Primeira Classe

Super luxo não é para o Brasil… ainda

Infiniti, Cadillac e Acura desistiram do mercado brasileiro. Ao menos por enquanto

Rafaela Borges

05 de fev, 2015 · 6 minutos de leitura.

Super luxo não é para o Brasil... ainda
Crédito: Infiniti, Cadillac e Acura desistiram do mercado brasileiro. Ao menos por enquanto

Cadillac no Brasil? Não tão cedo (Fotos: Rafaela Borges)

 

Marcas que trabalham apenas com carros acima de R$ 200 mil não são adequadas para o mercado brasileiro. Com registrada por nosso mercado nos últimos anos, antes da abrupta queda de 2014, elas até pensaram que, sim, poderiam atuar no Brasil. Agora, chegaram à conclusão que, não, não são.


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“Um dia, a Cadillac virá. Não agora”, disse em Detroit o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila. O que é preciso acontecer para a Cadillac vir? Bem, Ardila não foi muito claro, mas basicamente é necessária a retomada do crescimento do mercado brasileiro.

A Cadillac, marca de alto luxo, evidentemente não terá carros abaixo de R$ 200 mil no Brasil. A GM, sua dona, chegou a confirmar, ainda que extra-oficialmente, que traria os carros da Cadillac ao País, mas desde o ano passado seus executivos já vinham informando que esse plano seria adiado.


Com a Infiniti foi ainda pior. A Nissan, sua proprietária, chegou a divulgar comunicado oficial sobre a chegada da marca, citando alguns modelos que aqui estariam. Data de estreia no País? 2014. Pois bem: o mercado virou. E a chegada da Infiniti no Brasil “dançou”.

De acordo com a Nissan, o início das operações da Infiniti ainda ocorrerá. Porém, foi adiado. Por tempo indefinido.

A Acura, da Honda, que trouxe o então protótipo NSX para o Salão do Automóvel de 2012, anunciou planos de vir também. Planos estes que foram abortados. Se for vendido no Brasil, o NSX terá a marca Honda.


NSX, aqui, vai ser Honda

Mas, por quê? A história é a seguinte: essas marcas, principalmente Infiniti e Acura, bastante voltadas para o mercado norte-americano, tinham planos de expandir suas áreas de atuação – até porque os EUA estavam em crise. E imaginaram que o Brasil, em plena expansão, com anúncios de novas fábricas de marcas de luxo, seria a resposta.

Engano. Logo as coisas foram ficando mais claras. Em 2014 a queda nas vendas totais foi forte, mas este cenário já vinha se desenhando desde o ano anterior. Em contrapartida, o mercado de luxo cresceu. Sim, cresceu!

Acontece que, por luxo, entende-se marcas que atuam apenas no segmento premium. Destas, Audi, BMW e Mercedes-Benz registraram grande crescimento. No caso da primeira, a alta foi de mais de mais de 80%.


Já a Land Rover teve uma belíssima queda. Sabem por quê? Porque é a única entre as quatro maiores marcas de luxo que não tem modelo abaixo de R$ 200 mil no mercado.

O fato é que mais de 80% das vendas de veículos luxuosos, de acordo com estimativas de executivos, são registradas por modelos que custam menos de R$ 150 mil.

Na Audi, por exemplo, os modelos abaixo de R$ 150 mil representaram cerca de 85% no ano passado. Na BMW, o número foi 70% e na Mercedes, cerca de 65%. Não é à toa que essas marcas impulsionaram o crescimento do segmento premium.


IMPRESSÕES SOBRE O FUTURO

Dificilmente o Brasil se tornará, de fato, uma alternativa para as marcas de extremo luxo. Por aqui, os carros recolhem muitos impostos, o que eleva o preço final demasiadamente. Assim, os modelos de marca como Cadillac, Infiniti e Acura atingem uma baixíssima parcela da população.

Se o Brasil está entre os cinco maiores mercados do mundo, no segmento de alto luxo ele não aparece nem entre os trinta. Até sul-americanos como a Argentina estão na nossa frente.


Tanto que, no caso das marcas superluxuosas, são poucas as que têm filiais por aqui. A Lexus, da Toyota, é um exemplo. Outro é a Jaguar, que, assim como a Land Rover, em breve vai investir na faixa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. A Jaguar Land Rover, aliás, se tornará fabricante em 2016.

Já Ferrari, Maserati, Aston Martin, Bentley e Lamborghini são todas trazidas por importadores independentes das matrizes. Claro que as operações são oficiais, em comum acordo com a marca, mas são empresas brasileiras as responsáveis pela importação e venda dos veículos.

 


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