O primeiro trimestre está próximo do fim, e há modelos que se deram mal neste início de ano. Nesta análise, vamos falar dos “perdedores” do segmento mais badalado do Brasil, o de SUVs. Na lista, chamam a atenção as quedas de vendas de Renault Duster e Honda WR-V, principalmente.
LEIA TAMBÉM
A situação desses modelos é mais preocupante que a de outros dois SUVs que vêm regredindo no primeiro trimestre. Nesse grupo, estão o Hyundai Creta e o Ford EcoSport. Entre os de luxo, o destaque é a queda nos emplacamentos Audi Q3.
No Instagram: @Rafaelatborges
Quando alguns ganham espaço, é natural que outros percam. Isso se aplica ao Creta, EcoSport e Q3. O Ford está sendo vítima da impressionante ascensão do Chevrolet Tracker. Já o Creta sofre com o avanço do Nissan Kicks.
Detalhes sobre o leve recuo de Q3, EcoSport e Creta vocês podem ler aqui.
RENAULT DUSTER
A acentuada queda do Renault Duster no ranking de vendas começou no ano passado. No primeiro trimestre, essa tendência ficou ainda mais severa.
Para se ter uma ideia, na primeira quinzena de março o Renault Duster nem sequer apareceu na lista dos dez SUVs mais vendidos do País.
Nesse período, o Renault Duster foi apenas o 13º mais emplacado e ficou atrás de todos os compactos e de até mesmo de alguns modelos mais caros, como médios e grandes (ix35 e SW4, por exemplo).
No acumulado do ano (de 1º de janeiro a 15 de março), o Duster também não vai bem. Ao menos o Renault Duster vem conseguindo se manter, por ora, no “top 10” – exatamente na décima posição. Este ano, o SUV teve 2.617 unidades vendidas, ante as 10.160 do líder geral, o Jeep Compass.
Antes da chegada do Jeep Renegade e do Honda HR-V, em 2015, o Duster brigava com o EcoSport pelo posto de SUV mais vendido do País. Mesmo depois que o Honda e o Jeep foram lançados, o Renault continuou bem posicionado. Foi o terceiro SUV mais vendido em 2015. Em 2016, ficou em quarto lugar.
Aí veio 2017 e o lançamento de modelos como o Renault Captur e o Creta. Os dois afetaram diretamente o Renault Duster.
Até então, o Renault Duster era a opção mais espaçosa no segmento de compactos. O Creta, porém, chegou para atender a demanda por bom espaço interno, e com um pacote esteticamente mais harmonioso, além de oferecer mais soluções tecnológicas (apesar do preço mais alto).
O Captur, além de igualmente espaçoso, é mais bonito, e divide espaço com o Renault Duster nas concessionárias. Apesar de ter demorado para deslanchar em vendas, o novato está começando a se sair um pouco melhor (ao menos na comparação com o “irmão” veterano). Na primeira quinzena de março, o Captur foi o oitavo SUV mais emplacado do País.
Os preços mais baixos do Renault Duster não estão sendo suficientes para mantê-lo atraente. Sua tabela começa em R$ 69.990, ante os R$ 80.450 do Captur e os R$ 76.350 do Creta.
HONDA WR-V
O WR-V foi lançado no início do ano passado e logo se estabeleceu na sexta posição do ranking de vendas de utilitários-esportivos. Nos últimos meses de 2017, no entanto, o Honda começou a perder espaço, oscilando entre a sétima e a oitava posições.
A primeira quinzena de março marcou o pior resultado do WR-V desde que ele começou a se destacar no ranking. No período, o Honda foi apenas o nono SUV mais vendido do Brasil.
VEJA TAMBÉM: 20 USADOS PARA COMPRAR DE OLHOS FECHADOS
Toyota Corolla
O Corolla repete no mercado de usados o mesmo sucesso que faz no mercado de carros zero-quilômetro. Não esquenta lugar na loja, graças à fama de inquebrável e de manutenção barata.
Honda Civic
O maior concorrente do Corolla também não para nas lojas de usados. O Civic une a confiabilidade tradicional da marca a um perfil mais esportivo, especialmente no modelo de oitava geração.
Jeep Renegade
O Jeep Renegade tem força no off-road (principalmente com motor a diesel) e também não encalha nas lojas. A mecânica 1.8 (de origem Fiat) não garante alto desempenho, mas a manutenção é confiável.
Chevrolet Onix
O carro mais vendido do Brasil entre os novos também faz sucesso entre os usados. O estilo agrada, e a manutenção é simples.
Volkswagen Fox
O Fox não costuma ficar muito tempo nas lojas de usados. Tem motores 1.0 e 1.6 de manutenção simples. Não dá defeito à toa e tem peças fáceis de se encontrar.
Honda HR-V
O HR-V é outro SUV que chegou fazendo sucesso instantâneo no mercado de novos, e isso tem se refletido entre os seminovos. A mecânica, derivada da do Civic, é confiável, idem para a fama de robustez e manutenção barata.
Hyundai HB20
O Hyundai caiu nas graças do público desde que chegou. Seja 1.0 ou 1.6, tem bom mercado. Como a garantia é de cinco anos, só agora os modelos mais antigos estão saindo do prazo contratual de cobertura.
Honda Fit
O Honda Fit tem boa procura nas lojas, independentemente do ano de fabricação. Fácil de manter e robusto, só pede atenção na suspensão. Durinha, ela sofre um pouco com a buraqueira das ruas brasileiras.
Toyota Etios
O Etios já está no mercado desde 2012. Com mecânica simples, robusta e eficiente, não dá muita dor de cabeça aos donos. Tanto hatch quanto sedã, independentemente da motorização, são valentes e baratos a longo prazo.
Honda City
O City faz jus à fama de robustez da Honda. Dá pouca manutenção, e as revisões tendem a ser baratas. Além disso, tem bom espaço interno, especialmente no porta-malas.
Chevrolet Cruze
O Cruze tem boa procura no mercado de segunda mão, graças à confiabilidade mecânica.
Fiat Idea
O monovolume da Fiat nem é mais produzido, e nunca foi um sucesso entre os carros novos (o Fit dominou esse segmento). Mas, entre os usados, o Idea vai bem.
Hyundai ix35
Como boa parte dos SUVs, o ix35 tem bom mercado: o visual já mudou, mas o modelo continua atraente.
Chevrolet Cobalt
Graças ao espaço interno, ao bom custo-benefício e à manutenção confiável, o sedã da Chevrolet é bem visto entre os usados.
Volkswagen Up!
O subcompacto da Volkswagen tem boa procura, tanto com motor aspirado como com mecânica turbo. É econômico, bom de dirigir e baixa desvalorização.
Kia Picanto
O Kia Picanto tem bom mercado, especialmente na versão com câmbio automático.
Nissan Versa
O Versa é espaçoso, potente e econômico em vários aspectos. As revisões na Nissan são baratas e o modelo não dá defeito à toa.
Fiat Uno
O Uno continua sendo um carro com boa reputação. A mecânica não é complicada, e o preço é acessível.
Chevrolet Spin
Basta ver o que tem de Spin nos pontos de táxis para se constatar que o carro não refuga. Como o "irmão" Cobalt, é espaçoso, tem bom custo-benefício e mecânica simples e confiável.
Volkswagen Gol
O Gol já viveu dias melhores, mas ainda é um carro que não faz feio quando o assunto é confiabilidade mecânica e bom valor de revenda. Além disso, continua a ser agradável ao volante.
O WR-V foi, inclusive, ultrapassado pelo Captur. Porém, até o fim do mês o Honda pode virar o jogo, já que a diferença é pequena. O WR-V somou 584 emplacamentos nos 15 primeiros dias de março, ante 636 do Renault.
No acumulado do ano, o Honda está no oitavo lugar, uma posição à frente do Renault.
Na minha opinião, são dois os problemas do WR-V. O principal é o HR-V, com o qual o novato divide as concessionárias. O SUV mais velho é bem superior.
Em um primeiro momento, o WR-V pode até ter chamado a atenção. Afinal, parte de R$ 79.400 e já vem com câmbio automático, ante os R$ 87.900 do HR-V com câmbio CVT mais em conta.
Por outro lado, o SUv é muito parecido com o Fit, com o qual compartilha plataforma, mecânica, equipamentos de série e, de certa forma, até o estilo (há algumas diferenças, mas ele lembra bastante o “irmão” hatch). O HR-V é mais caro, mas também mais rápido, espaçoso e bonito que o novato. Difícil competir.
Além disso, a ascensão do Tracker vem prejudicando não apenas o EcoSport, mas também o WR-V. O crescimento do Chevrolet vem fazendo o Honda perder posições.
Newsletter Jornal do Carro - Estadão
Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.