Primeira Classe

SUV ‘queridinho’ deve ficar fora do ‘top 20’

Honda HR-V, líder dos compactos desde seu lançamento, começa a perder espaço no mercado brasileiro de carros

Rafaela Borges

30 de abr, 2018 · 8 minutos de leitura.

Honda HR-V" >
Honda HR-V
Crédito: No segmento de SUVs, ele foi apenas o quinto mais vendido em abril (Foto: Felipe Rau/Estadão)

Desde seu lançamento, em 2015, o Honda HR-V dominou o segmento de SUVs compactos. Mais que isso: até a chegada do Jeep Compass, no fim de 2016, ele era primeiro colocado em toda a categoria (que inclui médios e grandes).

LEIA TAMBÉM

Porém, neste ano, o HR-V está perdendo espaço. E essa queda parece ter alcançado seu auge no mês de abril.

Publicidade


Números preliminares obtidos pelo blog apontam que, neste mês, o HR-V deverá ficar fora da lista dos 20 carros mais vendidos do Brasil. Além disso, o Honda também perdeu ampla participação no segmento de SUVs.

 

Confira o perfil da autora do blog no Instagram


 

A categoria, aliás, está bastante agitada neste ano. Há constante rodízio na primeira posição do ranking (veja aqui).

No mês passado, o HR-V já havia perdido o primeiro lugar dos SUVs compactos para o Nissan Kicks. Agora, a situação piorou bastante. Ele também ficou atrás do Renegade e do Creta.


Isso entre os dias 1º e 27 de abril. Porém, como falta apenas um dia de emplacamentos para o fechamento do mês (30 de abril), o HR-V dificilmente vai recuperar o espaço perdido.

Com isso, deve confirmar as posições que tem agora. No segmento de SUVs, deverá ser o quinto mais emplacado em abril. Considerando apenas os SUVs compactos, é o quarto.

 


VEJA TAMBÉM: 15 CARROS POTENTES E ECONÔMICOS

 

Razões da queda do HR-V

O Honda HR-V é caro? Depende. A versão de topo, Touring, é de fato a mais cara do segmento de SUVs compactos. Custa R$ 108.900.


Porém, o modelo tem boa diversidade de versões, que partem de R$ 81.900. É um preço competitivo para o segmento.

Para comparação, o Chevrolet Tracker, conhecido pelo bom custo-benefício, começa em R$ 87.990. Já vem com câmbio automático, no entanto.

Ainda assim, o HR-V automático mais em conta não é muito mais caro que o Tracker. Sai por R$ 88.900.


Outro queridinho do mercado, o Creta é mais em conta: começa em R$ 76.350. Porém, nesse caso, com um motor 1.6 bem mais fraco que o bom 1.8 do HR-V.

Análises de preços à parte, a verdade é que o Honda sempre foi um pouco mais caro. Ainda assim, sempre vendeu mais.

Por quê? Porque se tornou o queridinho do Brasil. Entre os SUVs, acabava sendo a opção mais racional, por ser espaçoso para um compacto, e ter um motor que garante bom desempenho  – o que é raro nesse segmento.


Por que, então, ele está perdendo espaço agora?

O líder sempre perde

Antes da chegada das montadoras “newcomers”, no fim dos anos 90, a Volkswagen tinha mais de 30% do mercado. Quando as novatas vieram, a alemã, que era líder disparada, foi a que mais perdeu.

Logo, além de participação, a Volkswagen perdeu também a liderança do mercado de carros no Brasil.


Assim, é normal, quando novidades chegam, o líder ser o maior prejudicado. Isso é exatamente o que vem ocorrendo com o HR-V. De 2017 para cá, o segmento recebeu muitas novidades.

Em primeiro lugar, veio o médio Compass. Apesar de ter preço inicial de quase R$ 110 mil, o Jeep acabou concorrendo diretamente com as versões mais caras do HR-V.

Nesse caso, o Honda já perdeu um pouco de espaço. O Creta foi outro que atingiu diretamente o HR-V. O Kicks, nacionalizado em 2017 e com preços mais competitivos, também tirou espaço do modelo.


Há ainda, nesse grupo, o Captur, que começa a ganhar relevância no mercado. O Tracker, por sua vez, ganhou atualizações que impulsionaram suas vendas.

E o WR-V? Em minha opinião, ele não tira mercado do HR-V. No começo, isso pode ter até ocorrido. Agora, não mais. Mas isso é assunto para uma próxima análise.

EcoSport já passou por isso

Por mais que o segmento de SUVs esteja crescendo, alguns modelos sempre vão perder participação quando chegam novidades. No momento, isso está ocorrendo com o HR-V. Porém, o EcoSport já foi a “bola da vez”.


O Ford fechou 2014 na liderança que já mantinha, quase ininterruptamente, desde 2003. Porém, em 2015 chegaram o HR-V e o Renegade. O Eco caiu, e nunca mais se recuperou. Hoje, é o sexto SUV mais vendido do País (quinto entre os compactos).

A queda do HR-V, porém, não deverá ser tão acentuada. Minha aposta é que ele vai continuar se alternando com Kicks e Creta na briga pelo primeiro lugar dos compactos.

O Renegade, líder do mês, é cíclico. Vai bem em alguns meses, mas, no geral, é o tradicional ocupante da quinta colocação da categoria.


O Creta já passou por uma leve queda neste ano. Porém, em abril, mostrou recuperação. Assim, ele, Kicks e o Honda parecem ser mesmo os principais postulantes ao número 1.

Porém, para ganhar força na briga com Kicks e Creta, o HR-V merece algumas atualizações. Afinal, quem chega depois traz inovações, e o Honda tem de acompanhar tecnologicamente os demais.

Não é ainda o caso de uma nova geração, e sim de uma atualizações de meio de ciclo de vida. Essas mudanças, aliás, já estão sendo providenciadas e, segundo rumores de bastidores, devem chegar em breve. E a briga ficará cada vez mais quente.


 

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.