Primeira Classe

O SUV que faz os rivais parecerem tartarugas

Mal chegou ao mercado, Chevrolet Equinox tem fila de espera de até 70 dias e ágio. Motor de 262 cv é principal apelo

Rafaela Borges

09 de nov, 2017 · 9 minutos de leitura.

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Chevrolet Equinox
Crédito: Com excelente desempenho e amplo espaço interno, carro já está causando comoção nas concessionárias (Foto: Rafael Arbex/Estadão)

O segmento de SUVs é o mais badalado do Brasil. Porém, entre os compactos e médios mais populares, não há nenhum com desempenho realmente instigante. Isso acaba de mudar graças ao novato dessa turma. Não é à toa que, cerca de 20 dias após ter sido lançado nas concessionárias, o Chevrolet Equinox tem fila de espera.

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Em diversas concessionárias procuradas pelo blog, não havia modelo a pronta entrega. O prazo mais otimista para entrega foi de 40 dias. O máximo, de 70 dias.

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A Chevrolet informou que pretende vender, neste ano, cerca de 700 unidades por mês. Provavelmente, esse é o número de unidades que a marca vai importar. Com esse volume, a tendência é que as filas fiquem ainda mais quilométricas.

A má notícia: já tem autorizada cobrando ágio. O vendedor de uma concessionária da capital paulista disse que, por lá, o Equinox está saindo por R$ 156.900, ante os cerca de R$ 150 mil da tabela. A razão alegada? A alta procura.

Mas o que está atraindo tantos clientes para o Equinox, um carro que, convenhamos, não é nada barato? Ele é assim tão perfeito?


Passei mais de uma semana com o carro e posso afirmar: ele está muito longe de ser perfeito. Por outro lado, tem realmente um custo-benefício incrível. E, o principal: ele oferece tudo o que o consumidor brasileiro do segmento de SUVs médios faz questão.

O QUE COMOVE A MULTIDÃO?

O principal destaque do Equinox é o motor 2.0 turbo. Com 262 cv e associado a um câmbio de nove marchas, ele ajuda o Chevrolet a passar a impressão de que os principais rivais são como tartarugas.


A verdade é que a maioria dos SUVs compactos e médios (estes, rivais diretos do Equinox) é lenta. O Compass, referência da categoria, tem 166 cv com o motor flexível e 170 cv com o a diesel.

Na versão a diesel, o Compass anda bem. Tem ótimo arranque e é bom de retomadas. Porém, quando comparado ao Equinox, ele fica parecendo lento, lento.

O Chevrolet vai bem em acelerações e retomadas em qualquer faixa de rotação. A força de motor está sempre pronta para atender aos comandos do motorista no pedal do acelerador. Além disso, o motor, com injeção direta de combustível, funciona de maneira silenciosa.


Em outras palavras: ele é discreto e anda muito. Além disso, mesmo sendo pesadão e alto, oferece excelente estabilidade. Nesse quesito, ele não chega a ser superior aos principais rivais, mas, ainda assim, vai muito bem.

O espaço é outro destaque desse carro. Trata-se de um dos únicos modelos do segmento a não trazer túnel central alto. Com isso, as pernas dos três ocupantes de trás ficam muito bem acomodadas. Além disso, como o Equinox é mais largo que a maioria dos rivais, seus passageiros de trás não ficam batendo ombros.

Há outros pontos importantes e primordiais para o consumidor do País. Os sistemas de conectividade são muito bons, com um carregador de smartphones por indução que é rápido e preciso, assim como a intuitiva central multimídia. O sistema de som é de altíssima fidelidade.


Por fim, o Equinox é “bonitão”. Parrudo e grande, traz um visual que impressiona. Durante os dias de avaliação, chamou muito a atenção nas ruas.

 

O QUE INCOMODA NO EQUINOX?


O preço do SUV pode parecer alto, e realmente limita um pouco o alcance a variados tipos de clientes. Em contrapartida, a Chevrolet pode ter adotado um posicionamento semelhante ao que fez com o Cruze Sport6, que acabou virando líder da categoria.

Esse posicionamento consiste em concentrar tudo em uma única versão para chegar a um ótimo custo-benefício. Não, o Equinox não será líder, mas certamente a Chevrolet conseguiria vender muito mais que as 700 unidades mensais anunciadas.

Ter uma versão mais em conta pode parecer importante para maiores ambições mercadológicas. Porém, sem o motor de 262 cv que só ele tem, o Equinox pode perder muito de seu brilho, pois ele deixa a desejar em vários aspectos.


Para começar, o acabamento incomoda. A cabine é bonita, mas não bem acabada. Há amplo uso de plásticos duros, algo que não condiz com um carro desse preço.

Além disso, durante a avaliação, dava para ouvir peças batendo em ruas com pisos irregulares. O porta-malas, de 468 litros, não é desprezível. Mas um carro desse porte (4,65 metros de comprimento) mereceria um compartimento com mais de 500 litros, pelo menos.

O Equinox tem muitos sistemas eletrônicos de segurança. No entanto, como em outros Chevrolet, o funcionamento deles é impreciso. O leitor de faixas só corrige a trajetória em algumas situações. Sinceramente, não consegui identificar em quais.


O controlador de velocidade, por sua vez, não tem função frenagem, algo que torna o sistema quase inútil no dia a dia das cidades – mas que “quebra um galho” em rodovias.

O sensor de distância do carro da frente, modulável em três estágios, é também bastante impreciso.

Ou seja: ele tem tudo, ou quase tudo. Tudo funciona perfeitamente? Definitivamente, não.


O consumo nas rodovias é bem alto. São 10 km/l. De gasolina, já que o motor não é flexível. Para um propulsor turbo equipado com injeção direta (teoricamente, bastante moderno) e sem a possibilidade de “beber” álcool, o número não é nada bom.

 

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.