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Vendas de carros com motor 1.0 não param de cair
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Vendas de carros com motor 1.0 não param de cair

Thiago LascoOs carros 1.0 já foram a locomotiva da indústria nacional de veículos. Desde a estreia do pioneiro Fiat Uno... leia mais

24 de jun, 2013 · 7 minutos de leitura.

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 Vendas de carros com motor 1.0 não param de cair

Thiago Lasco

Os carros 1.0 já foram a locomotiva da indústria nacional de veículos. Desde a estreia do pioneiro Fiat Uno Mille, em 1990, a participação desses modelos só fez crescer até 2001, quando chegou a 71,1% do mercado. A partir de então, a tendência se inverteu e o segmento entrou em um viés de quedas sucessivas – em 2012, respondeu por 41,7% dos licenciamentos. Esse cenário deve se acentuar ainda mais, segundo especialistas.

Impulsionados pelo IPI menor, os 1.0 foram criados para serem opções mais baratas às existentes até os anos 80 – daí a alcunha de “populares”, pela qual eles ficaram conhecidos. “Só que o Brasil nunca chegou a ter carros com preço realmente popular”, diz Luiz Carlos Augusto, da DDG Consultoria.

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Mas há tempos os preços de carros com motores de cilindrada maior, de 1.3 a 1.5, por exemplo, vêm caindo e ficando próximos aos dos 1.0. É a redução dessa diferença que explica o declínio das vendas, segundo Augusto. “O público acaba migrando para os 1.4, que têm relação custo-benefício mais vantajosa, com melhor desempenho e menor consumo de combustível.”

Para Luiz Carlos Mello, diretor do Centro de Estudos Automotivos, o 1.0 se sustenta como uma porta de entrada para o carro zero-quilômetro. “Em vez de levar um usado melhor, o consumidor se deixava seduzir pelo 1.0 novo. Agora, ele começa a ter condições de comprar o carro que realmente quer.”

Estratégia


Alguns fabricantes deixaram de investir em versões 1-litro. Em 2005, a Peugeot trocou o motor 1.0 do hatch 206 pelo 1.4 sem reajustar a tabela da opção de entrada, aproximando-a de rivais 1.0. Já a Toyota decidiu oferecer apenas configurações 1.3 e 1.5 na linha Etios, lançada no ano passado.

Esses movimentos refletem os novos anseios do consumidor brasileiro, segundo Augusto. “Hoje, o mercado quer carro 1.4 com preço de 1.0”, afirma. Na opinião do especialista, se não forem reposicionados, os modelos 1.0 desaparecerão. “Seria necessária uma redução de preço de 10% a 15%, para distanciá-los dos modelos 1.4. Mas, para as montadoras, não interessa vender carros baratos, pois a margem de lucro é menor.”

Sobrevida


Apesar da tendência de queda, modelos recentes, como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, além da nova versão Track do Volkswagen Gol (foto), têm motores 1.0. “O apelo aventureiro atende a uma parte do segmento. É um nicho dentro da base e tem efeito positivo para a imagem do modelo ante os concorrentes”, afirma Mello sobre o novo Gol e o Fiat Uno Way.

Augusto diz que o Gol Track deveria ter motor 1.4. “Seria um grande diferencial. O Uno Way 1.4 não é um carro de entrada. Se a Volks oferecesse esse motor na opção mais em conta, seria um sucesso. É a mesma lógica da Toyota com o Etios 1.3.”

Segunda mão


No mercado de usados, os preços menores pesam a favor dos carros com motor de 1 litro. “Eles vendem muito bem, especialmente para quem quer financiar o valor sem dar entrada”, diz Carlos André de Campos, da Xavier Multimarcas, loja na zona leste. Fabio Mineasi, da Fran Multimarcas, na zona norte, afirma que o perfil do interessado em usados 1.0 é peculiar. “São, principalmente, pessoas comprando o primeiro carro. Já quem dá um usado na troca tenta fugir dessa motorização.”

O vendedor diz que a distância do 1.0 básico para o mesmo carro com motor “maior” chega a R$ 5 mil e se aproxima no caso das versões equipadas, o que favorece a migração. “Tenho dois Fiat Palio 2009 completos na loja, um 1.0 e outro 1.4, com diferença de preço de apenas R$ 1 mil. Com certeza, o 1.4 vai ser vendido primeiro.”


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