A RX, antiga Reed Exhibitions, anunciou nesta terça-feira (10) o adiamento do São Paulo Motor Experience (SPMXP). O evento aconteceria entre os dias 6 e 14 de agosto no Autódromo de Interlagos, na zona Sul da capital paulista. Entretanto, a organização, em conjunto com a Anfavea, representante das montadoras, confirmou o adiamento (por tempo indeterminado). A feira surgiu como uma versão moderna do tradicional Salão do Automóvel.
“O novo formato do São Paulo Motor Experience é sensacional, atende as novas demandas e expectativas do público. Mas as nossas associadas há mais de um ano enfrentam paradas de fábrica e complexos desafios logísticos. E julgam ser mais adequado adiar temporariamente este grande evento que celebra a força do setor automotivo e a paixão do nosso povo por carros”, afirma Márcio de Lima Leite, novo presidente da Anfavea.
Falta de quórum
Tal como o Jornal do Carro publicou no início de abril, o principal motivo para o adiamento do SPMXP foi a falta de adesão das fabricantes. Embora a RX não comente no comunicado, oito montadoras já tinham confirmado que não participariam – General Motors, Kia, JAC Motors, Lexus, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Suzuki e Toyota. “Ao assumir a missão de ser o maior evento automotivo da América Latina e um dos maiores do mundo, o SPMXP ganhou relevância antes mesmo da sua realização. Em razão dos desafios que persistem, optamos por adiá-lo. Mas logo retomaremos os trabalhos”, garante Cláudio Della Nina, presidente da RX.
Poucas confirmações
Até o adiamento, apenas BMW e Mini, Renault, além da chinesa BYD, estavam confirmadas. Entretanto, a feira contaria com expositores de outros segmentos, bem como com atividades nas áreas de boxes e por todo o autódromo. A organização também anunciou testes de pista com modelos a combustão e com carros elétricos – para matar a curiosidade do público.
Último Salão de SP aconteceu em 2018
A última edição do Salão do Automóvel aconteceu em 2018, no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, capital paulista. Até então, a mostra era bienal. Ela abriria os portões em 2020, entretanto, não aconteceu por causa da desistência de 15 montadoras – o que ocorreu antes da pandemia. A RX tentou manter o evento e chegou a adiá-lo para 2021.
Contudo, a crise sanitária impediu a volta do Salão, assim como a debandada das marcas e a falta de interesse no evento. Desde 2019, as montadoras preferem investir em ações pontuais, como relacionamento com potenciais clientes, por exemplo.
Algo custo afastou montadoras
Apesar de justificativas como formatos alternativos e experiências de mobilidade, o que realmente afastou as fabricantes foi o alto custo. O aluguel de espaço, montagem, decoração e gastos com pessoal, por exemplo, custavam até R$ 20 milhões. Os estandes menores, da mesma forma, não saíam por menos de R$ 5 milhões para cada fabricante.
Além disso, os salões já não têm a mesma relevância de outrora, quando as marcas esperavam para lançar automóveis no evento. Atualmente, não dá para esperar tanto tempo, tudo ficou mais dinâmico. Com isso, as fabricantes vão promovendo lançamentos ao longo do ano. E, por essa razão, não têm uma grande novidade para apresentar na feira.
Dessa forma, o Salão do Automóvel segue no imaginário do público, com alta adesão. Na edição de 2018, de acordo com a organização, mais de 700 mil pessoas visitaram o pavilhão de exposições. Agora, resta saber como o público vai reagir aos valores. Afinal, a organização já divulgou que os ingressos custarão entre R$ 40 e até R$ 7.000.