Desde o fim de 2014, eu escuto falar do Airbnb. Mais que um meio de alugar apartamentos ou casas, o serviço online se tornou uma verdadeira comunidade, ao permitir que o viajante economize com hospedagem durante uma viagem, além de poder vivenciar o estilo de vida do morador da cidade visitada.
(No Instagram: @blogprimeiraclasse)
Particularmente, eu até curto vivenciar experiências como uma “local”, mas sempre morri de medo de alugar apartamentos. Tenho medo de que eles sejam mal localizados, ou não atendam às minhas expectativas de conforto. Um hotel também pode apresentar esses problemas, claro, mas é diferente, porque trata-se de relação com empresa, não pessoa física desconhecida.
Pior: há sempre o medo, também, de levar o “bolo” do locador desconhecido, após já ter efetuado o pagamento antecipadamente.
Porém, eu escutei muitas pessoas relatarem suas ótimas experiências com o Airbnb. Até presenciei uma, quando amigos se hospedaram, no ano passado, em Nice (França), em um ótimo apartamento alugado por meio da ferramenta. Enquanto isso, eu gastei o triplo para ficar hospedada em um dos piores hotéis da história dos hotéis ruins.
Então, resolvi experimentar, em uma viagem de três dias ao Rio de Janeiro. E achei sensacional. Mais que economia, o que determina uma relação de sucesso por meio do Airbnb é a gentileza. Do anfitrião e do hóspede. Por quê? Porque credibilidade é a palavra-chave para os usuários do serviço.
Foi com decepção, portanto, que li uma notícia sobre a proibição imposta por Berlim ao aluguel de apartamentos e casas por meio do Airbnb. Há multa para quem descumprir a regra e fizer anúncio de seu imóvel na ferramenta pode chegar a 100 mil euros (cerca de R$ 400 mil).
Justo Berlim, uma das cidades mais cosmopolitas, livres e gentis que já visitei! Na verdade, acho que essa proibição da prefeitura não vão durar muito tempo, pois a Alemanha é um país que não costuma ir contra a evolução – e o Airbnb é uma grande evolução no mundo dos viajantes.
A cidade, aliás, chegou a proibir o uso do Uber, mas, depois, acabou encontrando uma alternativa pacífica para a convivência entre os motoristas do aplicativo e os taxistas (leia aqui). A relação entre eles vai muito bem, obrigada.
Ah, a justificativa da prefeitura de Berlim para a proibição é a alta dos preços, de cerca de 55%, nos aluguéis de imóveis na cidade desde 2009. Isso porque, de acordo com relatos, por causa das vantagens do Airbnb, ninguém quer mais fazer aluguel mensal de seus imóveis.
MAS O QUE É TÃO LEGAL?
O Airbnb tirou a desconfiança que existia na relação entre locador e locatário de imóveis por temporada. Na ferramenta, eles nem são chamados assim, e sim de anfitriões e hóspedes.
Em primeiro lugar, o cadastro no serviço pode se dar por meio de perfil (autêntico) no Facebook, o que ajuda a proteger anfitrião e hóspede contra eventuais golpes. Além disso, o pagamento só é enviado pelo Airbnb ao anfitrião 24 horas após o check-in do hóspede no imóvel.
Isso protege o locatário contra eventuais contratempos. Um amigo, certa vez, alugou um apartamento por meio do Airbnb, mas, ao chegar à cidade, não conseguiu contato com o locador. Ao entrar em contato com a central de atendimento do site, foi rapidamente hospedado em um hotel de bom nível e na mesma região ao imóvel pelo qual pagou.
O valor da hospedagem no hotel, bem mais alto, foi integralmente pago pelo Airbnb.
Outro relato que ouvi mostrou que a ferramenta também garante tranquilidade a quem oferece seu imóvel para aluguel – porque, assim como o locador pode sair perdendo tanto, ou até mais, ao alugar seu imóvel para desconhecidos. Nossa anfitriã no Rio de Janeiro contou que, na primeira experiência de locação, os hóspedes, estrangeiros, da Escócia, deixaram seu apartamento bastante danificado. Até a porta de acesso eles quebraram.
Quando o hóspede é estrangeiro, cobrá-lo judicialmente é mais difícil – ou impossível. O Airbnb, no entanto, reembolsou à proprietária do imóvel todos os prejuízos, sem burocracia.
O ideal, porém, é que não se chegue a esse extremo. Para isso, o Airbnb valoriza bastante a opinião de hóspedes sobre anfitriões (e seus imóveis), e vice-versa. Para que a ferramenta funcione com eficiência, portanto, é super importante sempre deixar sua opinião sobre a experiência.
Afinal, quem vai alugar um imóvel ou negociar com um anfitrião de baixa reputação? Para o hóspede, vale o mesmo.
Daí, a importância do fator gentileza. Mimos por parte do anfitrião, como dicas sobre a cidade, ou deixar umas frutas no apartamento, são sempre bem vindos. Ao hóspede, cabe zelar pelo imóvel, e entregá-lo da mesma maneira que lhe foi entregue. Funciona muito bem!
Ah, o preço? O apartamento que alugamos, no coração de Ipanema, para seis pessoas, custou um sexto do que pagaríamos em dois quartos triplos em um hotel três-estrelas na mesma região. E ainda dá para negociar os horários de chegada e saída.
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