o funcionamento deles é impreciso. O leitor de faixas só corrige a trajetória em algumas situações. Sinceramente, não consegui identificar em quais.
O controlador de velocidade, por sua vez, não tem função frenagem, algo que torna o sistema quase inútil no dia a dia das cidades – mas que “quebra um galho” em rodovias.
O sensor de distância do carro da frente, modulável em três estágios, é também bastante impreciso.
Ou seja: ele tem tudo, ou quase tudo. Tudo funciona perfeitamente? Definitivamente, não.
O consumo nas rodovias é bem alto. São 10 km/l. De gasolina, já que o motor não é flexível. Para um propulsor turbo equipado com injeção direta (teoricamente, bastante moderno) e sem a possibilidade de “beber” álcool, o número não é nada bom.
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Volkswagen Tiguan
No mercado brasileiro há carros que já fizeram muito sucesso, mas perderam o brilho. Outros nunca conseguiram de fato chamar a atenção do consumidor. Nessa lista, reunimos esses modelos, cujas vendas estão tão em baixa que eles praticamente "respiram por aparelhos" no mercado. O Tiguan já foi um sonho de consumo da classe média, mas, de uns anos para cá, tem emplacamentos irrevelantes. É certo que vai em breve mudar de geraçao, mas, ainda assim, sua agonia mercadológica já é antiga, e não está relacionada ao iminente fim de linha. Em agosto, ele vendeu somente 31 unidades e no acumulado de 2017, 448.
Fiat Palio
Colocar o Palio nessa lista é polêmico, mas necessário. O carro teve 2.200 unidades vendidas em agosto, e 17,5 mil no acumulado do ano. Não é um volume desprezível. Mas, para um carro com a história do Palio, é. Parece que foi ontem que lemos as notícias: Palio supera Gol e assume a liderança do ranking de vendas. Agora, a realidade é que, há meses, ele deixou de fazer parte da lista dos 20 mais vendidos. A Fiat simplesmente parou de investir nesse carro, que há anos não tem nenhuma mudança relevante. Em breve, ele sairá de linha.
Renault Fluence
Se nunca chegou a brigar com Civic e Corolla, o Fluence, nos primórdios, era páreo ao menos para Sentra e Jetta, por exemplo. Hoje, ele perdeu completamente a relevância. No acumulado deste ano, vendeu 611 unidades. Em agosto, apenas 17. O fato é que o Renault é o maior representante de um movimento que já afetou peruas, hatches, minivans e agora começa a assombrar os sedãs: a perda de relevância de um segmento. Atualmente, só Corolla, Civic, Cruze e Jetta têm vendas consideráveis. Os demais já estão na "UTI". E desse grupo, o Fluence é o com estado de saúde mais precário.
Peugeot 308
O segmento de hatches médios está praticamente morto no Brasil, mas Cruze Sport6, Golf e Focus ainda conseguem vender alguma coisa. O 308, não. Seus emplacamentos em 2017 totalizam 681 unidades. O Cruze, líder, tem quase 4,8 mil unidades vendidas.
Honda CR-V
Já fez muito sucesso e chegou a ser um dos SUVs mais vendidos do Brasil. Porém, foi afetado pela chegada dos SUVs compactos, e reposicionado para se distanciar do HR-V. Desde o início da década sem alterações relevantes, o CR-V há anos respira por aparelhos. Neste ano, soma apenas 613 unidades vendidas. Esta geração está com os dias contados. A nova deve chegar até o fim deste ano.
Volkswagen Golf Variant
É a única perua média fora do segmento de luxo à venda no Brasil. Ainda assim, conseguiu acumular apenas 475 emplacamentos neste ano - 66 deles em agosto. Excelente produto, com atributos para desbancar qualquer SUV, a Jetta é a prova de que o segmento de peruas está morto para o brasileiro - e, consequentemente, para as montadoras que atuam no País.
Ford Fiesta Sedan
O carro tinha deixado de ser importado, e agora voltou às lojas do Brasil. Seu resultado no mercado, porém, por enquanto ainda continua quase inexistente. Ele teve somente quatro unidades emplacadas em agosto.
Kia Picanto
Desde a entrada em vigor do regime automotivo Inovar-Auto, a maioria dos carros da Kia perdeu relevância no mercado brasileiro. O Picanto teve somente 692 emplacamentos no Brasil em 2017.
Peugeot 408
Este é outro sedã em estado de agonia. Seus emplacamentos neste ano totalizaram 815 unidades.
Volkswagen SpaceFox
Há duas peruas compactas hoje no Brasil, Weekend e SpaceFox. Ambas têm registrado vendas irrelevantes. A da Volkswagen, porém, vai ainda pior que a da Fiat. Em 2017, somou apenas 474 unidades emplacadas (número que inclui a versão Space Cross).
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