Em 2014 a Fórmula 1 voltará à vanguarda da tecnologia de motores. “Os V8 (usados este ano) estão obsoletos, ‘congelados’ desde 2007”, diz o engenheiro-chefe de motores Renault para a Lotus, Ricardo Penteado. Na próxima temporada estreiam os V6 turbo, de 1,6 litro – os atuais oito-cilindros são 2.4.
“Os V8 (de F-1) são arcaicos quando comparados aos motores de rua. Não têm, por exemplo, recursos como comando variável duplo de válvulas”, explica o engenheiro brasileiro. Essa tecnologia está disponível até em modelos compactos, como o Ford Fiesta, por exemplo.
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Outra solução já usada nos carros convencionais e que irá para as pistas a partir do ano que vem é a injeção direta de combustível.
Penteado diz que essas limitações eram impostas pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). “Por isso, tudo o que fazíamos nos motores V8 da Fórmula 1 era pesquisar novos materiais.”
Esse cenário mudará complemente no ano que vem – os motores da categoria voltarão a trazer tecnologias exclusivas e inovadoras. É o caso do duplo sistema de recuperação de energia (Kers), cada um dos dois é capaz de gerar 80 cv extras de potência durante 33 segundos. Isso representa um terço de uma volta em um circuito como o de Nürburgring, na Alemanha.
Penteado diz que o duplo Kers compensará a perda de potência dos V8 em relação aos V6. Os Renault da temporada 2013 têm cerca de 800 cv. Os novos geram aproximadamente 600 cv. “Poderíamos chegar a 3.000 cv com todas as tecnologias disponíveis para o novo propulsor. Porém, o regime de entrega será limitado a 15 mil rpm e é preciso reduzir o consumo de combustível (leia mais abaixo).”
Além disso, haverá um sistema que vem sendo chamado de Hers e conecta o turbo ao motor elétrico do Kers para recuperar energia. “Essa energia é ‘gratuita’. Ou seja, não há limitação de uso imposta pelo regulamento da FIA”, diz Penteado.
De acordo com ele, esses recursos possibilitarão que as novidades implementadas na F-1 voltem a ser usadas em motores de carros de rua.
INOVAÇÃO
600 cv é a potência estimada para os Renault V6 turbo de 1,6 litro que estreiam em 2014 na F-1. Os V8, que não têm injeção direta e não não mudam desde 2007,entregam, em média, 800 cv.
160 cv vão gerar os dois Kers. O engenheiro de motores da Renault Ricardo Penteado diz que isso possibilita ter mais potência sem aumentar o consumo de combustível.