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Brasil terá 5,5 milhões de carros elétricos na frota em 2035, aponta estudo
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Brasil terá 5,5 milhões de carros elétricos na frota em 2035, aponta estudo

Levantamento feito a pedido da General Motors afirma que frota de mais de 5 milhões de elétricos vai consumir apenas 3% da energia do Brasil

Jady Peroni, especial para o Jornal do Carro

19 de ago, 2022 · 8 minutos de leitura.

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General Motors Silverado elétricos fábrica
Chevrolet Silverado EV é um dos veículos elétricos que a GM pretende lançar no Brasil nos próximos anos
Crédito:Divulgação/GM

As vendas de carros elétricos no Brasil ainda são minúsculas quando comparadas aos emplacamentos desses veículos em países como China, Estados Unidos e Japão. Entretanto, a rapidez como esse mercado cresce por aqui já impressiona e chama a atenção da indústria. Pois uma nova pesquisa aponta que, em 2035, o País terá em torno de 5,5 milhões de carros elétricos em circulação. O levantamento foi feito pela consultoria Kearney, a pedido da General Motors.

Mesmo que a passos lentos, o segmento de carros totalmente elétricos é o que mais cresce nas vendas globais. Para se ter uma ideia, em 2021, esses modelos representaram 7% das vendas de veículos de passeio e comerciais leves. Segundo o estudo, esse número foi alcançado por conta das novas políticas públicas de redução de emissões de carbono, bem como o aumento nos preços dos combustíveis. Além disso, algo que ainda não vemos por aqui, mas já é realidade lá fora, é que o aumento da oferta desses veículos faz com que eles fiquem mais acessíveis.

carregador
ABB/Divulgação

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Um exemplo dessa ascensão é que, recentemente, o Brasil superou a marca dos 100 mil veículos eletrificados no mês de julho. No entanto, de acordo com os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o destaque foi para os modelos 100% a bateria. Nos primeiros seis meses do ano, eles venderam cerca de 3.395 unidades. Ou seja, 19% acima do total de BEVs vendidos no ano passado.



Corremos o risco de sobrecarga de energia?

Em complemento, a pesquisa também mostrou que essa frota de mais de 5 milhões de carros elétricos seria responsável apenas por 3% do consumo de energia do Brasil. Números, inclusive, semelhantes aos de outros países da América do Sul, como é o caso do Chile e da Colômbia.

De acordo com a gerente de desenvolvimento e infraestrutura de veículos elétricos da GM na América do Sul, Glaucia Roveri, aproximadamente quatro em cada cinco usuários desses modelos carregam os carros à noite, em casa. Neste período, o consumo geral da rede é menor. Afinal, é quando a maioria das pessoas repousam, fábricas param e o comércio fecha. Dessa forma, o risco de uma sobrecarga é menor.


Elétricos e híbridos ranking
Volkswagen/Divulgação

“O próximo passo na evolução será que este tipo de automóvel poderá fornecer energia para alimentar residências e a própria rede elétrica em horários de pico, por exemplo, reduzindo ainda mais o risco de sobrecarga no sistema mesmo com uma frota mais numerosa de EVs em circulação pelo Brasil”, acrescentou Roveri.

Elétricos tem consumo de eletrodomésticos

Outra questão que surge com o aumento na venda de carros movidos a baterias é sobre quanto custa carregar um modelo desse segmento. Nesse caso, o valor do kWh dependerá da bandeira vigente, que tem preços diferentes em cada estado. Para ilustrar, a pesquisa realizou um comparativo com a energia consumida por equipamentos domésticos.


GM Chevrolet Bolt EUV
Chevrolet/Divulgação

No Chevrolet Bolt EV, que já está no Brasil, a bateria tem capacidade de 66 kWh que, segundo o ciclo WLTP, consegue rodar uma média de 459 quilômetros com carga completa. Assim, para “abastecer” o hatch elétrico, gasta-se a mesma energia que uma geladeira intermediária das mais eficientes consome por mês. Além disso, o estudo também ilustrou que para rodar 1.200 km mensais, 40 km por dia, o motorista vai gastar cerca de 170 kWh para carregar a bateria. Ou seja, a mesma quantidade para deixar um computador ligado durante o mês.

Outro ponto importante é a comparação entre o Bolt elétrico com um automóvel de porte e conteúdos semelhantes, que possui um motor flex. Com o preço médio atual da energia, da gasolina e do etanol, o estudo afirma que o custo por quilômetro rodado do carro elétrico chega a ser quatro vezes menor que o a combustão num trajeto misto (urbano e rodoviário).


Quanto custa a energia elétrica?

A cobrança pela recarga de carros elétricos é algo novo no Brasil, já que a maioria dos pontos disponíveis ainda permite o carregamento sem custos. Como não há legislação estabelecida para a cobrança, os valores variam. Por exemplo, o custo em carregadores de parede residenciais (Wallbox), com potências de 7,4 kW, é bem menor que o recém-lançado eletroposto da Shell. Uma carga neste equipamento é tarifada pelas companhias de energia elétrica, como a Enel X.

carros elétricos eletroposto
Shell/Divulgação

Mas, tal como o Jornal do Carro publicou em abril, o valor médio do kWh fica em R$ 0,66. Portanto, encher o pacote de baterias de 26,8 kWh do Renault Kwid E-Tech, por exemplo, têm um custo inferior a R$ 18 por carga. O hatch elétrico tem autonomia para até 298 km. Dessa forma, tem um gasto mensal com combustível quase dez vezes menor que o de um VW T-Cross turbo flex.


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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.