O BMW 320i ainda não recebeu o carimbo no passaporte para o mundo dos eletrificados. Mas em pelo menos um item ele já se igualou ao SUV elétrico iX. O sedã recebeu a mesma grande tela curva que engloba dois mostradores. Um deles tem 12,3″ e traz as informações para o motorista. O outro, à direita, tem 14,9″, é sensível ao toque e reúne as demais informações, como GPS, multimídia, ar-condicionado, etc. O sistema estreou no iX no início do ano.
Com os novos mostradores, o Série 3 tende a atrair também o cliente mais jovem, que privilegia a conectividade. E isso sem perder o tradicional comprador do modelo, que aprecia a boa dirigibilidade. Sedã premium mais vendido do País, o 320i chega em três versões: 320i GP (R$ 307.950), Sport GP (R$ 327.950) e M Sport (R$ 347.950). De acordo com a diretora de vendas da BMW, Michele Menchini, o aumento de preços em relação ao modelo anterior foi de cerca de R$ 10 mil a R$ 15 mil, a depender da versão.
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Um novo cockpit
Durante o lançamento do modelo no País, a BMW reforçou que o sedã chega por aqui apenas um mês após a apresentação na Europa. O Série 3 é feito no Brasil desde 2014, quando a marca bávara inaugurou a fábrica de Araquari, em Santa Catarina. A mecânica, que combina o motor 2.0 turbo flexível de 184 cv e o câmbio automático de oito marchas, não mudou.
Além do aumento de proporções da tela, o dispositivo, batizado de “Live Cockpit Professional”, recebeu também o sistema operacional 8. Ele tem foco nos comandos de voz e na compatibilidade com internet 5G (desde que haja disponibilidade de rede). No Brasil, o 5G está disponível por enquanto apenas nas capitais. O sistema operacional de geração anterior da BMW, o 7, estreou em 2018, inicialmente no SUV X5.
Embora as funções mais importantes ainda continuem a ser executadas por botões físicos, a BMW reforça que houve redução desses comandos. Mesmo assim, o console central ainda é repleto de teclas e o botão circular iDrive resiste bravamente em sua cruzada contra a tela sensível ao toque. Os conteúdos da multimídia, que é voltada ao motorista, permitem configuração individual. O novo sistema privilegia as ordens por toque na tela ou por voz. No entanto, ao contrário do que ocorre no iX, no Série 3 não há controle por gestos.
BMW 320i agora é mais conectado
Em termos de conectividade, entre outras funções, o sedã conta com aviso de manutenção por telemetria. Isso significa, por exemplo, que o motorista será avisado por meio do aplicativo My BMW sobre o momento de troca de óleo, a depender das condições do lubrificante, da forma como o carro é conduzido, da quilometragem percorrida ou do tempo.
O motorista dispõe ainda de navegação com informações de trânsito em tempo real, chamada de emergência, etc. Há conectividade com smartphones Apple CarPlay e Android Auto. Por meio dessa integração, é possível enviar um destino do celular diretamente para o sistema do veículo. E também é possível “conversar” com a Alexa, assistente virtual da Amazon. Outra funcionalidade do sedã é a atualização remota de software, que, então, corrige eventuais falhas de programa sem necessidade de agendar visita à concessionária.
Visual atualizado
Embora a grande tela seja o maior destaque no Série 3, ele também recebeu pequenas mudanças por fora (frente e traseira) e por dentro. Internamente, outra novidade é o minúsculo controle do câmbio, outro item herdado do elétrico iX. A tecla bem discreta passa quase despercebida em meio aos demais controles espalhados pelo console. Além do comando circular iDrive, tem teclas que acionam as câmeras, o motor, ativam e desativam controle de estabilidade, etc.
Externamente, o modelo recebeu uma leve reestilização dianteira (faróis, grade e para-choque são novos) e traseira (para-choque). Na frente, as entradas de ar cresceram, bem como os faróis de LEDs adaptativos estão mais estreitos. Eles acompanham as curvas e evitam ofuscamento de outros motoristas, reduzindo automaticamente o facho alto. As luzes diurnas têm formato de “L” invertidos, e o conjunto traz uma coloração azulada. A grade frontal (“duplo rim”) também mudou, mas sem alteração de dimensões. Ela continua com proporções menores, quando comparadas às de outros modelos da linha, a exemplo do esportivo M3.
Um breve passeio com o velho conhecido
O test drive não foi muito longo, mas o suficiente para proporcionar o reencontro com um velho conhecido, e descobrir que ele continua bem de saúde. Embora sem mudanças mecânicas, o sedã mantém boa estabilidade, direção direta, suspensão firme e boa distribuição de peso. Em um circuito sinuoso na região de Morungaba, interior de São Paulo, o 320i comportou-se com dignidade, contornando curvas com precisão, com pouca inclinação da carroceria e, portanto, sempre sob o controle do motorista.
Na Europa, a BMW oferece sistema híbrido para o 320 (320e), mas no Brasil – ao menos por enquanto – a eletrificação da Série 3 começa no 330e. O 320i mantém o motor 2.0 flexível TwinPower Turbo, que gera 184 cv de potência e 30,6 mkgf de torque a partir de 1.350 rpm, numa curva plana que vai até os 4 mil rpm. É isso o que garante o ânimo do sedã. De acordo com a BMW, ele acelera de zero a 100 km/h em 7,1 s e alcança 235 km/h de máxima.
O câmbio automático Steptronic de oito marchas também é o velho companheiro do motor, e a dupla se entende bem. Há aletas no volante, para trocas manuais. A suspensão independente nas quatro rodas garante o bom comportamento nas curvas, mesmo nos casos em que o motorista não é tão comportado assim. As versões GP e Sport GP vêm de série com rodas aro 18″, enquanto a M Sport calça 19″.
Além de tratar muito bem o motorista, o Série 3 recebe igualmente bem os passageiros. Graças ao amplo entre-eixos de 2,85 m, há bom espaço no banco de trás. Além disso, os ocupantes contam com ajuste individual de temperatura e duas portas USB. O revestimento dos bancos pode ser tanto de couro natural como de um material sintético que imita a pele animal, batizado de Sensatec.