Primeira Classe

A montadora que está surpreendendo

Montadora é a que mais tem carros no 'top 10' em abril, com destaque para a Fiat Strada

Rafaela Borges

19 de abr, 2018 · 11 minutos de leitura.

Fiat Strada" >
Fiat Strada
Crédito: Picape foi o quinto carro mais vendido na primeira quinzena (Foto: Sergio Castro/Estadão)

A Fiat Strada tem um quê de especial. Há anos, é a mais vendida de seu segmento. No ano passado, chegou a perder o posto para um modelo maior e mais caro, a Toro. Porém, conseguiu fechar 2017 na frente.

A picape é o destaque de um mês que parece representar, enfim, uma maré boa para a Fiat. Na primeira quinzena de abril, a Fiat Strada ocupa uma excelente posição no ranking de vendas (ainda mais para uma picape). Foi o quinto carro mais emplacado do Brasil.

As notícias boas para a Fiat, porém, vão muito além da picape Strada. Na primeira quinzena do mês, ela foi a montadora que mais ocupou posições na lista dos dez carros mais vendidos (veja aqui).

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A Toro foi o nono carro mais emplacado. O Argo, o décimo. Além disso, o Mobi ocupou a 12ª posição desse ranking.

Há ainda os carros da Jeep, que fazem parte da FCA. Não vamos nos estender sobre eles aqui, pois o objetivo é analisar o papel da Fiat em abril, não do grupo. Mas, só para constar: por enquanto, Compass e Renegade são os dois SUVs mais vendidos em abril.

Há outras boas notícias. Na briga particular com a Volkswagen pela vice-liderança, os carros de passeio da Fiat começam a se aproximar. E são os carros de passeio o grande “calcanhar de Aquiles” da marca, que vem se sustentando, desde o início do ano passado, no sucesso de seus comerciais leves (falaremos mais sobre isso adiante).


 

VEJA TAMBÉM: CARROS COM CONSUMO DE COMBUSTÍVEL ABSURDO

 


A Strada sempre esteve à frente da Saveiro e a Toro, da Amarok. Não, Toro e Amarok não são rivais diretas, mas a picape é o mais próximo que a Fiat tem uma média, para comparação.

Voltando aos carros de passeio, o Argo se aproximou do Polo. O Cronos, maior aposta da Fiat para este ano, está em empate técnico com o Virtus.

O Mobi abriu grande dianteira ante o Up! – que, aliás, está apresentando um desempenho muito ruim neste ano. Até março, o VW teve meno de 5 mil unidades vendidas, e ficou fora do “top 30” de vendas.


Mais que abrir vantagem ante o Up!, o Mobi se aproximou do Gol em abril. O Volkswagen teve 2.372 emplacamentos na primeira quinzena, ante os 2.185 do Fiat.

Ainda não dá dados preliminares sobre qual montadora está na vice-liderança parcial deste mês. Não seria surpresa, porém, se a Fiat estivesse ocupando essa posição no momento. Se este não for o caso, certamente a italiana está muito próxima da alemã.

Há razões para comemorar as boas notícias, portanto. Mas nem tantas. Em primeiro lugar, a Volkswagen ainda tem o Fox, com mais de 10 mil emplacamentos neste ano, ante os menos de 3 mil do outro carro de passeio popular da Fiat, o Uno.


Além disso, a montadora alemã acaba de lançar o Tiguan, que vem competitivo para a briga, e faz um volume razoável com o Jetta. A Fiat não tem sedã médio, nem SUV (nesse segmento, a responsabilidade fica sobre a Jeep no Grupo FCA).

Por fim, o bom desempenho da Fiat pode estar associado a um grande volume de vendas diretas. Se for o caso, a tendência é a média diária de emplacamentos cair nos próximos.

Isso porque vendas no atacado podem gerar emplacamentos de diversas unidades simultaneamente, inflando os volumes em um curto período de tempo.


De todo modo, fazia tempo que a Fiat não protagonizava um desempenho tão consistente com seus carros de passeio. Pode ser um início da retomada da marca em busca da alta da participação de mercado.

ALTOS E BAIXOS

Líder do mercado brasileiro durante a maior parte deste século, a Fiat perdeu o primeiro lugar e entrou em uma fase ruim. Em 2015, houve troca no comando da montadora. Saiu Cledorvino Belini; entrou Stefan Ketter.

Ketter, que acaba de deixar a filial brasileira (substituído por Antonio Filosa), empenhou-se em renovar a linha Fiat. O problema é que saíram de linha, ou foram deixados de lado, carros importantes. Isso em um curto período de tempo.


Desse grupo fazem parte Palio, Punto, Bravo e Linea. Já o Uno, com a chegada do Mobi, foi reposicionado, ficou mais caro e perdeu mercado.

Siena e Weekend ainda estão em linha, segundo a Fiat, mas têm baixos volumes. Para compensar, no segmento de carros de passeio, foram lançados só três produtos no período: Mobi, Argo e, agora, o Cronos.

O resultado foi que a Fiat despencou em participação de mercado na categoria de carros passeios. Descartando os comerciais leves, a marca foi, no primeiro trimestre, apenas quinta colocada no ranking de montadoras.


Assim, a Fiat acabou perdendo a vice-liderança (que, somando os comerciais leves, conseguiu obter em 2017) para a Volkswagen logo no início de 2018.

Agora, em abril, a marca dá sinais de que a briga não está perdida. Os resultados da quinzena mostram que ela ainda pode desafiar a Volkswagen. Até o fim do ano, essa batalha promete ser boa.

O SUCESSO DA FIAT STRADA E DA TORO

As picapes não conseguiram segurar a Fiat na segunda posição. Porém, são as responsáveis por sustentar a montadora italiana no terceiro posto, e também por a marca ter sido uma das que menos perderam participação no primeiro trimestre de 2018.


A Fiat Strada é um dos casos de marketing mais bem sucedidos do mercado de carros. Ela saiu na frente em soluções simples, mas importantes para o consumidor desse segmento.

Ela foi a primeira picapinha a ter cabine dupla, e também três portas. Além disso, a Fiat Strada tem boa variedade de versões, bem como preços competitivos.

Trata-se de um carro um tanto defasado. Porém, dá para dizer que sua principal rival, a Saveiro, é muito moderna? Não, não dá.


A Fiat Strada também se sustenta muito nas vendas diretas. Mas, nesse segmento, o fato não chega a ser um problema. Picapes, sejam pequenas ou médias, são muito voltadas a esse público.

A maior parte das picapes do Brasil tem mais de 50% de seus emplacamentos provenientes de negócios fechados no atacado. No caso da Fiat Strada, esse volume é um pouco maior.

Porém, trata-se de um dos modelos mais comprados para trabalhos em propriedades rurais, por exemplo.


Esse público sempre adquire picapes por vendas diretas, graças a uma facilidade oferecida por muitas montadoras, conhecida como “Plano Rural” – que são descontos fornecidos a donos de propriedades rurais.

O fato é que a Fiat Strada vem sendo a principal arma de sua marca no mercado. E é grande a chance de a montadora já estar preparando mudanças importantes para o modelo.

Isso porque a VW já anunciou a nova geração da Saveiro. E, para a montadora italiana, é muito importante que a Fiat Strada não fique para trás.


Sobre a Toro, a picape já se tornou maior que a Fiat. Com porte médio, mas plataforma de carro de passeio, é aquela picape para quem quer espaço e conforto. Garante status a seu proprietário, e tornou-se um modelo desejado. É um “case” de sucesso.

 

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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.