Primeira Classe

Marca Jeep vira ameaça para a Honda

No balanço de vendas de maio, há um fato que havia passado despercebido: a Jeep 'colou' na Honda no ranking de vendas

Rafaela Borges

11 de jun, 2018 · 7 minutos de leitura.

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Jeep Compass
Crédito: Em maio, mais de 60% dos emplacamentos do SUV foram provenientes de vendas no atacado (Foto: Werther Santana/Estadão)

De um lado, uma fabricante que praticamente (por opção própria) não vende no atacado. De outra, a montadora que vem garantindo excelente desempenho graças às vendas diretas. Com apenas dois carros de volume no Brasil, a marca Jeep pode virar uma séria ameaça à Honda.

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Em maio, na verdade, ela já virou. A marca Jeep “colou” na montadora japonesa no ranking de vendas. A empresa do grupo FCA, nona colocada no ranking, vendeu 10.003.

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Já a Honda, que ocupa o oitavo posto no ranking de montadoras, somou 10.596 emplacamentos.

A diferença de 593 unidades pode praticamente ser considerada um empate técnico. Entre as dez montadoras que mais vendem carros no Brasil, não há nenhum outro caso de vantagem tão pequena.

Em abril, a vantagem da Honda havia sido bem maior (de quase 2 mil unidades). Naquele mês, a japonesa vendeu 11.290 carros, ante os 9.080 da marca Jeep.


Os dois carros da marca Jeep que realmente vendem no Brasil são o Renegade e o Compass. O primeiro parte de R$ 76.990. O outro começa em R$ 109.990.

Isso aumenta o mérito da marca Jeep ante a Honda, que tem cinco modelos de mais volume no País. Esses carros são o Fit, o City, o WR-V, o HR-V e o Civic. Este, aliás, teve um excelente mês em maio, enquanto o WR-V foi mal. Os demais se mantiveram na média.

Os preços dos modelos da Honda começam em uma faixa mais baixa. O Fit, carro de entrada da japonesa, parte de R$ 59.300.


 

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A marca Jeep vai ultrapassar?

Essa análise é um pouco mais profunda do que os números de maio dão a entender. A maior possibilidade é que a marca Jeep não consiga passar a Honda, em uma primeira leitura.

Que a marca Jeep vem baseando boa parte de suas vendas no atacado não é segredo para ninguém.

As vendas no varejo são as feitas em concessionárias, geralmente sem condições especiais. As no atacado são da fábrica diretamente para empresas, frotistas e algumas categorias de clientes (taxistas, produtores rurais e portadores de necessidades especiais, por exemplo). Geralmente, têm bons descontos.


No caso do Renegade, tradicionalmente as vendas no atacado são pesadas. Com o Compass, a relação atacado/varejo é mais equilibrada, sendo que as vendas em concessionárias costumam ficar um pouco acima das diretas.

No entanto, o Compass, em maio, teve o melhor mês de sua história. Ele “explodiu” em vendas e foi o sétimo carro mais emplacado do País. Por que isso ocorreu? Porque ele teve um volume absurdo no atacado.

As vendas diretas representaram quase 60% dos emplacamentos do Compass. Ele foi, aliás, o terceiro modelo mais comercializado no atacado.


Isso pode ter sido resultado de um bom contrato fechado pela FCA, que pode não se repetir no mês seguinte. Nesse caso, a Honda vai respirar aliviada.

Segunda leitura

Por outro lado, não apenas a marca Jeep, mas a outra montadora do Grupo FCA (a Fiat), não têm problema nenhum quando o assunto é atacado. Elas “mandam bem” nessa modalidade de venda. E isso não é de hoje.

O Renegade vem registrando volumes impressionantes de vendas diretas desde o início do ano. Nada impede que o Compass, que já vai muito bem no varejo, comece a vender mais no atacado nos próximos meses.


Nesse caso, a marca Jeep conseguirá sim ultrapassar a Honda, mesmo que seja em um ou outro mês. No acumulado do ano, essa missão é mais difícil.

Aqui, não estamos falando de lucro nem de operação financeira saudável. Apenas de ranking de vendas. Para a Honda, não vai pegar muito bem ser ultrapassada por uma fabricante de dois carros (como já não pegou para a Nissan, que também foi superada pela marca Jeep).

O mês de junho vai dizer se a Honda tem ou não motivos para se preocupar. Será que a japonesa vai ter de partir para ações fortes no atacado? Isso é algo em que, sinceramente, eu não acredito. Mas nunca se sabe.


 

 

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