A Volkswagen nunca brigou pela liderança do mercado brasileiro com a atual geração do Polo, que estreou no País em 2018. Mesmo com a evolução dos hatches compactos, o modelo da marca alemã, que é feito na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), não conseguiu fazer frente aos líderes Chevrolet Onix e Hyundai HB20 até hoje.
Mas a Volks vai mudar essa história já nos próximos meses. E não só com a reestilização lançada nesta semana, mas também com a chegada do novo Polo Track, versão de entrada que será feita em Taubaté (SP) e substituirá o Gol logo no início de 2023.
Ou seja, com as vendas somadas de Polo e Polo Track – tal como fez a GM por um tempo com Onix e Onix Joy – os números deverão subir. Contudo, o Jornal do Carro procurou a fabricante, que não revelou estimativas de vendas para a dupla.
Presente há 20 anos no Brasil, o VW Polo começa a sua mudança de estratégia agora. O hatch sempre foi considerado “acima da média” dos concorrentes. Por causa disso, no início do século, vendia a imagem de hatch compacto “premium”. Porém, a linha 2023 chegou com preços mais competitivos. As versões Comfortline e Highline, por exemplo, baixaram os valores – a intermediária ficou R$ 5.900 mais barata, e a de topo custa R$ 7.000 a menos que antes.
Novo motor 1.0 turbo flex 170 TSI
Para encarar os bem-sucedidos Onix e HB20 em suas respectivas versões de entrada, o Polo 2023 de entrada traz o motor 1.0 MPI flex de três cilindros, 12 válvulas e 84 cv. Junto com ele vem o câmbio manual de 5 marchas. Assim, parte de R$ 82.990. Por esse preço, o modelo da Volkswagen continua mais caro que os rivais. O Onix com motor 1.0 flex de 82 cv custa R$ 79.730, e o HB20 Sense 1.0 de 80 cv tem tabela de R$ 76.690.
Mas o Polo tem seus trunfos. Para justificar o preço mais alto, a Volkswagen aposta em soluções como faróis iluminados com LEDs, central multimídia com Apple Car Play e Android Auto (conexão por cabo) e sistema de frenagem automática pós-colisão.
Já a partir das versões intermediárias – que costumam concentrar as vendas – o Polo passa a oferecer itens mais desejados. Na TSI, por exemplo, tem rodas de liga leve, painel de instrumentos digital, comando elétrico para todos os vidros e retrovisores externos, além de sensores de obstáculos traseiros. Ele também traz o motor 1.0 turbo 170 TSI de até 116 cv, que equipava o UP! TSI. Ele é mais econômico e menos poluente, para cumprir as novas regras de emissões. Contudo, o preço de R$ 93 mil é da versão com câmbio manual de cinco marchas.
Dessa forma, quem quiser o novo Polo com o câmbio automático de 6 marchas, terá de escolher entre as configurações Comfortline e Highline, que custam, respectivamente, R$ 102.990 e R$ 109.990. Ambas vêm com o mesmo motor turbo flex de injeção direta. Ou seja, perdeu potência em relação à linha anterior, que tinha o 1.0 200 TSI de até 128 cv.
Assim, talvez não seja tão fácil conquistar os clientes de Onix e HB20. Afinal, os concorrentes de GM e Hyundai tem opções automáticas abaixo dos R$ 100 mil.
Polo Track
Mas a principal aposta para embalar as vendas do hatch será o Polo Track. A futura versão de entrada terá preço lá embaixo, perto de Fiat Mobi, Renault Kwid e Citroën C3. Estes são atualmente os três carros mais baratos à venda no mercado brasileiro. Caso o Polo chegue com tabela na faixa de R$ 70 mil, como esperado, pode ser que o público passe a vê-lo com bons olhos. Afinal, vai unir preço acessível com a imagem de um produto “melhor”.
Nesse sentido, o “pulo do gato” para reverter as baixas vendas atuais do Polo (apenas 190 em agosto) é aproveitar essa momentânea sucessão do Gol – que vai virar um mini SUV nos próximos anos. Hoje, o veterano hatch é o automóvel mais vendido do mercado (11.719 emplacamentos). Só perde para a Strada, com mais de 14.000 (veja o ranking).
Por ora, a ideia é que o Polo Track seja uma versão do Polo com simplificações. Ou seja, ao abrir mão de vários itens de série, deve ter ar-condicionado, direção elétrica, preparação para som e o que mais for obrigatório pela lei – como duplo airbag, por exemplo.
A VW ainda mantém o novato em segredo e diz que “em breve dará novos detalhes sobre o produto”. O que sabemos, de fato, é que a produção será na fábrica de Taubaté (SP), que recebeu atualizações para fabricar a plataforma modular MQB. Desse modo, haverá redução de custos e possibilidade de adequação às novas exigências de segurança. Ou seja, ao contrário do Gol, o Polo Track terá dispositivos eletrônicos como controle de estabilidade, que será obrigatório no Brasil em todos os carros novos a partir de 2024.
Em síntese, para conseguir boas vendas a ponto de balançar as estruturas da concorrência, o Polo ainda precisa conquistar seu espaço. E, nesse ponto, a Volkswagen sabe que não será tarefa fácil transformar um carro que, ao longo de 20 anos, nunca foi protagonista da marca.