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Renault Kardian vai dar trabalho para Fiat Pulse e VW Nivus; veja o vídeo
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Renault Kardian vai dar trabalho para Fiat Pulse e VW Nivus; veja o vídeo

Com nova plataforma modular e conjunto mecânico inédito na linha Renault, SUV Kardian se destaca no desempenho e tem tecnologias modernas

Vagner Aquino, especial para o Estadão

19 de mar, 2024 · 16 minutos de leitura.

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Renault Kardian
Renault pretende alavancar vendas no Brasil com o novato Kardian
Crédito:Vagner Aquino/Especial para o Estadão

A Renault virou a chave no Brasil. Após apostar em carros “baratos” ao longo dos últimos 15 anos, todos provenientes da Dacia, marca romena do grupo, a francesa sobe de patamar com uma nova linha de produtos. E o Kardian é o primeiro modelo da nova safra que a montadora vai lançar no País. Cerca de cinco meses após sua revelação mundial, o SUV compacto começa a chegar às mãos dos primeiros compradores neste mês.

Por enquanto, o Kardian não tira de linha o veterano Stepway. Contudo, naturalmente, vai “canibalizar” as vendas do irmão, afinal, é um produto completamente novo e bem mais moderno. Um de seus principais atributos é a inclusão de 13 itens de assistência à condução, todos disponíveis na configuração de topo de linha Premiere Edition. Assim, oferece recursos semiautônomos avançados na disputa contra Fiat Pulse e Volkswagen Nivus.

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Pulando a parte das informações sobre preços e conteúdos (já divulgados, mas que você confere abaixo), restava, portanto, saber como é, na prática, o desempenho do novo motor 1.0 turboflex, que estreia no Kardian e pode ser expandido para outros modelos da marca. Lembrando que o modelo é feito sobre a novíssima plataforma Renault Group Modular Platform (RGMP). Essa base, modular e flexível, permite modelos com entre-eixos entre 2,60 metros e 2,95 m. Ou seja, vem carro grande por aí.

Renault Kardian
Renault Kardian (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Em evento na cidade de Gramado (RS), a Renault revelou todos os detalhes de calibração, bem como permitiu o teste no modelo. Até então, todas as apresentações haviam sido estáticas. Em síntese, as primeiras impressões revelaram que o SUV compacto tem uma mecânica que faz todo sentido e deve garantir sucesso frente a concorrência. Até porque o carro, além disso, é bonito e tem relação custo benefício bem interessante.


Preços e versões

Por falar em custo-benefício, antes de descrever o test-drive, vamos revisar, rapidamente, as versões e os preços do Renault Kardian. E cabe lembrar, portanto, que o SUV compacto vem, sempre, com motor 1.0 TCe e câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas.

Renault Kardian é bem acabado e tem materiais sensíveis ao toque (Renault/Divulgação)

Evolution turbo TCe câmbio EDC: R$ 112.790

Tem seis airbags, controlador e limitador de velocidade, assistente de partida em rampa, sensores de estacionamento traseiro e câmera de ré, controles eletrônicos de estabilidade e tração, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, Start&Stop e modo ECO com EcoScoring. Ademais, oferece borboletas atrás do volante (multifuncional e com ajustes de altura e profundidade) para troca de marchas, painel de instrumentos digital de 7″, central multimídia com tela de 8″ dotada de Android Auto e Apple CarPlay com espelhamento sem fio, ar-condicionado digital com função automática e comando elétrico para vidros e retrovisores. Visualmente, a versão de entrada traz faróis e assinatura luminosa 100% de LEDs, barras de teto funcionais e modulares em preto, rodas aro 16 em dois tons e aerofólio traseiro.


Renault Kardian
Renault/Divulgação

Techno turbo TCe câmbio EDC: R$ 122.990

Em relação a versão de entrada, adiciona frenagem automática de emergência (AEBS), alerta de colisão frontal (FCW), freio de estacionamento eletrônico e console elevado com apoio de braço. Os painéis e volante têm acabamento premium. As rodas são de liga leve com 17″, e tem chave presencial do tipo cartão e acesso Hands-Free (mãos livres, em português). Na lista, figuram também, partida remota do motor, saídas USB-C na parte de trás, seis alto-falantes, bem como vidros dos passageiros com função one-touch e antiesmagamento. Opcional: Teto bíton em preto Nacré.

Première Edition turbo TCe câmbio EDC: R$ 132.790

A versão topo de linha vem com todos os equipamentos da versão Techno e soma recursos ADAS. Tem, portanto, controle de velocidade adaptativo (ACC), câmera Multiview (MVC), alerta de ponto cego (BSW), alerta de distância segura (DW) e outros itens como sensores de estacionamento frontal, faróis de neblina de LEDs e sensor crepuscular. Multi-sense com modos de condução Eco, Sport e Perso (personalizável) também ficam disponíveis. Para finalizar, o modelo topo de linha tem iluminação dinâmica e personalizável no interior (Ambient lightning) e carregador de smartphone por indução. Na estética, rodas de liga leve com 17″ e acabamento diamantado e escurecido, bem como antena shark, teto bíton (preto Nacré) e grade frontal em preto brilhante. Os badges em alusão a versão vão colados nas laterais.


Dimensões

Comum à todas, as medidas do carro ficam assim: 4,12 metros de comprimento e 2,60 m de entre-eixos, o Kardian é ligeiramente maior que seu principal rival. Respectivamente, o Pulse tem 4,10 m e 2,53 m. Aliás, o Fiat perde também em porta-malas. Afinal, os 370 litros não são páreo para o novato, que segue os passos do irmão Duster e garante generosidade na área de bagagens, com 410 litros (358 no sistema VDA).

Nas ruas

Hora de contar como é a vida a bordo do Kardian. Tivemos contato com a versão topo de linha Première Edition. O motor, como nas demais, é o 1.0 turbo TCe de 125 cv e 22,4 mkgf de torque, pertence à mesma família do 1.3 TCe (usado por Duster e Oroch) feito em parceria com a Daimler. Inclusive, é por isso que alguns modelos da Mercedes-Benz ainda usam esse propulsor. Na prática, embora tenhamos guiado o carro em trechos travados da Serra Gaúcha, o Kardian se mostra bem disposto.

Renault
Renault Kardian (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Aceleramos o modelo por cerca de 40 km. Mesmo nesse curto espaço de tempo, foi possível perceber, de imediato, o acerto dinâmico. O carro, evidentemente, não chega a ser extremamente empolgante (até mesmo por sua proposta), mas está bem longe de ser sem graça. Embora não tenhamos conseguido atingir altas velocidades, deu para notar que o carro vai bem nas curvas, e não escapa mesmo nas mais fechadas. A direção (elétrica) é bem precisa e a posição de dirigir é ótima. Um excelente meio-termo entre hatch e SUV. E o carro é até silencioso. Mas o ajuste do volante tem o mesmo sistema do Sandero dos anos 2000, que “despenca” de uma vez no momento da regulagem. Ou seja, cuidado com os dedos!

O câmbio de dupla embreagem

Muita gente ainda tem preconceito com câmbio automatizado, isso porque, em décadas passadas, Ford, Chevrolet, Volkswagen e Fiat adotaram soluções fracas, onde se prezava pelo descanso do pé esquerdo, mas com funcionamento ruim, repletas de trancos e, consequentemente, fracas e mancas. Estacionar de ré em ladeiras, por exemplo, não era para qualquer um, afinal, tratava-se de uma caixa mecânica cujo sistema não contava com o pedal da embreagem, tornando tudo mais complicado.

Renault Kardian
Alavanca de câmbio tem formato de joystick (Renault/Divulgação)

Mas a boa notícia é que esses tempos ficaram para trás e o Kardian conta com o EDC de dupla embreagem. Ou seja, enquanto uma marcha é utilizada, outra já fica pré-engatada, tornando a operação bem mais ágil. Portanto, no novo SUV, a operação agrada, com trocas precisas e poucos solavancos e um bom casamento com o motor. As trocas de marcha do câmbio (de embreagem úmida) podem ser feitas, também, por aletas atrás do volante.

Inédito no Brasil e com a intenção de equipar outros modelos da marca, o 1.0 TCe, cabe destacar, tem três cilindros e injeção direta de combustível. O carro, em síntese, é bem esperto e tem bom fôlego em arrancadas e retomadas de velocidade. Até porque o torque é entregue relativamente cedo, às 2.250 rpm, o que facilita as ultrapassagens, por exemplo. Entre 0 e 100 km/h, leva 9,9 segundos, informa a marca francesa.

Modos de condução

Para ter mais gás – e mudanças na direção e no pedal do acelerador, como promete a fabricante -, basta apertar uma tecla no painel e o modo de condução é alterado. São três: My Sense, Eco e Sport. O lado bom é que o modo esportivo não traz aquele esgoelar chatíssimo que existe em alguns modelos (principalmente os que usam câmbio CVT mais antigos). Esteticamente, mudam as luzes internas de acordo com o modo selecionado.


Renault Kardian
Renault Kardian (Renault/Divulgação)

Por falar nisso, um ponto positivo para quem foca no custo/benefício é a economia do 1.0 turbo. De acordo com dados da Renault, o Kardian, que tem tanque de 50 litros, promete consumo de até 13,9 km/l com gasolina, na estrada. Ainda assim, não é melhor que os 14,4 km/l do Pulse e os 14,1 km/l do Nivus.

Já na cidade, ponto para o novato da Renault, que com o derivado do petróleo faz 13,1 km/l enquanto os rivais cravam, respectivamente, 12,1 km/l e 11,9 km/l. Todos os números têm base em dados do Inmetro. Cabe um adendo: durante o test-drive, sequer encostamos nos 7 km/l. Entretanto, a dinâmica dos testes para a imprensa, em alguns casos, acaba comprometendo as medições.


Renault Kardian
Renault Kardian (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

O melhor Renault feito no Brasil

E para quem duvidou que a Renault traria algo melhor que o Stepway, se enganou. O carro tem bom acabamento, peças bem encaixadas e até material sensível ao toque e black piano no painel. Tem plástico, é evidente, mas nada que fuja à regra dos modelos do segmento.

Ainda do lado de dentro, o espaço é honesto para um modelo do segmento de SUVs compactos. Com 2,60 metros de entre-eixos, 1,75 m de largura e 1,60 m de altura, não rende espaço de sobra, mas é aconchegante. O motorista tem a comodidade da regulagem de altura para o banco. O passageiro dianteiro, não. Quem viaja atrás, no entanto não tem mimos, como saídas de ar ou descansa-braço, mas na era digital, talvez seja, de fato, mais importante ter entradas USB. E, no Kardian, tem duas para os três ocupantes traseiros.


Aliás, esse é um ponto. O carro comporta até cinco pessoas, mas o espaço aperta bastante quando três adultos vão atrás. Entretanto, o túnel central não é tão alto. O que deixa a viagem menos cansativa para quem senta no meio do banco.

Quem não quiser comprar, pode assinar

Vale ressaltar que a Renault dá a opção de assinar mensalmente o Kardian por meio do Renault on Demand. Desse modo, tem planos de 12 meses, 18 meses, 24 meses, 36 meses e 48 meses. Mensalidades partem de R$ 2.299. A marca, no entanto, cobra R$ 1.000 como taxa de reserva e, no momento da contratação, basta escolher a cor e o valor pago é abatido no primeiro pagamento.

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Prós

  • Acertos no motor, câmbio, direção e suspensão tornam o Renault Kardian extremamente agradável de dirigir; lista completa e preços abaixo da média agradam

Contras

  • Espaço atrás é um pouco apertado para três ocupantes; Regulagem do volante tem solução dos anos 2000 e consumo no teste sequer chegou aos 7 km/l

Ficha Técnica

Renault Kardian Première Edition

Motor

1.0, turbo, três cilindros em linha, 12 válvulas, injeção direta central (GDI), flex

Potência

125 cv (E)/120 cv (G) a 5.000 rpm

Torque

22,4 mkgf a 2.250 rpm (E)/20,4 mkgf a 2.000 rpm (G)

Câmbio

Automatizado de dupla embreagem e seis marchas

Suspensão

McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)

Direção

Elétrica

Comprimento

4,12 m

Largura

1,75 m

Altura

1,60 m

Distância entre-eixos

2,60 m

Tanque de combustível

50 litros

Porta-malas

410 litros (358 l padrão VDA)

Ângulo de ataque

20 graus

Preço

R$ 132.790

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.