A produção de automóveis elétricos da Volkswagen no Brasil deve começar até 2028. Ciro Possobom, CEO da empresa, confirmou que o mais recente pacote de investimentos da companhia no País inclui veículos elétricos em seu planejamento. “São 16 carros nesse pacote de R$16 bilhões, então haverá carro flex, carro híbrido e carro elétrico”, garantiu.
No entanto, o executivo reconhece que os carros elétricos ainda enfrentam dificuldades no cenário nacional. Em entrevista ao Jornal do Carro, durante a comemoração de 25 anos da fábrica da empresa no Paraná, Possobom falou sobre o futuro da marca. Bem como sobre os planos para concorrer com marcas chinesas no crescente mercado de veículos eletrificados.
Chineses têm “vantagem competitiva”, diz CEO da Volkswagen
A Volkswagen do Brasil enfrenta dificuldades para competir com carros elétricos importados. De acordo com Ciro Possobom, há vantagens em relação a custos como transporte e produção no País. “Você produzir o carro fora do Brasil e vender aqui é não jogar o jogo”, defende.
Por isso, conforme o executivo, a concorrência com os modelos chineses torna a produção e venda no Brasil mais complexa. “O ponto é que o carro elétrico geralmente custa 40% mais caro que um veículo a combustão. Os chineses têm uma vantagem competitiva em relação a isso, mas geralmente o carro custa mais caro”, explica o CEO.
Até mesmo modelos elétricos menores teriam preços mais elevados que poderiam não atrair compradores nacionais. “Se você eletrificar um carro menor, esse modelo vai custar R$150 mil. Poucas pessoas conseguem comprar esse carro, o tíquete médio no Brasil é de R$130 mil”, pontua.
Produção de baterias é gargalo para elétricos no Brasil
O aumento de 40% no valor do automóvel ocorre devido aos custos atrelados à bateria. Segundo Possobom, a falta de produtores nacionais e os custos de transporte com containers refrigerados seriam dois grandes gargalos que atrasam a produção de elétricos no Brasil. Uma solução viável, por outro lado, seria importar as células da bateria e fazer a montagem em território nacional.
Por fim, ainda sobre as baterias, Possobom relembra a falta de carregadores de carros elétricos no Brasil. “A dinâmica do carro elétrico é legal, mas tem as dificuldades do abastecimento. Boa parte dos clientes que compraram elétricos nos Estados Unidos já não querem mais comprar esses modelos”.
Adaptação ao Brasil e vida do automóvel
Por fim, Ciro Possobom ressalta que o lançamento de carros elétricos no Brasil exige teste e adaptação desses veículos. As estradas nacionais requerem que os modelos sejam adaptados e estudados antes do lançamento. “Você não tem ideia da complexidade que é lançar o ID.4 e o ID.Buzz aqui. É preciso testar porque as ruas são diferentes, a altura do carro deve ser diferente, é preciso adaptação para para solo, entre outros detalhes”, explica.
Ao mesmo tempo, a Volkswagen se preocupa com a infraestrutura necessária para suportar um pós-venda. E, assim, impedir a desvalorização que os carros elétricos devem enfrentar na revenda, de cerca de 60% do preço, segundo Possobom.
Até equacionar esses pontos e evitar a desvalorização, a Volkswagen prefere postergar a produção e venda de elétricos no País. “É o DNA da marca, nós estamos muito preocupados com o que vai acontecer lá para frente. A marca Volkswagen é a que menos desvaloriza no mercado”, finaliza o CEO.
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