Um novo ranking de descarbonização, divulgado pelo Greenpeace, revela como anda a corrida das montadoras pela neutralização de emissões de carbono. O levantamento considera as vendas de carros zero emissões. Ou seja, os veículos 100% elétricos alimentados por baterias (BEVs), que não utilizam motores a combustão interna. E, portanto, não emitem gases nocivos ao meio ambiente.
O estudo considerou as marcas mais tradicionais, excluindo, por exemplo, a Tesla, que lidera o mercado de carros elétricos no mundo. Pois a General Motors aparece em destaque, enquanto as japonesas Honda, Nissan e Toyota ocupam as últimas posições do ranking.
De acordo com o Greenpeace, o estudo considerou diversos quesitos para estabelecer o ranking. Além do progresso na introdução de uma gama de carros elétrico, eliminando, assim, os motores a combustão, também avaliou a descarbonização da cadeia de suprimentos. Ou seja, a redução de matérias-primas como o aço. Da mesma forma, avalia os investimentos em reciclagem de baterias e na eficiência dos recursos. “O tempo para os híbridos, eu acho, acabou”, declarou Daniel Read, ativista de clima e energia do Greenpeace Japão.
GM no topo
O primeiro lugar está a General Motors. A fabricante investiu alto na gama de elétricos. Exemplo disso é a nova plataforma com baterias Ultium, de fabricação própria. No entanto, o Greenpeace afirma que a pontuação da GM ainda está longe de ser a ideal. Isso porque apenas 8% das vendas foram de BEVs. Vale dizer que a montadora fará uma grande ofensiva no Brasil. Após lançar o novo Bolt, vai trazer Equinox EV, Blazer EV e a picape Silverado EV ao País.
Logo depois, vem a Mercedes-Benz na segundo colocação. Assim como outras montadoras, a marca da estrela de três pontas tem como meta vender apenas carros elétricos a partir de 2030. Principalmente na Europa, onde há um rígido protocolo de emissões. Em seguida, aparecem Volkswagen e Ford, que ocupam a terceira e quarta posições.
Em março deste ano, ambas firmaram acordo para construir carros elétricos em conjunto. Assim, a norte-americana fará um novo modelo sobre a plataforma MEB, da alemã. Importante lembrar que a VW começou a construir uma fábrica gigante (“Gigafactory”) de baterias. A produção está prevista para começar em meados de 2025. Dessa forma, a Volkswagen pretende fornecer baterias para cerca de 500 mil carros elétricos.
A Hyundai ocupa o 5º lugar da lista, seguida pela Renault. A francesa anunciou, recentemente, que já conta com mais de 450 mil elétricos no mundo. A fabricante trouxe o Renault Kwid E-Tech ao Brasil, atual carro elétrico mais barato do País. Por fim, temos a Stellantis na 7ª posição. O grupo engloba as marcas Citroën, Fiat, Jeep, RAM e Peugeot Portanto, tem grandes chances de subir no ranking do Greenpeace nos próximos anos.
“Top 10” das montadoras na descarbonização dos carros segundo o Greenpeace
- 1) General Motors – 38.5 (8.18%*)
- 2) Mercedes-Benz -37.0 (3.82%)
- 3) Volkswagen – 33.3 (5.21%)
- 4) Ford – 23.5 (1.40%)
- 5) Hyundai – 22.3 (3.49%)
- 6) Renault – 20.3 (6.69%)
- 7) Stellantis – 19.3 (2.86%)
- 8) Nissan – 13.4 (2.20%)
- 9) Honda – 12.8 (0.35%)
- 10) Toyota – 10.0 (0.18%)
*Vendas de EVs na gama
Japonesas ficam para trás
O que mais surpreende no ranking do Greenpeace é a posição das montadoras japonesas, que sempre lideraram o mercado de carros híbridos. Toyota, Honda e Nissan amargam as três últimas posições do “top 10”. No entanto, a Toyota foi o destaque negativo do estudo. Afinal, menos de 1% das vendas da marca foram de veículos elétricos. Além disso, o Greenpeace observou uma lenta progressão na transição da cadeia de suprimentos.
Em 8° lugar, está a Nissan. Embora tenha lançado o hatch Leaf, primeiro carro 100% elétrico de produção em massa no mundo, a marca parou no tempo. Lá fora, já possui outros modelos a baterias, como o SUV Ariya. Já a Honda ficou na 9° posição. Segundo a ONG de proteção ambiental, o motivo principal é não estabelecer metas concretas para a eletrificação.
Toyota quer se reerguer
Importante lembrar que a Toyota demorou a iniciar o processo de eletrificação, mesmo sendo pioneira com o lançamento do Prius, primeiro carro híbrido global. De acordo com o Greenpeace, a transição da japonesa para veículos de “emissão zero” está muito lenta. No entanto, a marca já estabeleceu metas. Entre elas, por exemplo, o investimento de US$ 5,1 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) no Japão e nos Estados Unidos para produzir baterias. Nos EUA, a Toyota também já lançou o SUV elétrico bZ4X.
Além disso, A Toyota anunciou investimento bilionário para construir uma fábrica exclusiva para a produção de elétricos. Com um aporte de US$ 1,8 bilhão, o equivalente a R$ 9,3 bilhões, a montadora vai construir a unidade em Jakarta, na Indonésia.