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A nova revolução veicular vem aí
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Tecnologia

A nova revolução veicular vem aí

Carros 'pensantes' prometem mudar o que sabemos sobre trânsito e relações de mobilidade

17 de fev, 2016 · 9 minutos de leitura.

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 A nova revolução veicular vem aí
Anúncio de 1950 de companhia elétrica dos EUA previa como seria o futuro dos automóveis

Os automóveis são maravilhosos. São responsáveis por muito da evolução humana e da globalização ao encurtar distâncias e aproximar comunidades. De uns tempos para cá, porém, eles têm sido acusados de fazer parte do time dos vilões da sociedade moderna, por causa dos gases poluentes que saem dos escapamentos. Mas isso deve mudar. Há uma redenção galopante que aponta para 2020, ano em que a indústria promete dar início às vendas de veículos autônomos.

A questão da poluição do ar não será resolvida pela ausência de motorista, longe disso. A solução tem a ver com a adoção cada vez maior de sistemas elétricos para mover os carros.

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A novidade da vez é a tendência que aponta para o fim da recarga de baterias veiculares por meio de tomadas, que serão substituídas por postos de hidrogênio – a eletricidade será gerada por reação química. A grande revolução que está por vir é como a primeira, da criação dos automóveis, e também tem a ver com aproximar pessoas, como em 1886, quando Bertha Benz fez a primeira viagem de carro a bordo do Patent, na Alemanha. Mas no futuro sairá de cena o elemento que mais causa acidentes e confusões: o ser humano.

Para o chefe do departamento de carros autônomos da Mercedes-Benz, Luca Delgrossi, veículos que andam sem motorista não serão vistos pela nossa geração. Mas serão responsáveis por criar um ambiente que expurgará a raiva e o estresse causado pelo trânsito para criar nas ruas um ambiente de entretenimento e diversão.

Se hoje você esbraveja com o outro motorista que fez uma manobra imprudente e já chega no trabalho cansado por causa das horas seguidas de anda e para, o amanhã lhe reserva filmes, músicas, conversas com amigos e até sexo.


Isso fará tanta diferença na vida das pessoas que vivem nos centros urbanos que o impacto não se dará apenas no trânsito, mas de uma forma que somente a antropologia e a psicanálise vão poder mensurar.

“Há até grupos de enfrentamento de medo do trânsito, compostos por pessoas que não conseguem guiar ou que sofreram acidente e não querem mais fazer isso”, afirma a psiquiatra Mariane Caiado. “O trânsito é um reflexo da violência humana, mas em um microcosmos, o que amplifica ainda mais essa condição.”

FUNÇÃO SOCIAL


Vilões podem ter lendários momentos de redenção. Darth Vader, personagem da saga “Star Wars” está aí para provar. E isso deve acontecer também com os carros, que cumprirão uma nova função social.

Veículos adaptados para deficientes? Esqueça. Com os autônomos, todos poderão ter menos limitações – como deve ser. Basta entrar, informar o endereço por comando de voz e o veículo irá sozinho até lá.

Idosos que não conseguem renovar a licença para guiar serão beneficiados pelo mesmo tipo de recurso. E dá para ir mais longe. Pessoas com algum tipo de deficiência, como a Síndrome de Down, que seriam consideradas inaptas para ter uma carteira de motorista no modelo atual, poderiam ir para a escola, trabalho e até viajar usando os veículos autônomos que estão por vir.


Em 2014 (dado mais recente disponível), 1.249 pessoas morreram em acidentes de trânsito apenas em São Paulo, segundo informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Mais de 10% delas em ocorrências ligadas à combinação de álcool e direção. Essas vidas poderiam ser poupadas se, em vez de assumir o volante após beber, o dono do carro apenas indicasse o destino ao sistema do veículo, que o levaria em segurança para casa.

Mas há também um contraponto. Segundo o vice-presidente da Gartner TI, Peter Soundergaard, os algoritmos usados por carros autônomos terão de ficar mais refinados e a “learning machine” (aprendizado das máquinas) deverá ser mais humanizada. “Com os recursos atuais, se vários carros autônomos estivessem prestes a colidir e os algoritmos concluíssem que, para proteger três ocupantes, um teria de ser colocado em risco, essa seria a diretriz. É assim que as máquinas ‘pensam’ atualmente”, diz ele.

Quando os sistemas estiverem mais afinados, o carro autônomo não apenas ajudará a melhorar o trânsito ou fará as fabricantes ganharem mais dinheiro. O avanço civilizatório promete ser um dos mais drásticos dos últimos tempos e deverá fazer com que repensemos até conceitos como sentido de posse, uma vez que a maioria dos veículos deverá ser dividida por meio do avanço de sistemas de compartilhamento, já existentes em lugares como Paris, e até do Uber. Os automóveis nos uniram, sufocaram e em breve nos farão livres.


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