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Governo quer gasolina com 30% de etanol; veja o impacto no seu carro
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Governo quer gasolina com 30% de etanol; veja o impacto no seu carro

Medida prevê aumentar a quantidade de etanol na gasolina, que atualmente é de 27%, para reduzir as emissões, mas carros vão consumir mais e podem sofrer panes

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

03 de mai, 2023 · 8 minutos de leitura.

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Reforma tributária
83% da frota de veículos leves no Brasil é composta por veículos flex fuel, que não sofrerá qualquer impacto com a medida
Crédito:Volkswagen/Divulgação

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou que uma proposta visa aumentar a quantidade de etanol misturado à gasolina, de 27% para 30%. Segundo ele, um grupo de trabalho vai tratar do tema. A proposta será discutida na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Porém, ainda não há data para isso ocorrer. Silveira falou sobre a mudança durante a 6ª edição da Abertura da Safra Mineira de Cana-de-Açúcar, em Minas Gerais, na sexta-feira (28/5).

abastecimento flex
Reprodução/Internet

A princípio, a medida pode impactar todos os carros que circulam no Brasil. Por exemplo, quem abastece apenas com gasolina comum vai ter gastar mais. Afinal, a maior quantidade de álcool vai afetar o consumo e, ao mesmo tempo, diminuir a autonomia.

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Vai prejudicar os carros?

Mas esse é apenas um dos pontos. De acordo com Clayton Barcelos Zabeu, professor doutor de engenharia mecânica do Instituto Mauá de Tenologia (IMT), há outras desvantagens para o consumidor. Antes de listar os pontos negativos, porém, cabe salientar que carros flex (83% da frota nacional) não sofrerão nenhum dano. Afinal, são feitos para usar gasolina ou etanol. Assim como a mistura dos dois produtos em qualquer proporção.

Entretanto, há duas outras categorias que podem sofrer impacto direto. A começar pelos carros mais antigos, que já não são nenhum primor em termos de eficiência energética. “Neles, o carburador pode dosar (a mistura ar/combustível) de forma inadequada. Afinal, a adição de etanol à gasolina era bem menor na época em que foram projetados”, diz Zabeu. Além disso, a mudança pode causar falhas no motor. Porém, isso depende do tipo de carro. Ou seja, de fatores como, por exemplo, o estado de peças, como o próprio carburador, velas de ignição, etc.

De acordo com Zabeu, nos carros com injeção eletrônica – um pouco mais novos, mas movidos apenas com gasolina – o impacto vai ser mais brando. Ele explica que esses sistemas permitem que o motor seja regulado automaticamente à demanda. Pro exemplo, “se o combustível tiver mais álcool, o sensor de oxigênio vai monitorar essa mistura. Mas, há limite. Tudo depende do projeto de cada montadora, pois cada uma tem a sua variação nominal”, aponta.




Conforme o engenheiro Everton Lopes, mentor de energia a combustão da SAE Brasil, o grande impacto pode acontecer nos veículos importados “que são puramente a gasolina e validados para uma mistura que levava 22% de etanol”, explica. “Mas o Brasil tem o combustível premium. Ou seja, a gasolina de maior octanagem, que por lei, têm 25% de etanol. É uma possível solução”, salienta.

Engenharia pode suprir a questão

Em síntese, Lopes enfatiza que a engenharia pode suprir essa questão sem nenhum problema. “Nossos veículos já têm materiais metálicos, acabamentos e componentes que suportam a eventual oxidação que o etanol pode trazer, diferentemente da gasolina. A tecnologia existe. É uma questão de ir adaptando a frota. Afinal, o aumento do teor do etanol na gasolina é uma tendência, um caminho sem volta para trazer a descarbonização rápida para a nossa matriz energética. É uma decisão acertada. Nós precisamos, sim, migrar para a utilização cada vez maior de um combustível renovável”, aponta.

gasolina
Gabriela Biló/Estadão

Um ponto importante a ressaltar é a possível redução de preços do combustível. “Se (o aumento da mistura de etanol na gasolina) não vier acompanhado de redução de valor, é injusto”, defende Zabeu. Afinal, não dá para pagar o mesmo valor por um combustível que leva menos gasolina, que é mais cara do que o etanol.

Os benefícios

Se por um lado a medida prejudicaria tanto o bolso do consumidor quanto o funcionamento do carro, também há benefícios. De acordo com Silveira, o teor mais alto de etanol contribuiria para a redução da importação de gasolina. Sem contar o aumento da segurança energética por meio da “redução das emissões de gases do efeito estufa”.

Além disso, a mudança não vai ser feita de uma hora para outra. “Isso deverá acontecer de maneira gradual, com previsibilidade e transparência. Vamos fazer essa avaliação junto com a indústria automotiva e o setor produtivo de etanol para dar segurança aos consumidores”, diz Silveira.


Caso o projeto vá para frente, cerca de 2,8 milhões de toneladas de CO2 vão deixar de ser lançadas na atmosfera anualmente. Em paralelo, o consumo do etanol iria para 1,3 bilhão de litros. Hoje, apenas 30% dos carros em circulação no País usam etanol. “O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como prioridade fomentar a indústria sucroenergética. Isso gera mais sustentabilidade para o setor de combustíveis e melhora nossa matriz energética”, afirma Silveira.

Houve aumento em 2015

Cabe ressaltar que a última elevação do percentual de etanol na gasolina ocorreu em 2015. Entretanto, na época a resolução do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool manteve inalterado o teor de 25% de etanol anidro no caso da gasolina premium.

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.