Como substituir o carro mais vendido do Brasil por 25 anos e que ganhou fama pela durabilidade? A resposta da Volkswagen foi simplificar o Polo, com a inédita versão Track, com baixo custo e que se aproxima demais da proposta do Gol. O Jornal do Carro testou o Polo Track 2023, que é feito na fábrica de Taubaté (SP) e tem preço inicial de R$ 79.090. Foram cerca de 400 km ao volante e como passageiro do novo hatch de entrada da VW.
Polo Track prioriza baixo custo
Neste primeiro contato ao vivo e a cores, foi possível comprovar que o Polo Track é frugal na aparência para se aproximar do Gol. Nada de usar LEDs, nem como luz diurna. Faróis e lanternas só usam lâmpadas halógenas e refletores. Outra coisa, nada de retrovisores elétricos. Vidros elétricos, aliás, só nas portas dianteiras – atrás os vidros sobem e descem na manivela.
As rodas são de ferro de 15″ e vêm cobertas com calotas pretas e pneus mais altos, de perfil 165/85. Também não há emblemas com o nome Polo, só o nome da versão Track em adesivo logo abaixo do escudo da VW na tampa traseira. Mas, apesar da simplicidade, como a plataforma MQB A0 é mais avançada, permite ao Polo Track ter 4 airbags de série, controles de tração e de estabilidade, bloqueio de diferencial e auxílio de rampa, além de ganchos Isofix.
Polo Track completo é mais barato que Gol completo
No configurador do Polo Track há poucos opcionais disponíveis. A carroceria na cor preto Ninja é padrão, mas branco sólido Cristal custa R$ 900. Além disso, a marca cobra R$ 1.650 para as metálicas prata Sirius e cinza Platinum. A cor vermelha ficou restrita à série especial e limitada de lançamento, 1st Edition, de 1.000 unidades.
Há ainda o rádio Media Plus II, cujo display monocromático de duas linhas parece ter saído do século passado, por R$ 900. Curiosamente, esse rádio traz saídas USB-C, mesmo sem ter espelhamento dos celulares mais modernos. Com o aparelho, o volante ganha teclas. Assim, o Polo Track mais completo pode custar R$ 81.640.
Ou seja, é mais barato que o Gol completo, que custava R$ 88.240 com rodas 15″ de liga leve, vidros elétricos e retrovisores com Tiltdown.
Polo Track com robustez do Gol
Segundo a Volkswagen, o Polo Track traz modificações de estilo, com custo de produção menor em relação ao restante da linha de compactos da marca. Maçanetas, puxadores de porta e retrovisores utilizam material mais barato, bancos são mais estreitos e inteiriços na frente e atrás. E o quadro de instrumentos é o mesmo do antigo Gol.
Por outro lado, segundo André Drigo, gerente executivo desenvolvimento do veiculo completo da VW do Brasil, há mudanças mecânicas para herdar a robustez do Gol. Os para-choques, por exemplo, são mais curtos, abertos e elevados, enquanto o vão livre do Polo subiu 10 milímetros (de 151 mm para 162 mm). Segundo a montadora, essas peças ajudam a passar por valetas e lombadas sem resvalar. E ainda dão estilo mais “robusto” ao Track.
De acordo com o executivo, o motorista de Gol vai a lugares que demandam carro mais altos e com suspensão mais resistente e permissiva. Fora isso, este novo Polo Track é 16 kg mais leve que o Polo 2023 com o mesmo motor 1.0 flex. Assim, as suspensões usam molas originais do Polo 2023, mas com amortecedores novos e recalibrados.
No teste, o que se percebe é que o Polo Track responde bem demais ao volante, tanto em manobras mais lentas de estacionamento, quanto em mudanças de direção em velocidades mais elevadas. Também quase não há ruído de suspensão, algo bastante presente no Gol. Mas é preciso notar que a unidade avaliada fazia um certo barulho no conjunto de freio traseiro. Isso não chegou a ser diagnosticado pela Volkswagen.
Disputa com rivais no espaço
Ainda de acordo com a Volkswagen, o Polo Track passou por validações dos novos ajustes, bem como pelas regras atuais de consumo e emissão de poluentes, com total de 400 mil km de testes. Por isso, a fabricante aponta que o hatch é tão resistente quanto o Gol, mas com carroceria mais segura e silenciosa. Por causa da disputa com Chevrolet Onix e Hyundai HB20, que destronaram o Gol na liderança do segmento há alguns anos, a Volkswagen diz ainda oferecer mais espaço para ombros, joelho e cabeça.
Fato é que, além de ser maior que o Gol, com 4,07 metros de comprimento e distância entre-eixos de 2,56 m, o Polo Track é mais prazeroso ao condutor, porque tem um arranjo melhor de cabine e posição de dirigir mais agradável. Também conta o fato de a carroceria ser mais estável, larga e baixa que a do Gol, o que deixa o carro mais equilibrado em curvas.
Neste ponto, a eletrônica avançada, que o Gol nunca teve, aumenta a segurança. Além disso, o porta-malas tem 300 litros no padrão VDA – ou seja, até a base da janela. Contudo, os executivos da VW afirmam que o volume pode chegar a 365 litros na regra dos rivais. Fiat Argo e HB20, por exemplo, declaram os mesmos 300 litros. Já o Onix tem 303 litros na ficha técnica.
Motor de Gol é econômico no Polo
Segundo a Volkswagen, outro ponto herdado do Gol pelo Polo Track é o conjunto mecânico que mira baixo consumo e manutenção em conta. Trata-se do mesmo motor 1.0 flex de três cilindros e até 84 cv do Gol, o MPI, que veio do Up!, bem como o conhecido câmbio MQ200, manual de cinco marchas. Como o tanque tem 53 litros de capacidade, a autonomia máxima prometida é de 780 km com gasolina, segundo a Volkswagen.
No teste, foi possível acompanhar que o motor é adequado à proposta de entrada do Polo Track. Por outro lado, é preciso usar bastante o câmbio para manter a faixa de rotações ideal. De fato, o hatch tem mais agilidade no uso urbano que no rodoviário. Na estrada, o baixo torque desfavorece o condutor em ultrapassagens.
Já o consumo pode surpreender. De acordo com o Inmetro, a média com gasolina fica em 13,5 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Com etanol, as médias são 9,3 km/l e 10,5 km/l, respectivamente. O trajeto passou pela serra entre Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, no Vale do Paraíba paulistano, mas ainda assim o computador de bordo indicou média de 17 km/l.