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Chery QQ encara Fiat Mille. E perde
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Chery QQ encara Fiat Mille. E perde

Estilo do QQ (à dir.) é cópia do Daewoo Matiz, de 1998. Mille tem linhas mais velhas, mas de Giugiaro... leia mais

17 de ago, 2011 · 7 minutos de leitura.

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 Chery QQ encara Fiat Mille. E perde

Estilo do QQ (à dir.) é cópia do Daewoo Matiz, de 1998. Mille tem linhas mais velhas, mas de Giugiaro

Nícolas Borges

De cara, o Chery QQ parece imbatível em sua faixa de preço. Segundo carro mais barato do Brasil, a R$ 23.990, ele oferece um pacote de itens de série enorme. Mas “recheio” não é tudo e o chinesinho perdeu este duelo contra a versão quatro-portas do mineiro Fiat Mille Fire Economy, tabelada a R$ 25.350 (o preço sugerido da duas-portas é de R$ 23.490).

No País desde 1984, o hatch mineiro é mais confortável, estável, espaçoso e silencioso que o asiático, que em movimento passa sensação de insegurança. A maior vilã do QQ é a suspensão tão mole que o faz parecer solto, como se não houvesse amortecedores, apenas molas.

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Basta uma rua ondulada para fazer o Chery chacoalhar a ponto de lembrar um avião em meio à turbulência. Em lombadas é preciso passar muito devagar, pois o eixo traseiro não só pula muito como bate no retorno.

Se for necessário mudar rapidamente de faixa, há o risco de causar um acidente. A soma de suspensão molenga, pneus muito finos (155/65 R13), altura quase igual à largura e direção rápida (em geral positivo) dá um resultado ruim. O QQ balança demais e a traseira fica muito perto de se desgarrar.

Enquanto isso, o veteraníssimo Mille se aproveita do desenvolvimento ao longo de quase três décadas para exibir toda sua maturidade. O Fiat é bem mais firme e seguro em qualquer situação. E até mais confortável, pelo simples fato de não chacoalhar como o rival.


O motor é outro ponto positivo do Mille. Além de ser flexível, esse 1.0 entrega seu torque máximo (9,2 mkgf com etanol, o,1 mkgf a mais que no chinês) 1.000 rpm antes que o 1.1 a gasolina do QQ, que rende 68 cv, 3 cv a mais que no mineiro.

A largura maior da carroceria do mineiro se reflete na cabine. Apesar de ser difícil, dá para apertar três pessoas no banco de trás. No QQ, isso é utopia, mesmo havendo três cintos de segurança. Sentada rente a uma das portas, uma pessoa de 1,75 m encosta a mão na porta oposta ao esticar o braço.

Traços retos da carroceria se repetem no interior do Mille. Mexer no rádio exige tirar costas do banco

QQ tem quadro de instrumentos digital, mas velocímetro é impreciso. Painel treme em altos giros

Manias do QQ
Com quase trinta anos de mercado, o Mille entrega o peso da idade. Um dos exemplo são as portas, que precisam de uma certa força para fechar. Mas isso é pouco na comparação com as “manias” do QQ, que irritam de tão numerosas.


Ao bater a porta dianteira, o painel interno balança. E a peça “embarriga”, como se inchasse, ao fechar o vidro até o final. Nos bancos da frente dá para sentir a estrutura de ferro nas laterais, por causa da espuma mole. Ao acelerar o Chery acima de 3.000 rpm, o barulho incomoda. Por fora, a unidade avaliada tinha o farol direito muito desalinhado em relação à carroceria: cerca de 2 centímetros.

O único quesito do qual o asiático pode se orgulhar é equipamento. A ampla lista de itens de série inclui até dois air bags e freios ABS. Mostra de bom senso da Chery, pois a segurança oferecida pelas suspensões não convence. Já o Mille não tem esses recursos entre os extras, que incluem até o comando manual dos espelhos externos.

Agradecimento: Fiat Amazonas Norte, tel. (11) 2711-6000


Como o estepe fica no cofre do motor, Mille oferece bom volume de carga para o porte: 290 litros

Porta-malas do QQ leva só 190 l e tampa do pneu extra é menor que deveria (Fotos: Sérgio Castro/AE)

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