TEXTO: RAFAELA BORGES
FOTOS: SERGIO CASTRO/AE
Várias montadoras tentaram copiar a fórmula do EcoSport, que faz sucesso desde que a Ford lançou o jipinho, em 2003. Mas só agora chega ao mercado um rival com armas para brigar de igual para igual com o modelo baiano. Trata-se do paranaense Renault Duster, que “chegou chegando”. Em novembro, seu primeiro mês completo à venda, o novato ficou à frente do até então imbatível líder do segmento.
E não foi apenas nos licenciamentos que o Renault superou o Ford. Neste comparativo entre as versões com motor 1.6 e tração 4×2, o estreante também venceu. A partir de R$ 50.900, ele é R$ 3.890 mais barato que o EcoSport, que parte de R$ 54.790, e trata melhor seus passageiros. Nele há mais conforto e espaço para pernas e bagagem.
Essas aptidões vieram do sedã Logan, do qual o Duster herdou a plataforma. Seu entre-eixos de 2,67 metros garante bom espaço interno e porta-malas de 475 litros. No EcoSport, são 2,49 metros e 296 litros, respectivamente. Ou seja, o aperto é garantido.
O Ford, feito sobre a base do Fiesta baiano (o mexicano é mais moderno), responde com a dirigibilidade do hatch, bem superior à do Logan. Ele trata melhor o motorista. É mais fácil encontrar a posição ideal de guiar. A direção tem respostas mais diretas que as do Renault, o que se reflete no comportamento em curvas: o EcoSport é à mão.
O Duster é molengão. Sua carroceria oscila demais quando o carro roda acima de 100 km/h. Além disso, o câmbio de cinco marchas tem engates mais difíceis que o do concorrente.
Na hora de acelerar, o Renault leva vantagem. Seu motor 1.6 16V é mais potente (até 115 cv) e ele é mais rápido para ir de 0 a 100 km/h.
Por outro lado, perde desempenho em baixa rotação, um problema que o 1.6 8V do Ford (até 107 cv) não tem. O Eco exige menos mudanças de marcha no trânsito urbano, por exemplo.
Pelo que custam, as versões de entrada desses modelos deixam a desejar. Elas têm ar-condicionado, direção hidráulica e ajuste de altura no volante – o de profundidade faz mais falta no Duster. A mais o Ford traz banco ajustável em altura. O Renault contra-ataca com travas e vidros elétricos na frente.
Para ter mais itens, só nas versões superiores. Aí a vantagem do Renault se amplia. A opção Expression, por R$ 53.200, traz banco do motorista com regulagem de altura, vidros traseiros elétricos e seis air bags.
A R$ 58.120, o segundo catálogo do Ford, XLS, tem travas e vidros elétricos na frente – os traseiros vêm no XLT. A R$ 60.730, ele soma air bags frontais, som com entrada USB e rodas de liga leve. Freios ABS só no Freestyle, por R$ 63.870. O Duster equivalente é tabelado a R$ 56.900.
Em ambos há som moderno, com leitor de MP3 e entradas auxiliar, USB e para iPod. O do Ford é mais fácil de usar. No acabamento os dois deixam a desejar e têm peças mal encaixadas na cabine. Por dentro, lembram os “irmãos baixinhos” Fiesta e Logan.
Um dos pecados do Duster é o preço do seguro, que pode custar mais de R$ 4 mil. Na média, as peças do Ford também são mais caras. Vale lembrar que o EcoSport totalmente renovado virá no fim de 2012. Até lá a briga pela liderança de vendas será ferrenha.