Corolla, Hilux e SW4, modelos com preços a partir de R$ 100 mil, são fenômenos de vendas no Brasil. Lançado no ano passado, o Toyota que está ao alcance de mais clientes, o Yaris, é o oposto. Integrante do maior segmento do País, ele luta para ficar entre os 20 mais vendidos – missão que dificilmente consegue cumprir.
O Toyota Yaris foi lançado no Brasil no início de julho do ano passado. Um ano e três meses depois, seu desempenho continua para lá de discreto, quando comparado ao dos rivais.
Enquanto o Chevrolet Onix lidera o mercado, o Hyundai HB20 é vice-líder de vendas e Volkswagen Polo e Fiat Argo fazem parte da lista dos dez mais emplacados, o Toyota está bem distante dessa briga.
No acumulado de 1º a 11 de outubro, por exemplo, o Onix é líder, o HB20, terceiro colocado, o Argo, quarto e o Polo, oitavo, o Yaris ocupa a 24ª posição no ranking de vendas.
Enquanto isso, a Hilux é líder do segmento de picapes médias. O Corolla, além de ser o sedã médio mais bem sucedido da história do Brasil, este mês deve voltar a ocupar posição entre os dez mais emplacados do País.
O SW4, a R$ 175.990 iniciais, é presença constante na lista dos dez SUVs mais emplacados do País. O modelo deixa muitos compactos que partem de R$ 80 mil para trás.
Os três modelos são fenômenos de vendas, por razões que incluem, em primeiro lugar, a boa fama da Toyota de produzir carros duráveis, com manutenção barata e pouco suscetíveis a falhas mecânicas.
Então, se o Yaris é mais acessível, e é também um Toyota, por que não é um fenômeno de vendas? Há algumas razões. Mas, antes disso, é preciso explicar algo importante: o carro está longe de ser um fracasso.
Yaris cumpriu a meta
Em uma análise, temos de nos basear na projeção divulgada pela montadora.
Sendo assim, o Yaris é um sucesso. Quando o lançou, a Toyota divulgou que esperava vender cerca de 5.800 unidades por mês das duas versões, hatch e sedã. Nos primeiros meses, ficou longe de atingir a meta.
Já em 2019, a linha tem registrado médias entre 5.700 e 5.900 emplacamentos. Então, cumpriu a estimativa da marca. Não importa se está muito atrás da concorrência porque, de acordo com a projeção divulgada pela Toyota, jamais houve a intenção de chegar ao mesmo patamar de vendas dos rivais.
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Lição que veio com o Etios
Com toda a reputação que a Toyota tem, sempre que a marca anuncia um lançamento no segmento de compactos, uma alta expectativa é criada. Projeções anteriores à chegada do modelo, feitas não pela marca, mas pelo público e por especialistas, apostam que o carro tem chances de brigar pela liderança de vendas no Brasil.
Afinal, estamos falando de um carro de uma marca desejada que será acessível a mais clientes. Mas talvez o Etios tenha deixado uma lição à Toyota: no segmento de hatches e sedãs compactos, a história é bem diferente da observada entre categorias de modelos mais caros.
O Etios, em seus primeiros anos, foi mal em vendas. Depois melhorou, para entrar em queda novamente após a chegada do Yaris. E mostrou à Toyota que concorrer nessa categoria por volumes altíssimos pode não ser tão simples para a marca.
Razões das vendas discretas
Em primeiro lugar, temos um segmento com representantes de quase todas as montadoras mais importantes do País. É uma concorrência muito mais acirrada que entre os sedãs médios, picapes médias e SUVs com carroceria sobre chassi.
Além de ter mais opções, o cliente desse segmento é também muito mais sensível ao preço. Se o Toyota for mais caro que os rivais, é mais fácil esse consumidor procurar um Chevrolet, Fiat, Volkswagen, Renault, Hyundai, etc. Mesmo que deseje muito o carro da marca japonesa.
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O modelo não tem versão 1.0 – começa na 1.3, que tem de ser comparada, por exemplo, ao Polo 1.6. O preço inicial do Yaris é de R$ 66.190. O do VW, de R$ 61.590.
E estamos falando do Polo, que é um dos modelos mais caros da categoria. Ou seja: o Yaris é bastante caro.
Consagração mundial
Corolla e a linha Hilux são modelos mundialmente consagrados. O sedã, aliás, é um dos carros mais vendidos do mundo – compete com o Golf por essa posição.
A linha Hilux também tem representantes em diversos mercados. Além disso, os dois modelos já têm anos de mercado brasileiro. E ambos estão em dia com versões oferecidas em países mais desenvolvidos.
Não é o caso do Yaris. O modelo tem cerca de 15 anos de mercado mundial. Porém, ainda está longe de ser uma “marca” forte como o Corolla.
Além disso, para o Brasil a Toyota escolheu uma versão que nada tem a ver com a que está à venda na Europa, por exemplo. A versão nacional do Yaris é a mesma que está à venda na Tailândia desde 2013, mas recebeu uma reestilização para o mercado brasileiro.
Ou seja: é um carro desenvolvido para países emergentes, diferentemente do Corolla. Isso faz diferença? Para o consumidor da Toyota, antenado, faz sim. Principalmente porque o Polo é praticamente o mesmo oferecido no mercado europeu.
Então, por que a Toyota não trouxe a versão mais moderna do Yaris (a europeia)? O carro, nesse caso, custaria mais ainda. E a marca sabe que a sensibilidade a preço nesse segmento é grande.
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