Um mês depois de anunciar o plano de reestruturação da Renault, o novo CEO da montadora, Luca de Meo, antecipou um pouco da estratégia da marca francesa para o Brasil. Em entrevista ao portal Automotive News Europe, De Meo confirmou que a empresa vai lançar o SUV Bigster no país. Entretanto, o executivo também disse que a Renault vai congelar os investimentos de curto prazo no País. O que deve afetar a chegada das novas gerações do Sandero e do Logan por aqui.
“Porque a economia está um pouco incerta, iremos congelar investimentos no curto prazo”, disse Luca de Meo, sem citar nomes de modelos. “Iremos redirecionar este dinheiro em coisas como o Bigster e o Duster, nas versões Renault, para que possamos aumentar nossa margem de lucro”, completou. Como exemplos, De Meo citou a Volkswagen e a Fiat, por meio da Jeep.
Estratégia equivocada no Brasil
Segundo Luca de Meo, um dos focos da reestruturação da Renault será a América Latina, onde o executivo afirmou, então, que será necessário fazer cortes no quadro de funcionários. Pois a decisão já está chegou. O recente fechamento do 3º turno na fábrica da montadora francesa em São José dos Pinhais, no Paraná, já fechou um total de 747 postos de trabalho.
Para o chefe da Renault, houve um equívoco na estratégia para o Brasil, com a priorização da participação de mercado em detrimento das margens de lucro. Dessa forma, a empresa não vai mais buscar a fatia de 10% vislumbrada pelo antigo chefe, Carlos Ghosn. Na visão do atual CEO, “5% ou 6%” já bastarão. Mas, para isso, a marca venderá carros mais lucrativos.
Logan e Sandero com futuro incerto
O novo direcionamento da Renault, portanto, é criar e produzir veículos de maior valor agregado, como SUVs e picapes. Assim como a Ford está fazendo. Por isso, a Renault vai priorizar o desenvolvimento da nova geração da picape Duster Oroch, bem como a nova geração do Duster, já sobre a plataforma modular CMF-B. Além disso, ambos terão design e acabamento “padrão Renault”, e não “padrão Dacia”.
Dessa maneira, ficariam congelados os investimentos na renovação dos compactos Logan e Sandero, que foram os principais responsáveis por elevar o patamar de vendas da Renault nas últimas décadas. Para produzir a nova geração da dupla, revelada em 2020 pela Dacia, a Renault precisaria fazer um investimento para atualizar a linha de montagem na fábrica paranaense. Contudo, isso não vai acontecer.
Captur e Kwid serão reestilizados
Enquanto espera por uma recuperação dos negócios no Brasil, a Renault terá dois reforços neste ano, que estão garantidos no cronograma. A montadora vai reestilizar o Kwid, seu modelo de entrada, que deve adotar o mesmo visual do equivalente indiano. E vai redesenhar o SUV Captur, que fará a estreia do inédito motor 1.3 TCe Flex turbo, com potência estimada em 170 cv e cerca de 25 mkgf de torque.
Segundo o Autos Segredos, o novo Captur 2022 será lançado em maio. Ou seja, daqui a menos de três meses. Já com o novo motor 1.3 turbo associado a a transmissão automática CVT que simula oito marchas. Com Captur e o Duster atualizados, a francesa, então, concentrará os esforços no Bigster, que é maior do que o Jeep Compass, mas promete ter preço de SUV compacto. O modelo vai estrear no Brasil até 2023.