A nova geração do VW Tiguan chegará às lojas entre o fim deste mês e o início de maio. Em parte, dá para dizer que algumas expectativas não foram cumpridas. Havia o rumor de que os preços seriam próximos aos do líder Compass. Ao menos na versão de entrada, porém, o Volkswagen é mais mais caro. Você entenderá isso melhor abaixo.
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Porém, após o primeiro “choque” com os preços do novo VW Tiguan, logo se entende que ele não é caro. Nem um pouco. Na verdade, ele veio com um posicionamento de mercado para botar pra quebrar. O que só reforça: a Volkswagen não está para brincadeira no Brasil.
Descobri que o Tiguan não é caro no fim de semana, enquanto prestava uma consultoria automotiva para minha prima. De todas as opções desse segmento, o VW acabou se mostrando, com sobras, a melhor.
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Aqui, o objetivo é analisar o posicionamento mercadológico do VW Tiguan. A análise não está levando em consideração como ele anda, ou alguns detalhes sobre os quais só poderei opinar após longo contato com o carro.
O posicionamento de mercado do VW Tiguan de nova geração, em minha análise, foi muito bem sucedido. A versão que, a princípio, mais vale a pena, é a intermediária, Comforline. Dificilmente, alguém vai considerar essa configuração cara.
A de entrada e a R-Line, no entanto, podem ser consideradas caras. Porém, mais abaixo, você vai entender por que elas não são.
VW TIGUAN COMFORTLINE
A versão do novo Tiguan que realmente vale a pena é a intermediária, Comfortline. A tabela? R$ 149.990.
E por que ela vale a pena? Porque vem atender uma faixa do mercado que está completamente carente. O VW Tiguan Comfortline é o carro para quem quer um SUV de R$ 150 mil com sete lugares.
No Brasil, SUV é hoje carro familiar. Os utilitários substituíram as peruas e as minivans no coração desse público. E as famílias, a medida que crescem, querem mais espaço (e lugares).
Muitas pessoas vieram me falar sobre a frustração que tiveram com o Equinox e o novo CR-V. Os dois novos SUVs, apesar de bons, não têm os tais sete lugares.
Agora, a Volkswagen “ouviu as preces” desse público e trouxe o Tiguan com três fileiras de bancos. Até então, havia pouquíssimas opções de sete lugares na faixa dos R$ 150 mil.
A principal era o Mitsubishi Outlander. A versão Comfort 2.0, com espaço para sete pessoas, sai a R$ 151.990.
Seu espaço interno, porém, é um tanto limitado para as expectativas de quem quer um SUV para sete pessoas (2,67 metros de entre-eixos). O motor é um 2.0 aspirado de 160 cv.
Até meados do ano passado, o Outlander vendia muito bem. Chegou aparecer entre os dez mais emplacados do segmento de SUVs.
VEJA TAMBÉM: OS SUVS MAIS VENDIDOS NO 1º TRIMESTRE
20º BMW X1
935 UNIDADES
19º LAND ROVER DISCOVERY SPORT
942 UNIDADES
18º CHEVROLET EQUINOX
1.090 UNIDADES
17º HYUNDAI TUCSON
1.297 UNIDADES
16º KIA SPORTAGE
1.420 UNIDADES
15º CITROËN AIRCROSS
1.547 UNIDADES
14º MITSUBISHI ASX
1.640 UNIDADES
13º PEUGEOT 2008
2.090 UNIDADES
12º HYUNDAI IX35
2.259 UNIDADES
11º TOYOTA SW4
2.307 UNIDADES
10º RENAULT DUSTER
3.392 UNIDADES
9º RENAULT CAPTUR
3.948 UNIDADES
8º HONDA WR-V
4.355 UNIDADES
7º CHEVROLET TRACKER
6.651 UNIDADES
6º FORD ECOSPORT
7.023 UNIDADES
5º JEEP RENEGADE
8.965 UNIDADES
4º HYUNDAI CRETA
9.615 UNIDADES
3º NISSAN KICKS
12.320 UNIDADES
2º HONDA HR-V
12.832 UNIDADES
JEEP COMPASS
12.978 UNIDADES
Porém, a chegada de novos modelos, como 3008 e Equinox (mesmo oferecendo apenas cinco lugares) começou a fazer o Mitsubishi perder espaço. Os novatos são mais modernos e, no caso do Chevrolet, espaçoso. Em 2018, o Outlander é só 28º SUV mais vendido do País.
A outra opção de sete lugares nesta faixa de preço é o Journey, que não está nem na lista dos 50 SUVs mais vendidos do Brasil. O carro tem chamado a atenção pelo atraente preço de R$ 144.990, já com espaço para sete.
Porém, trata-se de um modelo já bastante defasada, sem quase nenhuma tecnologia moderna, e com um motor V6 de alto consumo. O Journey, na verdade, não vem sendo muito divulgado no varejo pela FCA (dona de sua fabricante, a Dodge). É um carro sem muitos atrativos, além dos sete lugares, e acabou se tornando um “esquecido” do mercado.
VANTAGENS DO COMFORTLINE
Então chega o Tiguan de R$ 150 mil. O motor é eficiente, capaz de entregar baixo consumo e agilidade. Há ampla lista de equipamentos modernos.
O espaço interno é equivalente ao do Equinox (tem 2,79 metros de entre-eixos). O porta-malas, maior (são mais de 700 litros quando os dois assentos da terceira fileiras não estão em uso).
Além disso, trata-se de um carro da mais tradicional e conhecida marca do Brasil. E a Volkswagen, de olho na retomada da liderança de vendas, não está poupando esforços para vender seus carros. Ou seja: espere agressivas ações de varejo.
A conclusão é que o VW Tiguan Comfortline tem armas perfeitas para conquistar esse público carente de produtos. E com preço competitivo. Não seria nenhum espanto se, nas revendas, essa for a versão mais procurada do renovado carro.
VW TIGUAN DE ENTRADA
A de entrada (cinco lugares) talvez seja a mais polêmica das versões. Eu esperava, para ela, preço em torno de R$ 115 mil. Isso porque fontes ligadas à marca haviam informado que as tabelas seriam semelhantes às do Compass, líder do mercado de SUVs.
Porém, o preço finalmente foi divulgado. E ficou quase R$ 10 mil acima da expectativa. O VW Tiguan de entrada é tabelado em R$ 124.990.
Não dá para dizer que um carro que parte de quase R$ 15 mil a mais que o Compass (o Jeep começa em R$ 110 mil) tem, ao menos na versão de entrada, a mesma faixa de preço. Minha primeira reação foi considerar o VW Tiguan mais em conta caro.
Porém, uma análise mais profunda me fez ver que ele não é. O Tiguan, em dimensões, é comparável não ao Compass, e sim ao Equinox.
Mas não são todos médios? São sim. Mas o segmento de SUVs médios está ficando tão diversificado que já tem modelos com muitas variações de tamanho.
O Compass tem dimensões para ser considerado médio. Porém, acaba, nas versões mais simples, concorrendo com alguns compactos (veja detalhes aqui).
O Jeep tem 4,41 metros de comprimento (29 cm a menos que o Tiguan). Seu entre-eixos é 16 cm inferior. Além disso, o porta-malas leva apenas 410 litros de bagagem.
DIMENSÕES SUPERIORES
O que concluímos com isso? Que o Tiguan custa mais porque é um carro maior. E já sai de fábrica com um pacote de equipamentos notável, que inclui central multimídia com espelhamento e ar-condicionado de três zonas.
Mais que isso: o Tiguan é bem mais barato que o Equinox de entrada, que sai por R$ 137.490. Aí você pode argumentar, com uma certa razão: “mas o Chevrolet tem 262 cv, ante os 150 cv do Tiguan.”
Porém, na hora de comprar um SUV com cerca de 2,8 metros de entre-eixos, o mais barato é o Tiguan, não o Equinox. Em outros mercados, a Chevrolet tem versões de seu SUV com motor 1.4 turbo, que poderiam custar bem menos que as com o 2.0 no Brasil.
Porém, optou por trazer apenas as mais potentes. A opção da Volks foi importar o menos potente para a versão de entrada. São estratégias diferentes, e igualmente boas. Vamos conferir qual vai dar mais certo.
VW TIGUAN R-LINE
Esta é a versão com menos vantagem competitiva. O VW Tiguan de topo custa R$ 179.990. Nesse preço, estão incluídos excelentes argumentos, como o motor 2.0 turbo de 220 cv.
Esse propulsor é ideal principalmente para quem deseja blindar o veículo, algo comum entre os clientes do segmento. A blindagem acrescenta peso e faz o carro perder desempenho.
Além disso, o VW Tiguan R-Line tem itens como painel virtual, tração integral, sistema automático de estacionamento, ACC e porta-malas com abertura automática. As demais opções não oferecem esses equipamentos.
Assim, os R$ 30 mil a mais cobrados parecem até bem pagos, certo? E, quando se compara a versão R-Line com o restante da linha, eles de fato são.
Porém, aqui a análise é sobre o posicionamento ante os concorrentes. E é aí que a vantagem competitiva do VW Tiguan R-Line diminui.
A mais que o Equinox de topo, ele tem os sete lugares. Porém, seu preço é R$ 24 mil superior. Os assentos extras não custam isso – e vale lembrar que os dois modelos vêm do México (não recolhem imposto de importação).
O Honda CR-V, por vir dos EUA, paga tarifa alfandegária. O preço é exatamente o mesmo do Tiguan R-Line. Assim, ao menos diante do Honda, o VW é uma opção melhor. Ele tem os sete lugares e motor mais potente (o do CR-V é de 190 cv).
RIVAIS DE 7 LUGARES DO R-LINE
Já na comparação com o Santa Fé, a vantagem é pequena. O Hyundai de sete lugares tem tabela de cerca de R$ 196 mil, mas pode ser encontrado nas lojas por R$ 184 mil.
A favor do VW Tiguan, há o fato de que o motor do Santa Fé, um V6 de 270 cv, ser menos moderno. O Hyundai tem também porta-malas e entre-eixos menores.
Há ainda, na lista dos SUVs de sete lugares, o Toyota SW4 (R$ 181.690). E a Peugeot acaba de lançar o 5008 com o preço promocional de R$ 157.490.
Mas e aí, o Tiguan R-Line vale ou não a pena? Até vale. Porém, nessa faixa de preço, encontra uma concorrência bem mais acirrada que nas demais.
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