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Fiat 500 elétrico tem bateria danificada que custa quase o preço do carro
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Fiat 500 elétrico tem bateria danificada que custa quase o preço do carro

Vídeo que viralizou na internet mostra o pacote de bateria danificado de um Fiat 500e após impacto; hatch elétrico de R$ 256 mil teve perda total

Vagner Aquino, Especial para o Jornal do Carro

25 de out, 2022 · 7 minutos de leitura.

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elétrico
Fiat 500e tem um pacote de bateria de 42 kWh capaz de fornecer autonomia de 320 km ao hatch
Crédito:KRPIX/ESTADÃO

As vendas de carros elétricos decolaram no Brasil desde 2020. Mas muitos brasileiros ainda têm ressalvas em relação aos preços (exorbitantes) e à falta de uma rede de recarga fora dos grandes centros. Afinal, nem todos conseguem recarregar o carro em casa. Pois na última semana surgiu outra questão. O que fazer caso ocorra a danificação da bateria?

Um vídeo que viralizou nas redes sociais (veja abaixo) mostra um Fiat 500e com a bateria inutilizada após sofrer um impacto no assoalho. Nele, o autor é sucinto e diz que o hatch elétrico “bateu na parte inferior e danificou o pack de baterias”. Ele conclui afirmando que, por causa de “duas raspadinhas”, o pacote foi danificado e terá de ser descartado. O problema é que o valor do componente: R$ 240 mil. Ou seja, quase o preço do carro, que tem tabela de R$ 255.990.

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O vídeo, que descreve o Fiat 500e no título como “descartável”, não sinaliza, contudo, o que ocasionou as avarias. Não se sabe se foram valetas, buracos no asfalto ou mesmo algum objeto que, porventura, tenha atingido a parte de baixo do veículo. Não se sabe também se o narrador é o dono do carro ou o reparador da oficina.

Fiat esclarece

Para entender a situação, o Jornal do Carro entrou em contato com a Stellantis (responsável pela Fiat). Entretanto, a marca defende que nem tudo é o que parece.


“A Stellantis esclarece que, após análises técnicas, identificou-se uma avaria profunda na parte inferior do veículo decorrente de sinistro. E não apenas no acabamento, como as imagens sugerem. Isso ocasionou a quebra da tubulação de arrefecimento e consequente vazamento interno do fluido para dentro da bateria, levando à inutilização da mesma”, diz a nota.

A marca levanta suspeitas sobre a veracidade do valor da bateria do 500e, divulgado no vídeo. “Importante ressaltar que o valor do kit da bateria está alinhado com o que se encontra no mercado de veículos eletrificados, o que o áudio do vídeo não esclarece e nem é correto”. Contudo, a marca não falou em valores. A Stellantis, por fim, reforça que “todos os seus veículos passam pelos mais severos testes de qualidade e atendem todas as normas de homologação”.



elétricos bateria
KRPIX/ESTADÃO

Baterias têm cobertura nas apólices de seguros?

O Jornal do Carro procurou algumas seguradoras para entender se há diferenças na cobertura de carros elétricos em relação às baterias. E a resposta é “não”.

De acordo com Jaime Soares, diretor-executivo de Auto da Porto Seguro, “em caso de avaria causada por acidente, há cobertura para a bateria normalmente, basta o segurado efetuar o pagamento da franquia prevista na apólice de seguro”. “Contudo, como o valor deste equipamento ainda é muito elevado, caso o montante do conserto do veículo seja igual ou superior a 75% do preço do veículo determinado na apólice, será caracterizada a indenização integral do bem”, explica.

Ainda de acordo com o executivo da Porto Seguro, não há cobertura para situações em que a troca da bateria ocorra por desgaste causado pelo uso. Quando o equipamento fica “viciado”, e não segura mais a carga, por exemplo. Ou seja, a cobertura vale “em casos de acidentes previstos na contratação do seguro”, explica Soares.


Procurada pelo Jornal do Carro, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.

bateria
KRPIX/ESTADÃO

Carros elétricos são complexos?

Os carros elétricos aparentemente ainda têm um longo caminho a percorrer no Brasil. Os veículos movidos a baterias (BEVs) têm custo menor por km rodado, manutenção mais simples e barata, são mais econômicos e eficientes, mas exigem uma infraestrutura de rede de recarga que o Brasil não dispõe. Da mesma forma, exigem mudanças de hábito. Por exemplo, parar para recarregar por mais de 30 minutos (isso quando há postos de recarga rápida).


Vendas em 2022

De acordo com levantamento da startup de mobilidade Elev, para recarregar a crescente frota circulante de veículos elétricos, o Brasil conta com apenas 1.300 eletropostos. Destes, 445 ficam na cidade de São Paulo – ou seja, cerca de 1/3 do total.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil emplacou 3.395 veículos elétricos. Assim, soma 19% a mais que todos os exemplares emplacados no ano passado, com 2.851 unidades. Mas mesmo com um novo recorde, o número ainda é baixo na comparação com o mercado de veículos. No primeiro semestre deste ano, foram entregues 1.651.269 carros no País, incluindo modelos a combustão com motores flex, a gasolina e a diesel.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”