A era da eletrificação começou para a Fiat do Brasil. Nesta terça-feira (3), a marca italiana lança no País o 500e, seu primeiro carro 100% elétrico. Tal como antecipamos no Jornal do Carro há alguns meses, o hatch desembarca somente na versão topo de linha Icon, que traz todos os equipamentos disponíveis no modelo ao preço de R$ 239.990.
Na apresentação do “Cinquecento” elétrico, a Fiat falou várias vezes em revolução. E citou alguns números interessantes. Segundo a montadora, o Novo 500e tem autonomia declarada para rodar 320 km, porém, o hatch pode chegar até 460 km, a depender a forma de condução e uso. E mais: o custo por carga completa da bateria fica em torno de R$ 35.
Esse valor, evidentemente, varia de acordo com a localidade e a tarifa cobrada na energia. Porém, é o custo médio no País. Com base nele, a marca afirma que o consumo no hatch é equivalente a impressionantes 62 km/l. Ao mesmo tempo, a Fiat destacou a facilidade da recarga, que contará com uma malha de carregadores nos grandes centros do País.
Junto com o lançamento do modelo, a marca estabeleceu parceria com a rede Estapar para oferecer 250 pontos de recarga em 23 cidades de 10 estados brasileiros. Até mesmo as concessionárias da Fiat terão estações para carregamento. De início, serão 10 revendas em 9 cidades habilitadas a vender e realizar serviços no 500e, sendo duas delas em São Paulo.
Os rivais diretos
Ao longo da última década, a Fiat vendeu mais de 40 mil unidades do Cinquecento no Brasil. Na época, o hatch era feito no México e, por causa do livre-comércio entre os países, era isento de taxa de importação de 35%, o que lhe garantiu preços competitivos. Agora, a realidade é outra, e o novo 500e vai disputar vendas com novos rivais, como o Renault Zoe.
Nesse sentido, o maior adversário do Fiat 500e promete ser o recém-lançado Mini Cooper S E, que começa a ser entregue também neste mês – e já foi testado pelo Jornal do Carro. Os dois modelos apostam na estética retrô, inspirada nos modelos originais de décadas passadas. No caso do Cinquecento, a inspiração é na primeira geração, de 1957.
Nova arquitetura
Embora pareça ser uma releitura da última geração, esse 500 elétrico traz nova plataforma, chamada Mini BEV. Segundo executivos da Fiat, o carro foi completamente refeito, e recebeu novas suspensões dianteira e traseira, bem como o novo conjunto mecânico. A carroceria, por sua vez, cresceu e ganhou 30 cm³ de volume, entregando mais conforto a bordo.
Da mesma forma, a nova arquitetura ampliou a distância entre-eixos em 22 milímetros, para acomodar o pacote de baterias. Por falar nelas, o hatch conta com baterias de íon de lítio de 42 kWh que permitem carregamento em tomadas comuns de 110V e 220V, em carregadores de parede (Wallbox) e em estações de carga ultrarrápida de 85 kW em corrente contínua.
O plugue de carregamento é do tipo europeu, que é o mais encontrado no Brasil. Assim, a Fiat acredita que os futuros clientes do 500e não deverão ter dificuldades para carregar o hatch virá, que virá de série com o carregador para tomadas. E a marca vai oferecer opcionalmente o Wallbox, com potências de 11 kW (recarga em 4 horas) e 7,4 kW (recarga em 6 horas).
Como é a mecânica
Na versão Icon, o Fiat 500e vem equipado com um motor elétrico de 87 kW, potência equivalente a 118 cv. Já o torque máximo chega a 220 Nm ou cerca de 22,4 mkgf. Segundo a marca italiana, com este motor o hatch acelera de zero a 100 km/h em 9 segundos, e retoma de 60 km/h a 100 km/h em rápidos 4,8 segundos. Já a velocidade não ultrapassa os 150 km/h.
Ao volante, o hatch elétrico da Fiat oferece três modos de condução, sendo dois deles voltados à economia de bateria. Há, portanto, os modos Normal, Range e Sherpa, este último com aceleração mais suave e maior recuperação de energia. Entretanto, é no modo Range que o 500e oferece a “condução por um pedal”, que praticamente dispensa o uso do freio.
Com esse ajuste, o hatch começa a desacelerar assim que o condutor solta o pedal do acelerador. Dessa forma, a recuperação de energia aproveita os congestionamentos para reabastecer as baterias. É com uso desses recursos que a montadora afirma que a autonomia pode chegar aos 460 km de alcance com apenas uma carga. Mas isso na melhor das hipóteses.
O estilo retrô
Como era de se esperar, o Fiat 500e mantém, portanto, a inspiração no icônico hatch dos anos 1950. Mas também tem seus toques futuristas e sua dose de personalidade. Visualmente, é a primeira vez, por exemplo, que o número 500 substituí o logotipo da Fiat na grade frontal. Além disso, as maçanetas agora são integradas à carroceria.
Outro detalhe interessante no modelo são as rodas de liga leve raiadas de 16 polegadas. Até a chave presencial tem design diferente, que, segunda a Fiat, lembra uma pedra preciosa e traz até um pingente. Para dar um ar moderno, faróis e lanternas têm iluminação Full LEDs. São quatro cores disponíveis: Bianco Ghiaccio e Nero Onice, além das pinturas especiais Grigio Minerale (cinza fosco) e Verde Oceano (um verde diferente).
Por dentro, o hatch elétrico é sofisticado e traz as tecnologias do momento, como o painel de instrumentos em display coloridos e configurável de 7 polegadas. O volante tem superfície macia ao toque e dois raios, tal como no 500 original. Outro detalhe interessante é a ausência de maçanetas nas portas, que são acionadas por um botão (sistema e-Latch).
Cabine tecnológica
Também há uma grande variedade de porta-objetos, bem como carregador por indução (sem fio) para smarthphones e até um porta-guarda-chuvas. A central multimídia tem tela de 10 polegadas com espelhamento sem fio para os sistemas Android Auto e Apple CarPlay, além de uma série de recursos, como o controle de climatização da cabine.
Por fim, o novo Fiat 500e tem sua dose de inspiração nos modelos da Jeep, e traz “easter eggs”, que são detalhes de design que remetem ao modelo original de seis décadas atrás. Entre outros equipamentos de destaque, estão o teto solar, assim como o sistema Fiat Connect Me, que incluí internet a bordo com Wi-Fi para até oito conexões simultâneas.
Virada de chave
Para a Fiat, o lançamento do 500e é uma questão estratégica. A marca italiana entende que é preciso pavimentar o caminho da eletrificação agora, para, lá em 2030, ter êxito na disputa dos carros elétricos. Segundo Antonio Filosa, presidente da Stellantis na América do Sul, estudos apontam que esse nicho vai superar 400 mil unidades no Brasil em 2030.
Ou seja, daqui a pouco mais de oito anos, os veículos elétricos terão cerca de 11% das vendas totais no País. Esse é quase o mesmo período de tempo da garantia que a marca anuncia, então, para o pacote de baterias, que tem cobertura de 8 anos ou 160 mil km. Já a garantia do veículo é de 3 anos, assim como no restante da gama da marca italiana no Brasil.
Por R$ 239.990, o Cinquecento elétrico chega para ser o carro mais caro da Fiat no Brasil. Por isso, traz todas as tecnologias mais avançadas, como controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com reconhecimento de placas, e o lane centering (assistente de permanência em faixa). O hatch elétrico também vem com a plataforma de conectividade Fiat Connect Me, que permite dar comandos remotos por meio do aplicativo no celular.
Além disso, na multimídia do carro, há localizador de estações de carregamento, mapas inteligentes que calculam se a carga é suficiente para chegar ao destino, e até um treinador virtual (EcoCoach).
E o mais importante, a recarga. Segundo a marca italiana, bastam 35 minutos plugado em uma estação de carregamento ultrarrápido para encher até 80% das baterias. Já em uma Ecovaga da rede Estapar, a Fiat diz que o modelo recupera cerca de 50 km em uma hora na tomada. Certamente é algo interessante para quem vive nas grandes metrópoles.