Primeira Classe

Saiba qual será o destino da Renault na Fórmula 1

Compra da Lotus deverá ser anunciada em dez dias. Manutenção da parceria com a Red Bull, também

Rafaela Borges

17 de nov, 2015 · 8 minutos de leitura.

Saiba qual será o destino da Renault na Fórmula 1
Crédito: Compra da Lotus deverá ser anunciada em dez dias. Manutenção da parceria com a Red Bull, também

 

A Renault estava feliz da vida com a parceria com a Red Bull. A montadora fez sucesso como fornecedora de motores de Williams e Benetton, nos anos 90. Em meados dos 2000, com equipe própria, conquistou dois títulos (ambos com Fernando Alonso). Depois disso, o time entrou em decadência.

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Aí, a marca se reinventou. No fim da década de 2010, abriu mão da equipe própria. E, como fornecedora de motores, brilhou novamente. Gastando bem menos que na época em que tinha um time com seu nome, conquistou quatro títulos em parceria com a Red Bull (todos com Sebastian Vettel).

Mas aí vieram os novos motores turbo, em 2014, e a empresa francesa se deu mal. Não conseguiu construir uma unidade de força eficiente. A Red Bull passou de equipe dominante a coadjuvante. Os dirigentes do time austríaco passaram a culpar publicamente a construtora francesa pelo fracasso. A relação foi do céu ao inferno.


Em meados desta temporada de Fórmula 1, o fim da relação Red Bull/Renault era dado como certo. Inevitável. E o que restaria à montadora francesa, já que, além da equipe dos energéticos, sua outra cliente é a Toro Rosso, que pertence à Red Bull?

Bem, meus caros, a Renault não vai deixar a Fórmula 1 de jeito nenhum. A montadora francesa gosta bastante do circo e sempre se deu bem nele. A solução: comprar a Lotus. Há muito tempo há rumores sobre essa transação nos bastidores da categoria.

Pois a notícia que apurei em Interlagos, no último fim de semana, é a seguinte: a compra da Lotus já está consolidada. Vai ser anunciada em Abu Dabi, no último Grande Prêmio da temporada, entre 26 e 29 de novembro.


Embora voltar a ter equipe própria signifique gastar mais, e provavelmente não ter sucesso imediato, a Renault vai mesmo bancar essa nova aventura. Não está disposta a ficar refém de clientes, como ocorreu com a Red Bull/Toro Rosso, e menos ainda a ter de sair da categoria por não ter a quem fornecer motor.

Com a Lotus, que logo voltará a se chamar Renault, está planejando um  ciclo para voltar a ser destaque na categoria.

E sabe qual será a outra notícia importante de Abu Dabi? A Red Bull, apesar de todo “chilique” público e de todas as especulações dos últimos meses, continuará correndo com motores Renault em 2016. Assim como a Toro Rosso.


A Mercedes não vai vender motores para a Red Bull de jeito nenhum. Não quer correr o risco de ser superada pela própria cliente – porque o chassi da equipe austríaca continua sendo excelente, talvez o melhor. A Honda? Ron Dennis, da McLaren, não quer ouvir falar disso. Quer exclusividade na parceria com a japonesa.

A Ferrari? Até vende seus motores para a Red Bull, mas não o mesmo de sua equipe – que, por sinal, corrida após corrida, está cada vez mais próximo da unidade de força da Mercedes.

O que resta à Red Bull? A Renault. A ameaça de deixar a Fórmula 1 foi só ameaça mesmo. A empresa dos energéticos ganhou muita moral na categoria, e pretende continuar nela. E vai de Renault.


No fim de semana no GP do Brasil, inclusive, a relação entre Renault e Red Bull pareceu muito boa. Total interação. Inclusive, o presidente da divisão de automobilismo da montadora francesa, Cyril Abitebou, foi visto num completo tom de camaradagem almoçando com Christian Horner, diretor da Red Bull, no sábado. A parceria será mantida.

EM TEMPO

Não esperem grandes mudanças para o motor da Fórmula 1 em 2017. Há quem aposte em uma revolução total, mas, segundo fontes, isso é impossível. Não dá para desenvolver uma unidade de força completamente nova em tão pouco tempo.


O que é esperado? Talvez um aumento do limite de consumo de combustível, que hoje é de 100 litros, e pode passar para 120. Mas as unidades 1.6 V6 com auxílio de dispositivos elétricos devem continuar.

EM TEMPO 2

E a Volkswagen/Audi, heim? Não ia comprar a Red Bull e entrar na Fórmula 1? Bem, não vai mais. Pelo menos, não agora.


O problema é o escândalo da fraude aos testes de emissões de poluentes nos EUA, Europa e até no Brasil. O rombo financeiro é grande. O dano à imagem do grupo, também.

Assim, a Fórmula 1 saiu da lista de prioridades para a Volkswagen/Audi. As consequências da fraude são mandatórias. Não dá para pensar em um investimento tão grande agora.

Um executivo importante da divisão de automobilismo da Audi até foi visto circulando pelo paddock de Interlagos no fim de semana do GP do Brasil. Mas, pelo que apurei, não tem nada a ver com Red Bull, ou com a marca ingressar na Fórmula 1. Ele estava de férias por aqui mesmo, e foi conferir a corrida de perto.


Deu azar: foi uma das corridas mais entediantes que Interlagos já sediou.

 

 


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