Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

04/02/2021 - 8 minutos de leitura.

Indústria automobilística começa 2021 mal e pede fim do “custo Brasil”

Balanço de janeiro da indústria de carros aponta recuo de quase 30% nos licenciamentos e de 35% nas exportações; produção cai 4,6%

Representante da indústria de carros, a Anfavea vai apresentar um estudo ao governo para mostrar a necessidade de se fazer uma reforma tributária no país Crédito: Marcio Fernandes/Estadão

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Após ter um péssimo 2020 por causa da pandemia do coronavírus, a indústria automobilística esperava um bom início de ano no Brasil. No entanto, o balanço de janeiro volta a soar o alerta vermelho no setor. Logo no primeiro mês de 2021 houve queda de quase 30% nos licenciamentos, além de um recuo de 35% nas exportações em relação a dezembro.

Segundo a Anfavea, a representante das montadoras de veículos, é normal que janeiro tenha números menores que dezembro, que costuma ser um mês forte em vendas. A queda na comparação com janeiro de 2020, por exemplo, foi de 11,5%. Entretanto, a associação considera o resultado preocupante. E começa 2021 sem fazer as tradicionais projeções.

“Temos questões indefinidas da pandemia, tais como a falta do abono emergencial, o déficit fiscal, possíveis aumentos da taxa de juros, problemas com fornecimento de matérias-primas. Ainda não dá para tirar conclusões. Historicamente, janeiro fica abaixo de dezembro. Vamos acompanhar os próximos meses para entender o ano. Continuamos com neblina”, resume Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

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Anfavea/Divulgação

“Custo Brasil” é maior entrave

A Anfavea dedicou a maior parte da coletiva falar, não dos números da indústria, mas do sistema tributário brasileiro — que resulta no chamado “custo Brasil”. A apresentação trouxe dezenas de números e comparou o percentual de tributos pagos nos carros aqui e em vários outros países.

O levantamento da Anfavea aponta que a carga tributária sobre o automóvel no Brasil chega a 44% do valor do veículo em modelos com motor acima de 2.0 litros, que pagam IPI maior. Contudo, tem um detalhe: este percentual não inclui outros impostos, como o IPVA e o IOF cobrado no financiamento. Ou seja, essa carga de tributos é ainda maior.


“Está prejudicando as montadoras? Não. Está prejudicando também o fornecedor, o concessionário e toda a cadeia. E quem está pagando por isso é o consumidor. Enquanto cidadãos, pagamos uma carga tributária absurda para comprar um carro. Então, por favor, não duvidem dela. A carga tributária no Brasil é insuportável, ninguém aguenta mais. Nós queremos um sistema tributário mais equilibrado, simplificado e transparente para toda a sociedade”, desabafa Luiz Carlos Moraes.

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Anfavea propõe seguir a Europa

Segundo o presidente da Anfavea, se o Brasil estabelecer um sistema tributário equivalente ao praticado nos países da Europa, com 22% de tributos sobre os veículos, então já será razoável. Em nome da indústria, Moraes pediu também a simplificação dos tributos. “Se quisermos ter o país crescendo, precisamos de um sistema tributário mais simples. Temos estudos sobre isso”, pontuou.


Um dos slides da apresentação mostra que o custo das empresas com os departamentos financeiros no Brasil supera a despesa com áreas de pesquisa e desenvolvimento. Por causa do avanço dos carros elétricos e das leis de emissões, e de tecnologias como a condução autônoma, os centros de P&D são, portanto, os que mais recebem investimentos atualmente.

“Eu tenho certeza de que, com uma carga tributária aceitável, o volume de vendas será bem maior. Muito mais brasileiros poderão comprar um carro ou investir em veículos pesados. E certamente o valor arrecadado pelo Estado será maior. O Brasil tem a maior carga tributária, e não é só. Tem ICMS diferente para cada estado, 11,6% de PIS/COFINS, um absurdo! Sem falar no IPVA e no IOF”, enumera Luiz Carlos Moraes.

Volkswagen/Divulgação

Empregos temporários em alta

No início de janeiro, a Ford encerrou a produção de veículos no Brasil. Dessa maneira, a indústria no país fechará cerca de 5 mil empregos diretos, a maioria na fábrica de Camaçari, na Bahia, onde eram produzidos a linha Ka e o SUV EcoSport. Entretanto, estas demissões ainda não constam no balanço da Anfavea, já que os sindicatos negociam a rescisão com a Ford.

Por ora, o ano registra alta de 2,1% nos contratos em relação a dezembro de 2020. Contudo, Luiz Carlos Moraes explica que grande parte das vagas abertas são temporárias. Por isso, não há como prever o ano de 2021 e as consequências do fechamento das fábricas da Ford.

“O impacto é enorme quando vem o investimento, e também quando se perde uma grande fábrica. Sabemos que as autoridades estão se movimentando, governadores, prefeitos, sindicatos. Esperamos que isso ajude a resolver a situação da Ford”, espera Moraes.


Para o presidente da Anfavea, o Brasil não pode sair do mapa da indústria de carros. O levantamento da representante das montadoras mostra que, de todos os setores da economia, o automobilístico é o que gera mais empregos, principalmente com pesquisa e desenvolvimento.

“É o setor que puxa a pesquisa, o que mais gera empregos de qualidade, com treinamento. Para cada vaga perdida na indústria automobilística, outros oito postos de trabalho são fechados. O Brasil não pode perder a indústria de transformação”, conclui Luiz Carlos Moraes, da Anfavea.


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