Primeira Classe

Toyota agora é séria ameaça às líderes

Yaris deverá ser primeiro passo para entrada da Toyota na briga pela liderança de vendas no mercado brasileiro

Rafaela Borges

26 de set, 2017 · 9 minutos de leitura.

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Toyota Yaris
Crédito: Carro vem para participar do segmento de maior volume do País

A Toyota trabalha no Brasil de maneira um tanto lenta. Em 2005, a marca informou pela primeira vez que pretendia produzir o Yaris aqui. Foram doze anos até a empresa confirmar que, sim, o carro será feito no País. A fabricação do Yaris no Brasil começa em 2018.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

Em 2005, a marca também divulgou que, com o Yaris, pretendia deter 10% do mercado brasileiro. Esse objetivo não foi alcançado até hoje. A Toyota tem cerca de 8,9% das vendas no País.

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A meta de 10%, porém, deve ser finalmente alcançada. E justamente com o produto prometido, o Yaris.

Nesses 12 anos, é claro que o Yaris não esteve sempre nos planos da Toyota. A marca abandonou a ideia de produzir o carro aqui em prol de Etios, lançado em 2012.

À época, considerou que o Yaris seria muito caro para a meta de 10% do mercado. O Etios, porém, foi o carro certo, mas na hora errada. Era a hora da chegada do HB20, que tinha um belo design em evidência e era feito bem ao gosto do brasileiro.


Já o Etios chegou com visual desagradável tanto no interior quanto no exterior. Projeto indiano de baixo custo, não caiu no gosto do consumidor. Nem a mecânica confiável nem a força da marca Toyota conseguiram salvá-lo.

Isso até 2016, quando, após passar por diversas mudanças, o Etios se recuperou no ranking de vendas. Os dois modelos da linha (hatch e sedã) passaram a integrar o “top 20”, com algumas aparições no “top 10”.

 


NOVA CONJUNTURA DO MERCADO DEU ASAS À TOYOTA

Doze anos depois das primeiras ideias sobre o Yaris, ele chega para ser o carro certo na hora certa. Seu visual é correto. Não dá para dizer que é lindo, mas feio, não é.

É um estilo Toyota de ser, sem grande ousadia no desenho, mas também sem nada que comprometa. Com isso, provavelmente o público – fã de carteirinha da montadora – não vai se importar com um outro fato. Esta não é a geração do Yaris feita na Europa, nem mesmo na Tailândia.


O modelo será produzido sobre a base do velho Yaris, numa típica gambiarra à brasileira. Isso, porém, é assunto para outra análise.

O Yaris vem para integrar dois dos maiores segmentos do Brasil: o de hatches e sedãs compactos (haverá duas versões). O Etios já atua nessas categorias.

O novo carro virá para ser um complemento do Etios, que briga com as versões mais baratas de Onix e HB20. O Yaris concorrerá com as mais caras – bem como com os novos Argo e Polo.


Em um mercado em que os modelos mais em conta não estão mais com essa bola toda, o Yaris agora tira nota dez no quesito adequação ao mercado. Com a crise, e a perda do poder aquisitivo do consumidor de modelos populares, hoje os veículos mais vendidos são um pouco mais caros, e obrigatoriamente mais equipados.

Foi essa conjuntura que permitiu também o avanço de participação do Corolla, hoje um dos carros mais vendidos do Brasil. Graças a ele, a Toyota já briga com Hyundai e Ford pelo quarto lugar de vendas.

 


JÁ DÁ PARA SONHAR COM A LIDERANÇA?

Com o Yaris, o quarto lugar da Toyota está praticamente garantido. Considerando as vendas de hoje, Ford, Hyundai e a marca japonesa registram cerca de 18 mil unidades por mês.

Dados sobre a produção de motores para o novo Yaris (cerca de 66 mil ao ano) mostram que um volume mensal de 5 mil unidades (descontadas as exportações) seria plausível para a gama.


Com 23 mil unidades por mês para a marca japonesa, ficaria difícil para a Ford brigar com a Toyota. Não há nenhum modelo inédito de grande volume no planejamento de lançamentos da empresa para os próximos dois anos.

No caso da Hyundai, a montadora deverá lançar uma picape intermediária, para concorrer com a Toro. O modelo da Fiat tem médias de 4 mil unidades vendidas por mês. Assim, a sul-coreana pode até brigar com a Toyota pelo quarto lugar, mas eu diria que a japonesa levará alguma vantagem.

Assim, doze anos após o anúncio dos planos, a Toyota parece que vai mesmo partir para o quarto lugar de vendas. E também para os 10% de participação.


E com a liderança, dá para sonhar? Dá sim. Para ser líder, a marca precisará ter um utilitário-esportivo compacto. Essa ideia não está longe de se tornar realidade.

Isso porque até o fim da década a marca deverá lançar aqui a nova geração do Corolla. O sedã usará a mesma plataforma do C-HR, o SUV compacto que a marca mostrou aqui no Salão do Automóvel do ano passado.

O segmento de SUVs é o segundo maior do País, e um Toyota certamente faria sucesso nessa categoria. Com esse produto, a marca pode almejar as médias de Fiat e VW, que hoje têm cerca de 29 mil e 26 mil emplacamentos por mês, respectivamente.


Mais difícil será alcançar a Chevrolet, que se aproxima dos 40 mil carros vendidos por mês. Na próxima década, porém, várias mudanças podem ocorrer, com erros e acertos por partes das montadoras que aqui atuam.

A Toyota dificilmente erra. O Etios foi um erro, mas um erro que, aos poucos, a marca conseguiu remediar. E, assim, lentamente, com paciência, a marca vai se aproximando de um feito que parecia impossível: almejar a liderança de vendas sem ter nenhum carro popular em sua linha.

 


VEJA TAMBÉM: OS VACILOS DA TOYOTA HILUX

 

 


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