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Custo do Inovar-Auto ainda gera dúvidas
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Custo do Inovar-Auto ainda gera dúvidas

O tão aguardado novo regime automotivo brasileiro saiu do papel com o nome de Inovar-Auto. As montadoras se mostraram otimistas. Mas e para o consumidor final, o que deve mudar em termos de preço e na qualidade dos produtos nos próximos anos?

10 de out, 2012 · 6 minutos de leitura.

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 Custo do Inovar-Auto ainda gera dúvidas

DIEGO ORTIZ

O tão aguardado novo regime automotivo brasileiro saiu do papel com o nome de Inovar-Auto. As montadoras se mostraram otimistas e o governo apreciou a confirmação de investimentos de R$ 60 bilhões em fábricas novas no País até 2015 – e a consequente geração de empregos. Mas e para o consumidor final, o que deve mudar em termos de preço e na qualidade dos produtos nos próximos anos?

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Para o diretor do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, há a possibilidade de o consumidor ter acesso a carros melhores no futuro, mas alguém tem de pagar a conta. E por alguém leia-se o governo ou o próprio comprador, nunca as fabricantes. “Nenhuma empresa no mundo absorve custos, pois isso implica em menos recursos para expansão. Tudo que virar obrigatório será repassado”, afirma.

O discurso do vice-presidente da Ford Brasil, Rogelio Golfarb, segue a mesma linha. “Boa parte da tecnologia já existe, mas é de alto custo. As margens já são pequenas e o problema é como colocar esses recursos em um carro popular.” Itens de segurança como air bags e freios ABS serão obrigatórios a partir de janeiro de 2014. Mas um dos problemas será o investimento em motores eficientes, como o 1.0 EcoBoost da Ford (foto), que sai na frente por já ter anunciado a fabricação desse propulsor no País.

Como o Brasil usa a tecnologia flexível em praticamente todos os carros produzidos aqui (apenas o Hyundai Tucson e os Fiat com motor 1.4 Turbo são só a gasolina), chegar ao ponto imposto pelo governo, que é a redução de 12% no consumo nos próximos quatro anos em relação aos parâmetros atuais, é bem complicado. Haverá uma redução de 2% do IPI se a queda chegar a 18,8%, algo ainda mais difícil em motores que não são parametrizados para um único combustível.


Outro complicador é que como há centros avançados de desenvolvimento de tecnologia em outros países, será difícil alguma empresa consolidar a pesquisa exclusiva no Brasil apenas por causa de reduções de IPI.

O presidente global da divisão interior da Continental AG, Helmut Matschi, não acredita em um polo brasileiro. “Já temos outros lugares produzindo pesquisa. Por que não usar o que foi desenvolvido por esses centros aqui?”. A Continental investiu mundialmente A 1,7 bilhão em pesquisa apenas em 2011.

Na contramão dessa ideia, o diretor executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Nilton Monteiro, diz que o novo regime automotivo é um marco revolucionário na história do País. Ele acredita que, no fim, as medidas vão dar certo, mas é preciso que o governo fixe o imposto na média da porcentagem europeia, que é de 14%. E que o consumidor mude a mentalidade e considere pagar, digamos, R$ 500 a mais por um produto de alta tecnologia.
“Se funcionou para outros países, por que isso não ocorreria também aqui?”, pondera.


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